22 de fevereiro de 2010

NOSSA LÍNGUA BRASILEIRA

Nunca é de mais viajar um pouquinho por aí e prestar atenção às placas na beira da estrada. Entretanto, aqui ou ali uma delas chama a atenção e merece uma breve parada. Neste caso, logo na saída de Campina Grande, ainda na Alça Sudoeste, a preocupação mais que justificada do dono do terreno estaria também muito merecidamente defendendo o ambiente de predadores e sujões de toda espécie que existem por aí.

Mas bem que poderia melhorar um pouquinho, se não fica complicado conjugar o verbo. Imagine: EU BUTO, TU BUTAS ELE BUTA...

Por outro lado, uma empresa de construção civil, que ganha licitação do Estado para realizar "obras" num trecho com extensão de 33 km, bem que poderia pagar uns trocadinhos a mais a alguém minimamente letrado pra revisar o conteúdo das placas informativas que põe à beira da pista.

Esta obra tão importante na rodovia estadual que liga a BR 226 (se não me falha a memória) indo de Jucurutu a Triunfo Potiguar no Rio Grande do Norte é um pequeno exemplo.

Veja que beleza de cenário bucólico, com mato verdinho, jegues e vaca pastando... e uma martelada no túmulo de Camões!


Se ao menos o arco-íris mais adiante tivesse se mostrado com toda sua pujança e beleza...
Mas ainda registrei e se você aguçar a visão verá sobre o primeira árvore, à direita do carro que segue na pista ao encontro do temporal que parecia querer derrubar o mundo. Ao vivo seria mais fácil, mas agora já é tarde...

Ainda tenho coisa mais bacana. Mais tarde trago pra cá.

10 de fevereiro de 2010

BBB

BIG BESTEIROL BRASIL!


Talvez fosse um nome mais adequado ao programa televisivo que confina um grupo de pessoas pra conviver durante um tempo numa casa seguindo certas regras, sendo filmado 24 horas por dia e que, de acordo com a superação de certas etapas, pode ser o ganhador de um prêmio de 1 milhão de reais.

Com todo respeito aos que gostam ou apenas assistem, mas não consigo imaginar outra coisa senão que o tal programa não passa de uma artimanha pra manter as pessoas desligadas do seu mundo real e, assim como os personagens do besteirol, aquelas, confinadas diante das telas, fazem o verdadeiro papel de bobos.

Não estudei o assunto com afinco, mas creio que por trás de tudo aquilo há uma grande sacada de espertalhões que querem ganhar muito dinheiro às custas do suor alheio... ah, e da alienação também.

O que chamaria tanto a atenção para o tal programa se não o vazio real existente na vida das pessoas e uma espécie de curiosidade mórbida acerca da intimidade dos outros. Enquanto os sujeitos se debruçam sobre um voyerismo fajuto e pago (pelo menos na conta de energia) há milhões e milhões de reais sendo jogados nas contas correntes dos idealizadores do negócio.

Sinceramente, ficar olhando o que se passa entre quatro paredes no dia-a-dia de um magote de gente sem graça e que faz de conta que está vivendo a vida naquela clausura de opulência, sendo o que é, sendo sincero (a), sendo autêntico (a) e coisas do gênero em meio e um jogo que tenta imitar a vida sem ser vida real é, no mínimo, um mecanismo meio perverso de prender gente diante de uma tela pra assistir o nada vezes coisa nenhuma.

No final do "paredão" lá se foram vinte e tantos milhões de ligações telefônicas a 31 centavos de real, o que dá uns 7 milhões por noite. Parece até que ninguém imagina pra onde vai tanto dinheiro...

Creio que os telefolhetins já cumprem um papel meio devastador num mecanismo mais global de rendição dos brasileiros (mais ainda de brasileiras) a uma forma de entretenimento que no final de quatro a seis meses, com quase uma hora diária, não deixa, do ponto de vista cultural, mais que o equivalente a uma revistinha daquelas intituladas de Bianca ou coisa parecida, que pode ser lida de três ou quatro idas ao sanitário.

Enquanto isso, as mesmas estruturas que montam as "fazendas", "big isso ou aquilo" e tantos outros, as geringonças de prender bobos, são as mesmas que decidem que suas editorias de jornais ou comentaristas criticarão nos noticiários e programas do gênero, a pouca educação do brasileiro, a falta de leitura, o baixo nível de formação intelectual, o pouco investimento em educação, blá, blá, blá...

Sinceramente, isso às vezes me cansa!

2 de fevereiro de 2010

SER OU NÃO SER UNIVERSITÁRIO? EIS A QUESTÃO! *

Caro estudante! Você começa hoje um curso superior numa universidade pública. E o que isso muda, afinal? E o que isso muda em sua vida? Você continua sendo o que era antes, um estudante. Afinal, qual a diferença mesmo entre ser um estudante de ensino médio e ser um estudante universitário?

