23 de novembro de 2015

SAUDAÇÃO AO NOVO CIDADÃO CAMPINENSE - Divanira Arcoverde

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIBA

DISCURSO DE SAUDAÇÃO AO REITOR ANTÔNIO RANGEL JÚNIOR

 

Exmo. Sr. Antônio Alves Pimentel Filho - Presidente da Câmara Municipal

Demais Vereadores presentes

Autoridades Civis e Militares

Comunidade Acadêmica da UEBP

Senhores e Senhoras

Querido Amigo, Poeta/Reitor Rangel Júnior

 

Quis a Providência Divina que eu estivesse, neste momento, em nome dos amigos (as) do Poeta/Reitor Antônio Guedes Rangel Júnior, saudando-o pela honraria que a Câmara Municipal de Campina Grande lhe concede, com o Título de Cidadão Campinense.

Aqui estão, Rangel Júnior, irmanados num só sentimento, os seus familiares, os seus amigos (as), os seus irmãos da grande família UEPB, além dos inúmeros admiradores que você conquistou em sua trajetória de vida. Essa caminhada teve início na Microrregião do Seridó paraibano, na cidade de Juazeirinho, cujo marco inicial foi a Fazenda Joazeiro, do Clã Oliveira Ledo, que servia de pouso para os tropeiros e abrigava os viajantes em suas idas e vindas do Sertão a Campina Grande.

Aquele menino nascera, justamente, na data de hoje, 16 de novembro de 1962, trazido pelas mãos abençoadas da Parteira Maria Hilda, prática comum da época, na Rua Marechal Deodoro, nº 102. Nascia assim, alguém que ao que nos parece, seria ungido pelas bênçãos de anjos, em cujas asas, o abrigavam e prediziam seu invulgar e invejável talento: “Farás da poesia e da música tua paixão de todas as horas, ração diária de sobrevivência estética”. Filho de Antônio Guedes Rangel e Maria Eneide Freire Rangel, que traziam na alma a simplicidade dos grandes e em suas veias o sangue musical e poéticodos favorecidos com esses dons, que inundaram a infância de Júnior de sinfonias inesquecíveis. Eram raios de sol puro, feitos rastros de luz, em comunhão dos infinitos que douraram a sua meninice, em sincronia múltipla, colorindo todos os seus sonhos. Foi nesse ambiente lírico que cresceu Rangel Júnior. Ao seu lado, desfrutaram desse aconchego seus irmãos (…) e sua única irmã, Ana Maria Rangel. Seus irmãos o presentearam com os sobrinhos Catarina, Júlio César, Jéssica, Ênio Mateus, João Pedro, Iuri (em memória), Ingrid Eneide, Isabela, Carolina Tercília, Fernando Filho e João Yan. Com seus irmãos, aquele menino somou alegrias, multiplicou esperanças, dividiu tristezas e subtraiu dissabores! Ficou órfão de pai, logo cedo, quando, nas palavras do Cronicário de Robério Maracajá, “um violão acompanhou a noite, ritmando estrelas e a voz do seresteiro povoou de versos o seu silêncio”. A noite, então, se fizera poema de horas tranquilas e um silêncio nostálgico envolvia aquela família de canções de lamento e soluços por um violão que não tocaria mais suas mágoas, que não soltaria mais a voz de suas cordas não plangeria mais nenhuma sinfonia. “A seresta mudou-se para a alma que solfeja pelos que não podem cantar”. Mas, o canto agora é outro: 

“Naquela mesa está faltando ele e a saudade dele está doendo em mim”...

Aquele menino, a partir daí, mediu a sua própria dimensão, ancorou suas dores, escolheu os caminhos por onde andar, fez do chão espaço de travessia e o mundo lhe concedeu palmas que iluminaram a sua alma no mesmo feitio que lhe apertara o coração. E o menino se agiganta, movido pelo desejo de ajudar a Dona Neide, prevendo que eram novos todos os amanheceres. 

