26 de dezembro de 2012

GRAU ACADÊMICO - CAMPINA GRANDE. DISCURSO


Minhas senhoras e meus senhores.

Creio que podemos e devemos comemorar o dia de hoje por várias razões.

A primeira razão é prosaica e seguirá no anedotário popular: 21/12/2012. O MUNDO NÃO ACABOU... NEM ACABARÁ... Creio sinceramente, permitam-me a licença poética, que o mundo só acabou pra quem deixou de sentir saudades ou perdeu a esperança no futuro! Na vida!

A segunda razão é coletiva também: ESTE É O NOSSO MOMENTO! Estamos comemorando a nossa colheita; (e a safra foi boa!); a colheita universitária; a colheita social; o surgimento de novos profissionais capacitados pela Universidade Estadual da Paraíba e que estarão muito em breve brilhando no campo de trabalho e orgulhando a todos nós.

A terceira razão é pessoal: quis o destino (com nossa intervenção humana, é lógico) que eu estivesse hoje aqui, fazendo a minha estreia como presidente desta solenidade, no câmpus I (a primeira de uma série que deve ir até o meio do ano de 2016), tendo como Oradora Oficial das Turmas Concluintes uma ex-aluna (Ana Karine Gonçalves, do curso de Psicologia). Por outro lado, como Paraninfo Geral uma das mentes mais brilhantes desta terra, o Prof. Dr. Edmundo de Oliveira Gaudêncio, um dos meus mais lembrados e queridos mestres, também do departamento de Psicologia da UEPB. Ou seja, estou entre colegas. Posso jurar que não houve conspiração!

Quero antes de qualquer outra coisa mencionar um nome. O nome de uma pessoa que, depois de uma longa temporada, não está nesta mesa. Registrar deste modo um agradecimento especial: falo da Professora Marlene Alves, ex-reitora da UEPB. Seu nome já está gravado na história desta universidade como uma gestão de um tempo paradigmático. O tempo haverá de desagravá-la, fará justiça e saberá reconhecer seus feitos. Extensivo reconhecimento ao Prof. Aldo Maciel, ex-vice-reitor da UEPB.

Gostaria de agradecer a todos os professores e técnicos-administrativos da UEPB. A todos que acreditam em sonhos e utopias. Agradecer mais ainda aos que, acreditando, perseguem estes sonhos e utopias e lutam cotidianamente... racionalmente... arduamente... pela sua concretude, sua transformação em realidade.

Gostaria de agradecer a minha família nuclear: minha esposa Camilla e meus filhos Taiguara, Vinícius e Guilherme. Vocês me ajudam, me instigam, amiúde, a buscar incansavelmente o objetivo de me tornar um ser humano melhor. E digo isto mesmo sabendo que nem satisfaço plenamente ao que esperam de mim, muito menos ao que exijo de mim mesmo, em relação ao que, neste aspecto de humanidade, consegui atingir até aqui.

Aos formandos eu somente posso pedir que honrem o nome da instituição que os acolheu, em nome do povo paraibano. Este povo aguerrido que a duras penas financia esta instituição centavo a centavo, com o suor do seu rosto e por meio dos impostos que paga. Mais ainda os mais humildes.

Peço-lhes também que se esforcem para serem grandes profissionais sempre. Busquem unir as lições da ciência e o conhecimento que adquiriram aqui nestes anos todos àquelas lições de moralidade que aprenderam em seus lares, dos seus primeiros mestres: seus pais e suas mães.

Às mães, aos pais, esposos, esposas, noivos, noivas, namorados, namoradas, irmãos, irmãs...familiares, amigos,  todos que acompanharam suas trajetórias, que lhes deram o amparo nas horas mais difíceis, TODOS. Todos estão de parabéns! Esta vitória é de todos vocês!

A Universidade Estadual da Paraíba sente-se honrada em afirmar para a sociedade que entrega a esta um novo conjunto de profissionais aptos a operar no campo de trabalho, seja ele qual for, em condições de intervir com qualidade, dignidade e compromisso social.

Não falarei das dificuldades! Não mencionarei os sofrimentos enfrentados! Não farei registro penoso dos dramas cotidianos! Afinal, que seria de nós sem todos eles? É com base nos desafios que forjamos a nossa força, testamos a nossa coragem, pomos à prova a nossa coerência e provamos a nossa sintonia entre o pensado, o dito e o feito.

Agradeço também, por muitas razões que não cabem neste discurso, ao Governador Ricardo Coutinho e ao Vice-Governador Rômulo Gouveia. Agradeço em meu nome e também em nome do Prof. Etham Barbosa, vice-reitor da UEPB, que empreenderá ao meu lado esta nova caminhada à frente dos destinos desta Universidade. Vamos enfrentar muitos desafios juntos! Venceremos todos pela UEPB!

Por fim, senhoras e senhores! Caros formandos, pais e mães! Peço-lhes a generosidade do perdão, mas não poderia deixar de registrar algo tão singelo, tão particular, mas também tão humano: Gostaria muito que duas pessoas estivessem aqui hoje: meu pai e minha mãe. Mas a vida não me permitiu esta alegria.

Contento-me em ver a felicidade de vocês por estarem juntos, aqui, comemorando este grande momento. Esta grande vitória! Este dia de festa! Este dia de júbilo! Este dia de glória, de recompensa para todo o esforço que vocês fizeram. E que hoje aqui estão porque fizeram por merecer.

O Brasil precisa de vocês! A Paraíba precisa de vocês! Levem e ergam bem alto, aonde quer que forem, o nome da UEPB!
Lembrem-se sempre destes dias passados que, mais adiante vocês verão: talvez tenham sido os melhores anos de vossas vidas!

Sejam felizes!
Muito obrigado!
Boa noite!