Ser universitário é uma questão de atitude. Isso mesmo: a maior diferença está na atitude.

Se você chegou aqui cheio de expectativas, sonhos, planos, esperanças de mudanças e um otimismo à prova de terremotos, prepare-se porque você será testado cotidianamente daqui por diante. Testado no sentido de provar pra si mesmo que é capaz de fazer algo por si e para si e que sabe exatamente o que quer pra sua vida.

E como isso é possível se você acaba de passar em um vestibular e está apenas começando um curso superior? Eis a questão: a mudança começa agora!

Se no ensino fundamental e médio você era alguém que confiava em 100% no professor, que esperava em quase 100% pelo que o professor trouxesse para sala de aula, que exercitava cotidianamente os ensinamentos do professor na esperança de memorizar, aprender macetes, desenvolver habilidades para passar no vestibular, ao menos uma coisa é certa, algo funcionou, pois você está aqui.

Não que você não deva confiar em seus professores. Não que você não aceite ser orientado ou guiado pelos seus professores, não que você não precise estudar cotidianamente... Nada disso! Você terá sempre que memorizar algumas coisas, desenvolver muitas habilidades, aguçar sua curiosidade, preparar-se para avaliações, provar que aprendeu.

A grande diferença está em que, a partir de agora, você será mais responsável pelo seu aprendizado do que o professor. Isso porque quem esperar sempre pelo professor sairá daqui como um profissional mediano ou mesmo medíocre. Quem acreditar que o professor sabe de tudo e que irá lhe ensinar esse tudo está profundamente enganado. Quem olhar para o professor e vê-lo como uma fonte de sabedoria, um verdadeiro oráculo pronto a dar-lhe respostas pra tudo irá se decepcionar e, por conseqüência, descobrirá que a Universidade não era aquilo que tanto sonhava.

Eis meus caros alunos algumas sugestões a partir do que aprendi com minha experiência. Você precisa acima de tudo se tornar o maior responsável pela sua formação. O seu professor será mais facilitador do seu aprendizado que um ‘ensinador’ de coisas. Será mais um orientador sobre os caminhos que você deve percorrer em busca do conhecimento que um sabe-tudo com respostas prontas que facilitarão sua vida. Mais que dar respostas prontas, seus professores deverão lhes ensinar a fazer as perguntas e procurar as respostas.

Daqui em diante você precisará ser mais dono do seu nariz. Você precisará ler os textos indicados pelo professor, pesquisar a bibliografia recomendada, dar conta de participar dos debates, seminários, avaliações, mas não é somente isto. Você estará no comando. É disto que você precisa ter consciência. A mudança acontecerá se você mudar.

Prepare-se para esta mudança que é, essencialmente, de atitude. Aproveite os anos de estudo na Universidade, pois eles não voltarão e mesmo que você faça outro curso superior, depois já não será a mesma coisa.

Não há incompatibilidade entre ser jovem, vivenciar todas as oportunidades oferecidas aos jovens e ser universitário. Não há contradição alguma entre participar de quase tudo que a vida oferecer, curtir ao máximo esta fase tão marcante da vida, namorar bastante, se divertir com os novos amigos e, ao mesmo tempo, fazer da experiência universitária uma grande oportunidade. Oportunidade para crescer, aprender muito, preparar-se para o mundo do trabalho, estabelecer novas e boas relações, participar ativamente da vida universitária e aprender um novo modo de fazer política, realizar uma fantástica viagem pelo mundo do conhecimento e daqui a alguns anos se tornar um bom profissional.

A grande diferença estará na mudança de atitude que você conseguir imprimir à sua vida. Você terá pela frente talvez o maior desafio que já enfrentou até agora. Talvez maior que a própria tentativa de ingressar na Universidade. O desafio não é concluir um curso superior, mas se tornar uma pessoa com novos conhecimentos, competências e habilidades. Mais que isso, o maior desafio é se tornar uma pessoa melhor, mais madura, mais aberta pro mundo, mais capaz de se autodeterminar e tomar conta do próprio destino, edificá-lo.

E mais: você não pode esquecer que o povo paraibano financiará a sua formação superior. Tenha sempre consciência deste fato.

Isto é SER universitário! Se você conseguir dar conta disto, daqui a alguns anos sairá da UEPB com marcas e memórias inesquecíveis de um tempo maravilhoso e, além de ser uma pessoa mais experiente e com boas histórias pra contar, terá vivido alguns dos melhores anos de sua vida. Desejo-lhe uma boa viagem!

* Mensagem dirigida aos estudantes de Administração da UEPB por ocasião da abertura do ano letivo e recepção aos novatos.