Por isto, fez da Escola ponto de partida e ponto de chegada para uma travessia de uma “Cidadezinha qualquer”, onde “devagar as janelas olham! Eta, vida besta meu Deus!”, já dizia Drummond. Era uma rotina, cuja mesmice precisava ser contrariada! Era preciso estudar mais! Afincou-se aos estudos, onde na Escola Pública fizera da Alfabetização, até o segundo ano científico, nomenclatura da época. Sua primeira professora foi Maria de Jaime, como se costumava chamar as pessoas no interior. Todos tinham dono! Mas, Maria de Jaime não era de Jaime coisa nenhuma! Era a Maria de seus alunos, era a Maria de todos, com seus dotes vocacionais de ensinar com amor e dedicação. Era a Maria, de Rangel Júnior, que o alfabetizou e que ele, nostalgicamente, canta assim: 

“Que saudades da professorinha, que me ensinou o bê-a-bá”...

E Rangel Júnior decide alçar voos maiores. “Pensa em crescer de tamanho, pensa no tamanho que pode ser, que sendo não desmerecerá o tamborete feito de tronco de mulungu que lhe permitia ver além da janela de sua casa por onde entravam barulhos e aracatis, e saindo um tiquim, via o Picoito que tantos sonhos lamentosos ouvira, em qualquer tom, em qualquer nota”, no dizer de Efigêneo Moura. Sai do Seridó para o Planalto da Borborema.

Sai da terra dos juazeiros para a terra dos Ipês floridos, cujo cromatismo das flores parece debruçar-se sobre a cidade, num amplexo de Paz e Luz. Os ipês, que como sons em cores, entoam canções de amor. Uma sintonia perfeita que ecoa em cada coração, linguagem que nos ensina o deslumbramento de cada amanhecer! Ipês que abrem os braços para os filhos que Campina Grandeadota. E os ares amenos da serra lhe fazem bem! Mas, aquele menino não se desprende de suas raízes! Como Fernando Pessoa, “seu olhar é nítido como o girassol./ Tem o costume de andar pelas estradas / Olhando para a direita e para a esquerda/ De vez em quando, para trás” ou para o alto dos céus, olhando, sem cansar, a beleza singular dos arco-iris que ele tanto gosta, e que parecem  prenunciar-lhe um novo porvir.

Estabelece-se em Campina Grande! “Terra de Tropeiros, burramas e bem-te-vis”, para usar aqui, título de um trabalho seu.  Com 17 anos, traz com ele suas lembranças e a vontade de criar, de produzir e de se firmar profissionalmente, mesmo sabendo que era “apenas um rapaz latino americano, do interior, sem dinheiro no banco/ nem parentes importantes”... 

Aquele menino já se tornara homem! Matricula-se no Colégio Estadual da Prata para concluir o Curso Científico. Presta vestibular na URNE para o Curso de Psicologia. Engaja-se politicamente nos movimentos estudantis. Seu perfil revela-se, desde aquela época, como combativo, mas sereno; aguerrido, porém pacífico em suas atitudes; destemido, contudo temente em suas crenças; humilde, no entanto, valoroso em seusposicionamentos. Aprendera, direitinho, as liçõesque Dona Neide lhe ensinara!.

Estuda e trabalha! Morava com seu irmão José Neto, com quem dividia solidariamente, um quarto, parceria que o firmava emocionalmente. Assume, então, seu primeiro emprego de fato e de direito. (Já trabalhara desde os nove anos em outros ofícios.“Tinha uma pedra no meio do caminho! No meio do caminho tinha uma pedra!”) Opta pelo Magistério e assume o cargo de Professor no Colégio Municipal de Juazeirinho, sua amada terra natalcomo seguindo os passos da gratidão àquela cidade para retribuir o que dela recebera, à sombra de seus juazeiros! Idas e vindas de estafante labuta, que o fortalecia física, mental e espiritualmente! E em solilóquio, para atenuar o cansaço, solfejava baixinho:

“Juazeiro, Juazeiro, onde anda o meu amor? Juazeiro, velho amigo, me arresponda, por favor. Ai, Juazeiro, ela nunca mais voltou. Diz, Juazeiro, onde anda o meu amor”... 

Camila não fazia parte, ainda, dos seus devaneios...

Em Campina Grande, angariou outras experiências, prestando serviços à Fábrica de Colchões Ibrahim Hamad e, também, no Balcão da Economia., em Campina Grande.