16 de novembro de 2012

MEUS PRIMEIROS 50 ANOS


 
“O tempo generoso faz oferta

e vejo em pleno outono a descoberta

de nova primavera em minha vida.”[1]

 

O dia já é de manhã e eu acordo com a marca dos meus primeiros 50 anos vividos. Este senhor cinquentão que vos escreve já percorreu uma longa e tortuosa estrada.

Não tem sido fácil. Porém, nem pense que é chata ou triste. A pesada labuta, desde cedo, todavia, muita música e poesia.

Muita surra de cinturão, sandália “currulepe” e cipó de jucá, mas muito banho de açude e estripulias que me renderam um bom e comprometedor apelido.

Sem comida vária, mas muitas goiabas, melancias e umbus comidos lá onde eles nascem.

Algumas tristezas e decepções, mas inumeráveis vivências ricas em amizade verdadeira, solidariedade fraterna, cumplicidade amorosa, camaradagem absoluta, amor incondicional.

Angústias que viraram poemas; dores que pariram canções; amores que geraram filhos maravilhosos; cansaços e tensões premiados por conquistas; alegrias novas e antigas convertidas em fachos embalando e iluminando discretamente este coração cinquentenário. Mais que filmes e retratos eu carrego lembranças.

“Aqui, chora um ocaso sepultado;

Ali, pompeia a luz de branca aurora.”[2]

Aprendi muito e continuo. Quando tento ensinar algo é por acreditar que apenas o exemplo é capaz de tanto. No mais aprendemos juntos.

Do alto deste meio século de existência sinto-me pequeno e ainda menino pra muitas e tantas aventuras. Dentre estas a coragem, nada ingênua, de acreditar nas pessoas e a vontade eterna de descobrir, conhecer, provar e sorrir sempre, mesmo depois dos revezes.

De onde vejo o mundo, o retrovisor revela mais que o largo para-brisa. Do mesmo modo, sinto que as melhores coisas ainda estão adiante, à espera por serem tocadas, experimentadas, vivenciadas. Sou um homem do presente e a ele me agarro com força.

“O canto desse menino talvez tenha sido em vão.

Mas ele fez o que pôde.

Fez sobretudo o que sempre lhe mandava o coração.”[3]

Não digo que valeu a pena, mas que está valendo. Se já vivi praticamente o tempo do meu pai quando se foi, a estrada a ser edificada anima e desafia a seguir caminhando e cantando.

Peço licença ao meu amigo Chico Passeata numa paráfrase: A minha vida é a melhor do mundo, pois única. Vida (boa!) que segue! Afinal, são apenas meus primeiros cinquenta anos! Evoé!



[1] Ronaldo Cunha Lima, 47, Livro dos Tercetos.
[2] Augusto dos Anjos, Insânia, Eu & Outras Poesias.
[3] Thiago de Mello, Cantiga quase de roda, Faz escuro mas eu canto: porque a manhã vai chegar.

9 de outubro de 2012

RECLAMAR PRA QUÊ?


Acordei na madrugada pensando já ser dia claro. Dentre as várias ideias mirabolantes pra passar o tempo que me vieram ao juízo, uma delas indicava um poema. Desisti rapidamente. Foi-se embora o poema antes de nascer.

Entre levantar da cama e tentar dormir novamente, incomodado com uma breve dor no estômago (efeito colateral de remédios pra coluna e tendinite), nem fiz uma coisa nem outra. Nem levantar, nem escrever poema, nem registrar ideias pruma breve crônica no blog (abandonado há mais de um mês)... 

O que mais me incomodou, e acordei abraçado com esta ideia, foi a constatação de que estou tomando mais remédios do que minha mãe, quando faleceu há três anos, aos 71. 

Dores musculares fortíssimas nas costas, tendinite no cotovelo, taxas disso e daquilo, rinite alérgica, sinusite, faringite... Ao todo 12 remédios diários, de 8 tipos diferentes. Não acrescento o polivitamínico pra não mudar o primeiro número já citado. Aí já seria demais mesmo. 

O mundo da política pegando fogo com o segundo turno das eleições municipais, as articulações a mil nos bastidores, mil tarefas a cumprir, tese pra revisar, aula às 7h da manhã, planejamento na UEPB, 5 músicas pra ensaiar (retorno da Banda Mentallica, com Psicólogo Eugênio Felipe, Sergio Murilo, e Gilvan Music), 3 composições novas pra entregar a Edmundo Gaudêncio pra seu “Auto do Conselheiro”...Livro de Efigênio Moura (Santana do Congo) pra ler e pitacar...Projeto do CD/DVD (FIC) pra entregar...e os meninos pra criar e educar.
 
Hômi! Seu minino! Reclamar pra quê?
 
Eu vou é viver a vida!


 

16 de setembro de 2012

CRIANÇA DIZ CADA UMA...II

Depois de uma tarde de atividades bem legais no colégio, a mãe pergunta pro moleque se ele está gostando mais da escola agora.
- É! Agora eu tô gostando sim. Mas ainda gosto muito da outra minha escolinha.
Tentando colocá-lo em dificuldade eu pergunto:
- Então, quer voltar pra estudar na outra?
A resposta não poderia ser mais curiosa.
- Eu queria fazer dois clones. Um estudaria no Rosa Mística e o outro no Motiva.
- Mas com dois clones ainda sobraria um, não?
- Sim! E eu ficaria em casa só vadiando...
O jeito foi rir muito.

14 de setembro de 2012

CRIANÇA DIZ CADA UMA...

