5 de fevereiro de 2012

Autonomia da UEPB: Uma Questão Moral Posta ao Sr. Governador


            De Aristóteles (quando sugere que a Autonomia é a condição da felicidade) a Marx (quando afirma que a autonomia política tem por base a autonomia econômica), passando por Hegel (e sua dialética do escravo e do senhor), tem razão os grandes pensadores: somente a Autonomia possibilita a Liberdade, lembrando que a Liberdade é o primeiro maior bem, depois da Vida.

            Assim sendo, a educação que não objetiva a Autonomia não gera Sujeitos, mas objetos, vez que ser Sujeito significa ser dono de seus desejos e comandante de suas escolhas na busca da concretização de seus próprios anseios e ideais. É isso que as ditaduras não aceitam, seja a ditadura familiar, sejam as ditaduras de Estado, a primeira destruindo a constituição do sentido do Ser, as segundas ultrajando o sentido de ser das Constituições, ambas agindo pela força, que é a suprema negação do poder, como afirma Hannah Arendt.

            Dessa forma, se o pai-ditador passa à História dos homens como castrador, o governante-ditador passa à História da humanidade como déspota. Entretanto, mesmo quando movido por mínima liberdade, somos, ainda assim, minimamente autônomos para escolher. Ao escolhermos, escrevemos nossa história, inscrevendo-nos nas historicidades alheias. E sábio é aquele que, como preceitua Kant, se pergunta, antes de escolher: “Quero? Posso? Devo?” Assim, deve todo Pai se perguntar: “Quero, posso, devo educar em função da autonomia ou da subserviência?” E cabe a todo Governante perquirir: “Quero, posso, devo governar em função da subserviência ou da autonomia?” Aqueles que a isso responderem afirmativamente passam à História como inesquecíveis, porque sábios; aqueles que a isso negativamente responderem, passam à História como esquecíveis, porque tiranos execráveis. Ser para sempre relembrado ou esquecido para sempre é esta a questão que a manutenção ou a quebra da autonomia da Universidade Estadual da Paraíba propõe ao Sr. Governador Ricardo Coutinho. Será sábio? Será néscio? Lembrando que, ao escolhermos, nos escolhemos, cabe apenas ao Sr. Governador responder – e em respondendo a isso, engrandecer-se ou encolher.

Edmundo de Oliveira Gaudêncio
Professor Titular
Departamento de Psicologia
Universidade Estadual da Paraíba