 

Finalmente, termina a Graduação! Submete-se ao Concurso Público da Universidade Regional do Nordeste – URNE, hoje, UEPB. Consegue êxito e torna-se Professor Universitário. Participa,efetivamente, da política acadêmica, iniciada no DCE, enquanto estudante. Faz-se Presidente da Associação dos Professores. Assume cargos administrativos na Universidade e comunga com suas lutas. Mas, como sempre, cioso da necessidade de qualificação, realiza Mestrado na Universidade Federal do Ceará-UFC, onde conquista novas amizades com poetas e escritores, em seus fazeres poéticos e musicais. Defende sua Dissertação e volta a Campina Grande. “Na volta, ninguém se perde”, já proferia o sábio José Américo.Sua escalada ascensional vertiginosa na Academia, o faz decidir pelo Doutorado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro-UERJ, defendendo Tese na Área de Educação.

Sua vida pessoal já tomara novos rumos! Casara-se com Camila Lourenço Rangel

“É o amor, que mexe com a minha cabeça e me deixa assim/ Faz eu lembrar de você e esquecer de mim/ Faz eu esquecer que a vida é feita pra viver...

Camila o presenteia com dois filhos, Vinicius Rangel e Guilherme Rangel que formam um trio de ourocom o primogênito Taiguara Rangel, cujo triângulo estrelar é o maior patrimônio desse Pai.

Nesse interstício, sua mãezinha muda-se para o andar de cima, no ano de 2009. Dor que não pode ser aquilatada! Dor atenuada pelos lírios que desabrocham, como a homenageá-la, fazendo vivificar a sua imagem no território coronariano, cuja porta só se abre pelo lado de dentro... Vida que prossegue pelas flores dos cactos que parecemsorrir e dizer a Rangel, parafraseando Drummond:“Vai, Júnior, ser gauche na vida! Você tem duas mãos e o sentimento do mundo”.

Falemos agora, do Rangel poeta/músico/professor! Ele mesmo confessa: “o nome de minha profissãobem que poderia ser Esperança! Não imagino absolutamente nada mais digno para minha vida. Professo a alegria por onde ando. Pratico a esperança onde labuto. Quero a vida plena de possibilidades, nunca escrava das contingências. Meu delírio é ser sempre lembrado por aqueles que comigo interagiram, um dia que seja, na condição de aprendizes, condição da qual nunca abrirei mão. Sou professor! Sou semeador de sonhos! Sou aprendiz da esperança!” Como podemos ver, o poeta, o músico, o psicólogo e o professor se fundem num amálgama, como se fossem únicos e, paradoxalmente, múltiplos!

A música teve enorme influência em sua vida! Várias canções marcaram profundamente o seu existir: O repertório cantado por seu pai, as músicas de predileção da sua mãe e, entre outras, duas cançõesse destacam em sua vida de estudante: uma de Belchior e outra de Milton Nascimento. A primeira, Latino Americano, por motivos óbvios; a segunda, Coração de Estudante, pelo teor político, considerada hino dos jovens de sua geração.

Como poeta, carrega dentro de si a transcendentalidade das ideias transbordantes que brotam de seu estado d’alma. Não poderia ser diferente, tendo em vista que, no dizer de Florbela Espanca, “Ser poeta é ser maior/ do que os homens! Morder como quem beija/ É ser mendigo e dar como quem seja/ Rei do Reino de aquém e de além Dor/ Éter fome e ter sede do Infinito”. Ser poeta, é, também, pela ótica de Fernando Pessoa, “serfingidor/ fingir tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que deveras sente”. E nesse sentir, o poeta Rangel diz em uma de suas mais belas canções:

“A poesia me abriu os braços/ E eu gostando do compasso/ Me abracei com ela/ Eu sonhador, poeta-vagabundo/ Daria tudo por um cheiro de Florbela”.

Rangel Júnior é poeta, compositor, cantor, músico e professor universitário, reitor e, ainda, arranja um tempinho para torcer pelo seu Time de Paixão, o Campinense Futebol Clube! Faz parte da União Brasileira de Compositores e suas canções são interpretadas por Santana, Capilé Produções, Ton Oliveira, Luizinho Calixto, Flávio Baião, Sandra Belê e Jorge Ribas. Orgulho para Juazeirinho e Campina Grande, onde conquista, hoje, por mérito, o Título de Cidadão Campinense.