Hora do almoço. O menino impertinente solta a pergunta entre uma colher e um garfo, assim sem mais nem menos:
- Papai, deus existe?
Surpreso o pai vai rodeando, rodeando...
- Filho, essa não é uma pergunta pra se responder apenas SIM ou NÃO. Precisamos conversar sobre o assunto.
- Eu acho que ele não existe - solta o moleque, na bucha.
O pai, a esta altura, sem querer abrir um grande debate diz:
- Não, filho, não é bem assim. É que... Bem! Se a pessoa acreditar que ele existe, então ele existe. Se a pessoa não acreditar, então ele não existe.
O guri solta o verbo com uma segurança de aviador:
- Pra mim ele não existe!
- Vamos fazer o seguinte: depois a gente conversa sobre isso, com mais calma, tá certo? Assevera o pai tentando encerrar o assunto.
E o almoço continua...

7 de setembro de 2012

RETRATO


...pois, estar ali tomado de uma lassidão espartana, esparramado na velha poltrona, a preguiça dominando completamente o corpo depois de me fartar de carne de bode guisada, fava verde com farinha, e um arrozinho branco, lavado, tudo antecedido por duas ou três doses de caçhaça boa, boas risadas, sutis reminiscências, a prévia gastronômica regada à boa prosa maneira, aquele clima de quase ficção, as ventas entranhadas dos odores todos de minha infância espalhados no ar da cozinha, o vento fresco que vinha da porta da frente amainando o calor do verão, aquela mão miúda, calejada da lida e enrugada dos 70 dezembros a afagar-me os cabelos me deixando mais criança do que já era... Quisera eu saber naquele momento que tudo era cena que se tornaria apenas lembrança, sentimento vago e doloroso, cicatriz no peito, lágrima salgada, dessa bruta saudade daquela velhinha danada que sabia como ninguém sobre as veredas da vida. Não congelaria o tempo em respeito à vida, mas teria prestado mais atenção aos detalhes pra que o tempo e sua fama de varredor de memórias não danificasse nada daquele retrato singelo de um começo de tarde qualquer. Em meio ao vendaval, aqui e agora, cadê? Cadê? Eita, Dona Neide! Bons tempos! Bons tempos!

21 de agosto de 2012

MEU DICIONÁRIO BREVE

PRA BONS/BOAS ENTENDEDORES/AS...

recesso
 |é| 

(latim recessus, -us, recuo, afastamento, lugar retirado) 
s. m.
1. Lugar recôndito.
2. Lugar íntimo ou escondido. = ESCONDERIJO, ESCONSO, RECANTO, RETIRO
3. O que é mais íntimo. = ÂMAGO, IMO
4. [Direito]  Acto de uma das partes se retirar de acordo, convenção, contrato, etc.
5. Suspensão ou interrupção de actividades ou de trabalhos.
adj.
6. Que é íntimo ou está escondido.

quarentena |ê|
s. f.
1. Número de quarenta.
2. Oração pública ou festividade que se repete durante quarenta dias.
3. Demora que devem ter num lugar isolado as pessoas e mercadorias, provenientes de país atacado de epidemia.
de quarentenaaté ulterior exame, em observação, de reserva.
laudémio de quarentenao que vale a quadragésima parte do foro.


clausura
s. f.
1. Vida de claustro.
2. Estado de quem não sai de casa, e vive nela com retraimento.
3. [Figurado]  Claustro, convento.
http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=clausura )


Recomendo fortemente a quem gosta (ou precisa) de escrever sempre o uso do PRIBERAM e do ORTOGRAFA


13 de agosto de 2012

FILHOS E MOÍDO

Do amigo poeta Damião Lima

"Não pensei que um simples ato
Bulisse com a identidade
Ainda mais quando a gente
Já tem uma certa idade
Mas muda toda a sua vida
Bagunça sua dormida
E aumenta sua vaidade

Só que essa nova vaidade
É externa a sua existência
Você não sabe de onde
Lhe vem tanta paciência
Basta um simples sorriso
E nada mais é preciso
Pra curar qualquer carência

Projetamos para outros
Tudo o que não conseguimos
Damos o que não tivemos
Enchemos eles de mimos
E se algo der errado
Ficamos desesperados
Sofremos nos compungimos

Toda essa metamorfose
Que acabei de descrever
É um caminho sem volta
Não dá pra retroceder
Pode parecer estranho
Que algo desse tamanho
Seja bom de se viver

Mas a vida tem sua mágica
E ela é simples demais
Basta seguir o seu ciclo
Como os outros animais
Nossos filhos vão crescer
E um dia vão entender
O moído dos seus pais."

11 de agosto de 2012

O PAI QUE EU QUERO SER


Quisera sem um pai melhor pros meus filhos. Sempre penso nisso, mas me conformo em saber que sou o pai possível. Sou o que posso ser.

Sujeito cheio de defeitos, sempre me esforcei pra superá-los. Levo uma vantagem enorme em relação aos que me conhecem, pois sei dos meus defeitos mais que eles.

Quando fui pai pela primeira vez já havia ensaiado muito com sobrinhos, com filhos de amigos, mas nada se compara à paternidade. Não àquela relação genética, mas à paternidade relação, paternidade troca, paternidade conflito, paternidade amor, paternidade entrega.

Se pudesse escolher algo pra este Dia dos Pais, em vez de receber eu daria um presente a cada um dos meus filhos. Não um presente material. Uma canção pra cada um, quem sabe um poema. Algo que marcasse indistintamente a cada um deles pelas individualidades que são, pelo que fizeram e fazem com a minha vida. Devo ainda uma canção pro Vinícius (incompleta) e uma pro Guilherme. Taiguara já recebeu a sua.

Os filhos são presentes da vida pra nós. Cá pra nós, mas acho meio mesquinho esperar presentes dos filhos. Eles nos presenteiam a cada dia com suas vidas pulsantes, com suas personalidades únicas, com suas buscas e realizações humanas.

