Palavras e imagens. Impressões e olhares sobre o mundo e as relações. Um pouco de cada coisa: educação, universidade, cultura, arte, política, gente...até poesia e outras formas de escrita.
10 de novembro de 2008
POR QUE MATAM CRIANÇAS?
Dentre os muitos absurdos do mundo terreno, para muitos inexplicáveis, creio que o assassinato de crianças deveria estar no topo da lista.
Como imaginar que alguém, em sã consciência, pode fazer qualquer mal a uma pequena e indefesa vítima? Isto se irmos além do imaginário popular, uma espécie de envoltório que protege as crianças em torno da idéia de pureza, inocência, proteção divina e outras tantas.
Chego a pensar que pode haver, de fato, algum componente moral nessa história toda, algo ligado às grandes mudanças do mundo moderno, uma espécie de (in)consciência de indica pro sujeito que 'tudo pode', tudo lhe é permitido.
A noção de propriedade, posse, poder sobre as coisas e sobre as pessoas, a noção de que 'se o outro pode eu também posso', ou, por que não tomar de outrem o que quero? Quer dizer, se alguém tem tudo, por que eu também não posso? Este seria um dos princípios que fundamentam o roubo? A perda de referenciais éticos, de códigos que se apresentem aos sujeitos como verdades, para além dos "dez mandamentos"...?
Onde tem falhado a humanidade em seu projeto civilizatório, especialmente em nosso país - que é de onde falo - que não assegura a todos um mínimo de garantias que envolvam a vida em primeiro lugar, depois a segurança alimentar, a moradia, o trabalho, a educação, a saúde, a diginidade, a alegria...
Ouço perguntas e afirmações como: onde vamos parar? qual o limite? chega de violência! cansei disto ou daquilo! Pode parecer hipocrisia e também exercício de tautologia. Todas as questões nos levam ao mesmo lugar: onde estamos errando em nosso projeto civilizatório?
Explodem por todos os lados no país denúncias de maus tratos, de violência sexual, violência física, psicológica, simbólica, real... contra crianças e continuamos indignados, massacrados pelos programas sensacionalistas das TVs, pelo repisado insistente de alguns jornalistas e sempre me ocorre uma dúvida. Será que o problema é novo ou é nova a forma de divulgar? É novo o acesso à informação e a forma como ela tem sido 'trabalhada'?
Vivemos numa sociedade construída sobre valores profundamente ligados ao individualismo, ao 'tudo posso' se eu assim o desejar, o 'mundo deve estar aos seus pés', tudo que você quer pode ser seu, exija (veja-se a tal lei da atração que vem fazendo sucesso que é um horror). Sobre quais bases de valores morais, estéticos, filosóficos, culturais estamos edificando esta sociedade que é nossa?
O que você ensina aos seus filhos, irmãos, pais, alunos, parentes, pessoas em geral? O que você ensina como exemplo? Listo alguns quesitos: solidariedade? fraternidade? amor incondicional? justiça? igualdade? perdão? lealdade? sinceridade? delicadeza? gentileza? respeito?
Não há limites para os que desenvolveram e trazem dentro de si o germe da maldade, da injustiça da ganância, do lucro fácil, da vantagem fácil, da opressão e submissão dos outros aos seus interesses. Vão continuar abusando de nossas crianças, machucando, matando, assaltando... e vão fazer tudo isso conosco também. Tudo é uma questão de sorte, ou azar. É aquela história de você não estar "na hora errada no lugar errado"! Que vida!
Eis o nosso desafio de cada dia e de todos os dias. Mãos à obra!
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