Finalizando, colhi do blog de Rangel Júnior, como se ele predissesse este instante: “É tão bonito quando a gente sente que nunca está sozinho, por mais que pense estar. É tão bonito quando a gente pensa firme, nestas linhas que estão na palma de nossas mãos. É tão bonito, quando a gente vai à vida nos caminhos onde bate, bem mais forte o coração” 

Saiba, querido amigo, que você nunca estará só. Há pessoas à sua volta que partilham com você as lágrimas e os sorrisos. Que dar-lhe-ão forças, se por acaso, a desesperança chegar. Pelo que você é, pelo que você faz, haverá sempre mãos amigas que o tocarão, se, por ventura, julgar-se, algum dia, dolorido pelas feridas do mundo. “Um galo sozinho não tece a manhã”!

Esteja convicto de que aquele menino-homem conservará a sua identidade e jamais inquietar-se-á com a distância que mora entre o ontem e o hoje.

Receba, pois, Poeta amigo, nossos parabéns, pelo aniversário e pelo Título recebido. Você fez por merecê-lo! Deus o abençoe sempre!

Muito Obrigada!

Campina Grande, 16 de novembro de 2015

Profª Maria Divanira de Lima Arcoverde




27 de junho de 2015

Os sons da cidade aqui dentro

Entre pios de corujas novinhas e suas peripécias, arrastando objetos no teto do quarto; entre roncos de motores nervosos - já na madrugada - e a algazarra dos pardais que embotam outros gorjeios mais sutis; entre o mundo e que fizemos dele há uma busca de sintonia...ou é o próprio sentido do que interpretamos como sintonia.

A cidade e suas sonoridades. Os sons da cidade, mesmo dissonantes e numa gama tão vasta de frequências, chegam a compor uma quase sinfonia.

Daqui, de onde escuto, a Rainha da Borborema se regozija com sua vocação cosmopolita e vai cada vez mais e sempre perdendo sua ambiência provinciana.

Pra quem veio de Juazeirinho, isso aqui é muito mais que metrópole. É um mundo inteiro nesse seu duplo de carrefour e rendez-vous.

É a Campina dos Meus Amores, decantada pelo Poeta Manoel Monteiro, é o encantamento das minhas oiças e agora o vapor que dissipa no ar trazendo às fuças o cheiro maravilhoso do café... "Que o dia já vem raiando/ E a 'puliça' já tá de pé".

Tenham vocês todos um bom dia!

21 de fevereiro de 2015

Era pra ser a comemoração do hexa?

Era pra ser a comemoração do hexa?
Aos amigos e amigas da Raposa do Nordeste, mais uma atualização do blog do torcedor.

http://globoesporte.globo.com/pb/blogs/especial-blog/torcedor-do-campinense/1.html

11 de fevereiro de 2015

Raposa do Nordeste

Fiz minha estreia ontem como blogueiro da Raposa do Nordeste - Campinense Clube - de Campina Grande, Paraíba.
Honrado eu ficarei com sua visita, comentário, compartilhamento...enfim, com sua presença por perto.
O link é este aqui.
http://globoesporte.globo.com/pb/blogs/especial-blog/torcedor-do-campinense/1.html

15 de janeiro de 2015

PRINCÍPIOS

Aquele que se alimenta de esperança, age orientado por sólidos princípios e norteia tal ação no respeito ao outro, não pode esperar nada além do que as circunstâncias e contingências históricas permitirem. Nestes casos, não há milagres a serem esperados.
Avanços e recuos fazem parte das relações sociais. Retrocessos também. Tudo se funda em ciclos espiralados. Nada volta ao mesmo lugar, nunca!
Acredito na política como método de solução de conflitos. A política se funda no diálogo e na busca de convergências e entendimentos.
Fora disto, resta o autoritarismo, a imposição pela força, a guerra.
A humanidade não caminha para a barbárie.
A crença nestes enunciados move a minha ação cotidiana.
Neles me inspiro, por eles me conduzo.