Não tendo um pai para estar comigo fisicamente, fico comigo mesmo e os que me fazem ser e me sentir pai. Até nisso reafirmo o que comecei dizer: sou um pai possível.

Devo uma conta impagável aos meus filhos. Eles me realizam e isso não tem preço. Não há melhor presente.

Por hora, deixo que Vinícius e Toquinho falem por mim, através de Paulinho da Viola. Quer ver? 

9 de agosto de 2012

SONETO INCOMPLETO


Para Astier Basílio
Tivesse eu a inspiração dos vates
Pr’alumiar a triste noite escura

E brotasse desta mente, assaz impura

Quiçá uns dois quartetos escarlates.
 

Coração que se preza não conjura
Se a paixão é loucura? Não empates!

Deixa ao cérebro a química dos debates
E os vieses sutis da conjuntura.


E o do contra vem de lá todo contente:

– Faltará além deste outro terceto?

– Se falhar eu arrisco novamente!
 

– Fincarei no juízo um grande espeto
Para que nunca mais, nem morto eu tente

Inventar de compor mais um soneto.

28 de julho de 2012

GUILHERME, UM CAMINHANTE


Depois de várias tentativas, ensaios e erros, o dono deste maravilhoso sorriso deu ontem seus primeiros passos de verdade. Agora não quer mais parar.

Ninguém forçou a barra. Segurávamos em sua mão e ele fazia a festa quase dando pulos. Pedíamos pra ele vir andando e ele dava um ou dois passos, abaixava e vinha engatinhando. Ontem resolveu que chegou a sua hora e fez a sua e a nossa festa.

Não tenho como dizer-lhe algo complexo de modo que compreenda à exatidão, pela tenra idade, mas escolherei boa hora pra sussurrar-lhe ao ouvido e ficar em paz com minha consciência. Resolvi escrever-lhe uma carta. Espero que um dia possa lê-la.

"Querido Guilherme. (Poderia ser Taiguara ou Vinícius)

Hoje você deu seus primeiros passos, algo muito importante para nós humanos. Ficamos todos muito felizes com sua desenvoltura, seus passinhos trôpegos, sua alegria contagiante.

Prepare-se, meu filho! Serão milhares, milhões de passos daqui por diante. Portanto, serão muitos também os obstáculos em sua caminhada. Muitos tropeços e muitas quedas virão.

Em muitos momentos caminharei a seu lado e noutros apenas estarei por perto para oferecer-lhe a mão e ajudá-lo a levantar. Noutros, a mãe, um irmão, um/a amigo/a farão isto. Porém, prepare-se para em muitas das quedas ter que levantar-se sozinho. Mas isto não será tão ruim. Serão lições que a vida haverá de lhe ensinar e espero que você encontre um jeito de não deixar esmaecer esse esplêndido sorriso, pois ele também o ajudará.

É verdade que toda caminhada começa com o primeiro passo. Saiba também que precisará escolher caminhos dentre os que a vida oferecer. Em muitos momentos isto será doloroso, mas terá que fazê-lo. E quando souber exatamente aonde quer chegar, tenha certeza, a escolha do caminho será mais fácil, o que não lhe dará a garantia de que acertará.

Mais que tudo, eu gostaria que você soubesse que terá que construir quase todos os caminhos durante a própria caminhada. E se ao final (muitas vezes o final é apenas um ponto de recomeço) não chegar aonde desejaria, não se aborreça nem se frustre por essa razão. Aproveite e desfrute da caminhada, pois muitas vezes é ela mesma, em si, a sua própria razão.

Vou parar por aqui, pois não quero cansar-lhe a paciência. Os jovens não gostam muito de conselhos. Mas espero que você receba estas palavras apenas como uma pista. Serão significativas e valerão de verdade as suas vivências, a sua própria experiência.

Vá em frente! Quando precisar recuar, acelerar, diminuir o passo lembre-se que o ritmo é de cada um, mas a vida também força a que o determinemos.

Um dia você tentará ensinar algo assim pro seu filho e espero que a vida seja generosa e me permita estar por aqui pra ver. Será exatamente quando você compreenderá a dimensão e o sentido do que digo agora.

Um beijo.

Seu pai."

2 de julho de 2012

AFINAL, NÃO HÁ FINAL!

Resolvi publicar, a pedido, mensagem que encaminhei à turma de Estágio I em Psicologia por ocasião do último dia de aulas. Segue!

Olá!
Chegamos ao fim do que poderíamos chamar de começo, ou de final da primeira parte do começo. Afinal, não há final! Cada começo é sempre um recomeço. Cada novo caminho traz um pouco da estrada que já percorremosy.
Há quase um ano nos encontramos e um estranhamento tomou conta daquele primeiro momento. Vocês, de olhos atentos, curiosos investigadores...ou diria que, em alguns casos, até assustados. Quem não se sente assim diante do novo não sabe o que está perdendo. De minha parte, sempre há aquela tensão do primeiro dia.
O olhar da surpresa, da inquietude, da dúvida, da curiosidade, da busca... São esses olhares que nos levam longe. É esta capacidade de sentir o mundo pulsando, de se emocionar diante dele, como novidade, que nos faz ser mais, um pouco mais próximos do que já fomos: animais em busca de sobrevivência.
Porém, deixamos de ser animais em busca apenas de sobrevivência porque tivemos a coragem de ir mais longe, de criar instrumentos, de superar obstáculos, de reinventar a vida, de imaginar as mudanças antes mesmo que elas ocorram.
Apenas os humanos (até que se prove o contrário) temos a capacidade de antevisão, graças à imaginação. Apenas nós desenvolvemos a inteligência ao ponto de edificarmos a casa inteira apenas como abstração.
Desta forma, podemos antever o futuro, ou um futuro. Melhor ainda, diria, vários futuros. O nosso futuro e o futuro da humanidade. Desta não poderemos nos separar. É a humanização do homem que deve mover a nossa ação, que deve guiar a nossa busca, que deve pautar e orientar o nosso fazer cotidiano.
Se vocês conseguiram chegar até aqui é porque um combustível invisível alimenta suas “máquinas” de pensar e sentir. Não é apenas sangue sendo bombeado dos seus corações. Não são apenas sinapses e reações químicas a cada milionésimo de segundo. Há um sentimento, e eu acredito nele, que instiga a curiosidade, que alimenta os sonhos, avisando que ainda há muito a ser descoberto, que o futuro pode ser de muitas conquistas, que a estrada pode não ter fim, mas como diria o poeta, valerá a pena a caminhada e as companhias em seu trajeto.
Sejamos todos caminhantes de uma longa caminhada. Estabeleçam lugares onde queiram chegar, mas saibam que ele será sempre um novo ponto de partida. Afinal, é de vida que estamos falando. Que a vida possa oferecer-lhes sempre bons desafios. Nos encontraremos sempre, aqui ou em algum lugar. Como diriam os compositoresW populares...

“Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação (…)
São só dois lados
Da mesma viagem.
O trem que chega
É o mesmo trem da partida.
A hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar.
É a vida.”
Que a vida possa oferecer-lhes sempre bons desafios. Vocês irão comigo. Espero continuar com vocês.
Meu abraço.



y Mensagem do Prof. Rangel Junior à turma de Estágio I - Psicologia/CCBS/UEPB (Junho/2012).
W Fernando Brant & Milton Nascimento – Encontros e Despedidas.

13 de junho de 2012

SOBRE POLÍTICA E ZUMBIS

Não espere muito da parte dos seus adversários. No máximo espere deles que joguem limpo, dentro das regras, que travem o bom combate e, exitosos ou não, encerrada a batalha tenham a hombridade e a altivez  de não humilharem nas vitórias e/ou sejam humildes no reconhecimento das derrotas.

Na nossa Paraíba velha de guerra cria-se a cada novo dia uma espécie de cultura da eleição infinita. Palanques que não se desmancham, eleições que não acabam... Parece aquela eterna disputa de Flamengo e Sport do Recife pelo título do fatídico campeonato brasileiro de 1987.

Incomoda profundamente ouvir as doces palavras "democracia" e "transparência" de bocas que seus donos não resistem a meia hora de prática daquilo que defendem na retórica. Parece mesmo que a retórica é a eterna arma dos fracos. No caso, os fracos de espírito.

Os fracos (pobres) de espírito se escondem atrás do véu da retórica pura e simples. Seus atos não se sustentam pelas suas palavras. Não buscam aquela necessária e saudável sintonia entre pensamentos, palavras e atitudes. Palavras não ensinam. exemplos sim.

O ofício de exumar cadáveres deveria ser deixado aos que são treinados para tal fim. Trata-se de aceitar de forma benevolente a vontade da maioria e a ela submeter-se. Não fazê-lo é revelador de prepotência, de uma arrogância ímpar, o que não ajuda nem mesmo o derrotado a compreender os fenômenos que o levaram ao insucesso e buscar melhorar, crescer, dar a volta por cima.

É como se o sujeito dissesse: se eu não fui o "escolhido" a responsabilidade é dos que não me escolheram. Porém, só não o fizeram porque estavam amordaçados, agrilhoados e sob todas as formas de opressão, desde o jugo absolutista (psicológico?) dos que mandam ao viés mais mesquinho e lamentável que é a ignorância. Ou seja, não votaram em mim porque não foram capazes e dignos de compreender a minha mensagem que era a melhor.

Deixemos os zumbis no lugar em que eles cabem: na fantasia, no misticismo, nas crendices populares. Eles não assustam aos que neles não acreditam.

8 de junho de 2012

DROGARIA VENDE O QUÊ?

Diálogo (im)pertinente. No interior do carro, Vinícius lê uma grande placa e pergunta: - Papai, "drogaria" é o quê? - É o mesmo que farmácia, filho. Respondi. Com sua habitual sinceridade, o garoto questiona: - Não seria melhor o nome "farmácia"? Assim confunde, pois a gente pensa que lá eles vendem "droga de verdade". Essa nossa língua brasileira...

6 de junho de 2012

DO DIREITO DE FURAR FILAS

Impressionado com uma cena da qual fui protagonista hoje. Registro o ocorrido enquanto descanso o juízo das leituras obrigatórias.
Precisando realizar um pagamento aproveitei pra fazê-lo numa lotérica e, de quebra, arriscar uma chance de acrescentar uns seis zeros à direta no saldo bancário.
Doze pessoas na fila, dentre elas uma senhora septuagenária e um senhor de aparência idem. Em posições diferentes. Duas garotinhas de aproximadamente 12 e 10 anos respectivamente. Os outros todos eram homens. Julgo entre 25 e 50, meu caso.
Eu, o último da fila. Uma senhora aparentando idade próxima da minha chegou depois reclamando da fila grande e vai em direção ao caixa. Pede ao segundo da fila para pagar sua conta dizendo estar com pressa. O cidadão imediatamente diz: “pode entrar aqui na minha frente”.
Indignado, dirigi-me calmamente ao senhor e disse-lhe que ele precisaria consultar a todos da fila se aceitariam que aquela senhora “furasse a fila”, pois todos e cada um tinham suas razões para querer sair dali o mais rapidamente possível. Pois não é que o rapaz se zangou? Respondeu-me, já alterando o tom, que botaria na frente dele quem ele quisesse. Até mesmo eu, se me achasse merecedor. "Estou no meu direito", sapecou a sentença!
Respondi que não. Esclareci que não queria passar adiante e que apenas defendia o meu direito e de todos em esperar cada um a sua vez. Como vi que ia esquentando o debate e ninguém reagia positivamente à minha intervenção, voltei pro meu lugar quase humilhado. De quebra perguntei àquela senhora mais idosa: “qual sua idade?” Ela: “setenta e quatro, moço, mas eu não vou pra frente porque às vezes ficam me xingando".
Num impulso peguei a senhorinha pelo braço e a levei à “boca do caixa”. Exigi que ela fosse atendida e voltei pro meu lugar. O sujeito do início da história ficou me insultando e defendendo o “seu direito” até o final, no que foi apoiado por mais dois da fila.
Eu hein? Não entendi foi nada! Recolhi-me à minha insignificância, pois não sou homem de bater boca em fila de nada. Quer dizer, enquanto ninguém passa à minha frente.
Só sei que a velhinha (isso mesmo!) passou por mim, tocou meu braço e disse baixinho: “brigado, moço! Ô, povo mal educado!”
Fiquei ali em silêncio, com aquele sorriso maroto de canto de boca. Quer dizer, eu e meus botões. Vôti!

11 de maio de 2012

RETA FINAL E MOBILIZAÇÃO VITORIOSA

Gostaria de dirigir-me aos estudantes, técnicos e professores que têm abraçado e defendido nosso projeto e nossa campanha.

Temos enfrentado com respeito e galhardia todas as manifestações adversas, muitas das vezes pejorativas e ofensivas contra a nossa candidatura.

Mantivemos até agora uma postura e seguiremos até a quarta-feira depois da apuração dos votos com a mesma atitude respeitosa em relaçao aos/às outros/as candidatos/as. Aliás, mesmo após as eleições.

A campanha tem acontecido nos últimos dias de forma tão ampla e voluntária que não há como manter controle sobre ações, atividades, manifestações que vêm acontecendo em todos os câmpus.

A campanha já é de todos! Esta é a maiora riqueza! Este é o grande momento para agregar convergências, tensionar vontades e coletivos, motivar e mobilizar energias individuais, galvanizar sentimentos, converter toda essa energia em ação política.

Agradeço a você individualmente pelo engajamento. O fato de estarmos numa transição importante exige que mobilizemos muitas pessoas para votar. A participação do maior número possível de eleitores fortalecerá o processo democrático e dará à futura gestão maior credibilidade e representatividade.

Esta representatividade será de fundamental para o diálogo, a negociação e a condução de todos os processos na UEPB, para os próximos gestores, assim como têm a Professora Marlene Alves Sousa Luna e o Professor Aldo Bezerra Maciel.

Vamos juntos! Mãos dadas! Substituindo o cansaço pela esperança e alegria da vitória!

Meu abraço.
Rangel Junior

P.S. UM FATO INTERESSANTE: Ontem, nossa coordenação de mobilização promoveu um espetáculo no Teatro Municipal Severino Cabral, em CG. Os convites ao custo de R$ 10,00 (dez reais) ajudariam como fundo de campanha. Uma das chapas concorrentes entrou com reclamação no PROCON, exigindo a oferta de meia-entrada. Nós colocamos os convites ao preço de R$ 20,00 (INTEIRA) e R$ 10,00 (MEIA). Pois não é que teve muita gente que fez questão de pagar INTEIRA? Espero, sinceramente, que eles tenham ido assistir à peça e colaborado com nossas finanças. ;)

6 de maio de 2012

QUASE UM DESAGRAVO

Senhoras e Senhores!
Prezados/as estudantes!

Caríssimos/as servidores/as técnicos e docentes da UEPB!

Peço-lhes as devidas desculpas pela publicação do material que segue. Porém, considero necessário. Considero pedagógico. Considero realmente imprescindível para que se faça a comparação entre as propostas (e posturas) dos que disputam o governo da UEPB pelos próximos 4 anos.

Os excertos a seguir são da criativa lavra de um servidor técnico-administrativo da UEPB, concursado, um dos coordenadores de campanha de um dos candidatos à reitoria da Universidade.

O texto integral está amplamente distribuído em lista (aberta) de endereços eletrônicos de membros da comunidade universitária.

Sem entrar no mérito das questões, gostaria que vocês apenas façam a leitura e comparem as formas de tratamento, as adjetivações, a responsabilidade com a reputação alheia, o respeito institucional, a civilidade...enfim, aquilo que define a conduta, o perfil de cada candidatura.

Não é estranho que, ao lado deste fato, o candidato tão bravamente defendido pelo escrevedor, tenha ocupado a mídia nos últimos dias para praticar atos assemelhados, não com a mesma classe, pois, desta feita, na maioria das vezes ao vivo.

Deixo ao critério do/a leitor/a o julgamento, que envolve forma, conteúdo e atitude.

Preste atenção, por favor, às expressões grosseiras usadas pelo “colega” quando se refere a mim e ao conteúdo preconceituoso e nitidamente homofóbico com que se refere a um outro colega da Universidade.

(...) “o continuismo da Reitora, o Prof. Rangel, que, pra não perder o costume, cometeu mais um flagrante delito eleitoral “

(...) “o “legalista” Prof. Rangel “ (...) “descarado Rangel”.

(...) “ele parecia aquele menino buchudo que é flagrado metendo o dedo na panela de brigadeiro”

(...) “aquele olhar de ‘gato ladrão’...”

(...) “Caro Pró-Reitor de Arte e Cultura da UEPB, Prof. Peneira (...) se entenderes como tal, e minha picardia não o agradar, lamento, pois meu único intento é simplesmente encher-lhe do gozo da verdade, nas profundezas de suas entranhas do seu ide, ego e principalmente super-ego, e fazer-lhe uma pessoa mais alegre, ainda mais gay no sentido estrito da palavra, enfim, feliz com a nossa futura Universidade plural, UMA UNIVERSIDADE DE TODOS E PARA TODOS!”

(...) “Arbitrário Prof. Rangel,”

(...) “RANGEL, CHEGA DE MENTIRAS!”

=x=x=x=x=x=x=x=x

Faço aqui uma reflexão e convido você a pensar comigo:

São estas pessoas que querem governar a UEPB? Com estas atitudes? Com esta formação? Com este nível de compreensão da sociedade? Com esta visão de mundo? Com este tipo de conduta política? Com este posicionamento social?

Lamentável que tenham resvalado para este território. Uma pena!

Insisto com nossos/as apoiadores/as, militantes e eleitores/as: NÃO ENTREMOS NESTA JOGADA. NÃO ACEITEMOS TAIS PROVOCAÇÕES. NÃO RESPONDAMOS A TAIS INSULTOS. DEIXEMOS QUE SE DESTRUAM POR SI.

Meu abraço fraterno e solidário.

Prof. Rangel Junior

13 de abril de 2012

SELO DE QUALIDADE, A UEPB E O DIREITO

Não há como não confessar que recebi com alegria, e um certo regozijo, a notícia de que os dois cursos de Direito da UEPB, CCJ-Campina Grande e CH-Guarabira, haviam recebido um "Selo de Qualidade* da OAB". Leia aqui...

NOTA: A imagem ao lado é da maquete digital do Escritório Modelo do CCJ que está sendo concluído no Presídio do Serrotão, Campina Grande, onde a UEPB instalará um Câmpus Avançado.

No momento em que a Universidade (e os resultados dos últimos anos em termos de investimentos e gestão) vem sendo afrontada externa e (em certa medida) internamente, me parece que a notícia, por incrível que possa parecer, deve desagradar a alguns.

Talvez esta seja uma, dentre tantas outras, boa resposta acerca de como e onde os recursos da UEPB são aplicados após a Autonomia.

Existem demandas e demandas em relação a estrutura física, problemas históricos acumulados em 46 anos, as chamadas obras de pedra e cal. Estas são importantes!

Porém, há obras que não podem ser vistas, tateáveis, que não são palpáveis como uma sala ou uma parede nova.

Uma destas obras fundamentais é o investimento no ser humano.

Acreditar nas pessoas, em suas capacidades, estimular sua qualificação, apoiar suas iniciativas, dar suporte material aos seus projetos, assegurar-lhes a tranquilidade institucional, remuneração digna e compatível com o cargo e função...

Ah, não! Esta obra só aparece a olho nu, só é de fato vista com o tempo. É quando as árvores frondam, atingem maturidade, safrejam (não procure esta palavra no google!), oferecem-nos seus melhores frutos, que alimentarão o nosso povo, que se transformarão em novas sementes, que serão semeadas, que gerarão novas árvores...

Eis o ciclo do investimento em educação. É preciso compreender isto. É preciso gritar que investir em educação é investir com eficiência e paciência?

Creio que estes resultados falam por si.

Parabéns à comunidade do CCJ-Direito (Campina Grande) e do CH-Direito (Guarabira). Parabéns UEPB!

É esta Universidade que centenas de professores e técnicos e milhares de estudantes constroem na Paraíba.

* Guardo minhas divergências com certas nuances de certos modelos de ranqueamento de instituições educacionais. Não são, todavia, insanáveis.

26 de março de 2012

SERIA A EDUCAÇÃO UMA ARMA?

Sempre que acontece um crime contra um jovem e principalmente quando este jovem não é do meio do tráfico, todos ficamos indignados.

Deveríamos ficar indignados sempre que alguém morre porque outro resolveu que ele deveria morrer. Não há razão humana para ninguém matar outro ser humano, salvo em situações muito extremas de ameaça clara e preservação da própria vida.

O famoso instinto de sobrevivência, que terminou por receber uma expressão chamada "legítima defesa". Até aí tudo bem!

Um pergunta sempre me incomoda: se a vida do indivíduo não vale nada, como ele pode dar valor a vida do outro? Então é preciso pensar em criar condições para que a vida de todas as pessoas tenha sentido, seja valorizada. A vida sentida efetivamente como um bem maior para o sujeito, naturalmente o induz a perceber que a vida do outro também é um bem maior.

Onde entra o papel da educação nessa história? Que tipo de educação? Que tal começarmos por assegura escola de tempo integral a todas as crianças do infantil até o 9º ano? Que tal garantirmos acesso a esporte, lazer e arte para todas essas crianças até a adolescência?

Agora uma provocação: pegue um garoto, filho de classe média e bem educado e dê-lhe um revólver e, durante cinco dias seguidos, algumas pedras de crack e espere pra ver em que ele se transforma.

Pegue um garoto, de mesma idade, filho de um trabalhador assalariado, morador de região de risco, dê-lhe uma escola digna, uma flauta, um violão, um zabumba, uma sanfona, uma quadra de esportes, uma piscina...e veja em que ele se transformará.

Livre pensar!

8 de março de 2012

NÓS, HOMENS E MULHERES

Quando nenhuma fêmea se sentir acossada ou intimidada pela força física de um macho; Quando nenhuma mulher for forçada por um homem a fazer algo que não seja exatamente a expressão do seu desejo; Quando nenhuma mulher for mais obrigada a se submeter à violência doméstica, por medo de ficar sozinha, por medo de ser morta, por medo de ser punida... Quando nenhuma mulher for remunerada discriminadamente, mesmo realizando trabalho igual ao de um homem; Quando nenhuma mulher precisar desenvolver tripla jornada de trabalho e ainda ser tratada como objeto; Quando nenhum homem olhar pra uma mulher e sentir que ele é quem sabe, é quem pode, é quem manda... Quando as mulheres não precisarem mais de uma delegacia "da mulher"; Quando mulheres e homens compreenderem que maior que a opressão de gênero é a opressão de classe; Quando homens e mulheres, irmanados, igualados socialmente, compreenderem que é possível edificar um mundo sem amarras e opressões de nenhuma espécie... Quem sabe...quem sabe...poderemos dizer que vivemos em uma sociedade verdadeiramente democrática. De quem será a obra? Nossa. De homens e mulheres libertos da consciência opressora, dominadora, que impera numa estrutura social que ainda prima pela concorrência, pela lei do mais forte, pela discriminação, pela submissão de uns aos desígnios e seios de outros. Esse mundo é possível? Acredito que sim e trabalho para construí-lo. Um mundo orientado pela solidariedade, a fraternidade, a igualdade de direitos, a igualdade efetiva de oportunidades. Se justiça social for uma utopia, que lutemos por ela! Se a felicidade geral da nação for um delírio, que exercitemos a nossa loucura! Pra que servem os sonhos, se não para que saibamos que de outro modo o mundo fica sem graça e sem o brilho das estrelas a noite fica também mais sem graça. Vamos juntos, homens e mulheres!

6 de março de 2012

A ADUEPB e a crise. Silêncio!

Sobre silêncios provocados pela Aduepb  

Com a fuga desesperada e injustificada da Assembleia na última sexta (2/março), espero que a diretoria da Aduepb reconheça suas limitações e a derrota que provocou para si mesma. Com isto, agora me sentirei seguro para preencher minha ficha de filiação e voltar à condição de servidor sindicalizado. Por que não o fiz antes? Alguns momentos se mostram emblemáticos para que não o fizesse, dentre os quais destaco os seguintes.

Há seis meses na Universidade, em dezembro de 2007 recebemos no campus VI a visita desse sindicato. Como naquele momento eu e os demais colegas (todos, diga-se de passagem) discordávamos do pleito do sindicato, queriam que não aceitássemos o PCCR tal como proposto pela reitoria, não fomos ouvidos. Já com a ficha preenchida em mãos, preferi atirá-la ao lixo, pois pela primeira vez vi uma instância sindical chegar com as propostas prontas e determinadas, negando o direito à voz e ao planejamento à classe que representa. Foi naquele momento que percebi a fragilidade de uma instância que deveria nos representar, lutando contra a própria categoria – pelo menos naquele campus estávamos todos convencidos disto, o que permanecemos convictos até hoje. Assim, companheiros, nesse momento eu não pude falar porque era novo na Universidade, pretexto da Aduepb para que não nos dessem ouvidos.

Este ano estamos em meio a uma luta pela manutenção da Lei de Autonomia da UEPB. Isto estava claro para todos que compareceram à Assembleia da Aduepb na sexta-feira. Ouvi de uma professora “não aguento mais escutar essa palavra, autonomia” – até manifestações dessa natureza são aceitas em um evento assim. Óbvio que não teríamos uma unanimidade. Mas, igualmente improvável deveria ser um sindicato lutar mais uma vez por uma causa que não seja da categoria – estou aqui entendendo que a Autonomia Financeira da Universidade seja também uma causa da categoria, ou pelo menos de sua maioria. Mais uma vez me decepcionei.

Em mais uma oportunidade queriam me negar o direito de falar, com o argumento de que não sou sindicalizado, o que é forte para mim, pois desde meus tempos de metalurgia que me sinto com a obrigação e direito de ser filiado a um sindicato. Como se esse argumento não bastasse, vários foram os manifestantes presentes que declararam ou insinuaram que eu, como diretor de centro, assim como os demais gestores presentes, não tínhamos legitimidade para estar naquela assembleia. Ora, acaso deixamos de ser professores, de ter interesse pelo bem da Universidade? Passamos a desprezar o nosso desenvolvimento profissional? Não queremos mais pensar em nossa progressão ou em melhoria em nossas condições de trabalho e em nossos salários? A mesa diretora dos trabalhos em nenhum momento se pronunciou contrário a esse tipo de ataque, mostrou-se condescendente, chegando a publicar em seu site excertos que corroboram isto.

Sobre essa matéria gostaria de acrescentar que sou diretor de centro porque fui eleito segundo as normas estabelecidas em nossa Universidade, de forma democrática. A mim não foram prometidos ou concedidos quaisquer favorecimentos pessoais na Universidade ou fora dela, nem eu os aceitaria. Também por esse motivo permaneço convicto na luta por uma instância sindical dessa Universidade livre de interferências do governo ou de quaisquer outros grupos que tenham interesses que não sejam os nossos, negociados de maneira legítima, convergindo para o bem e desenvolvimento da UEPB e da Paraíba. Sindicato é para lutar pela categoria, não pelo governo ou outras instâncias administrativas.

Que a nova diretoria não caia nesse mesmo erro.  Seja na luta pela Autonomia ou em quaisquer outros momentos, que ouça a sua categoria e a represente de fato, falando em seu nome segundo a demanda por ela estabelecida. Falando especificamente desse momento, é de todos a luta pelo cumprimento da Lei de Autonomia, da gestão da Universidade, da Aduepb, do povo paraibano, da academia brasileira, logo há muita convergência entre os interesses de todas essas esferas. Mas o sindicato, caros companheiros, deve falar em nome de toda a categoria de docentes, ouvindo-a, não sucumbindo a ofertas que exiguam nossa capacidade de luta e minem as conquistas da Universidade. À luta, companheiros, pela UEPB, por sua Autonomia e por um sindicato que nos represente!

Joelson Pimentel