13 de junho de 2012

SOBRE POLÍTICA E ZUMBIS

Não espere muito da parte dos seus adversários. No máximo espere deles que joguem limpo, dentro das regras, que travem o bom combate e, exitosos ou não, encerrada a batalha tenham a hombridade e a altivez  de não humilharem nas vitórias e/ou sejam humildes no reconhecimento das derrotas.

Na nossa Paraíba velha de guerra cria-se a cada novo dia uma espécie de cultura da eleição infinita. Palanques que não se desmancham, eleições que não acabam... Parece aquela eterna disputa de Flamengo e Sport do Recife pelo título do fatídico campeonato brasileiro de 1987.

Incomoda profundamente ouvir as doces palavras "democracia" e "transparência" de bocas que seus donos não resistem a meia hora de prática daquilo que defendem na retórica. Parece mesmo que a retórica é a eterna arma dos fracos. No caso, os fracos de espírito.

Os fracos (pobres) de espírito se escondem atrás do véu da retórica pura e simples. Seus atos não se sustentam pelas suas palavras. Não buscam aquela necessária e saudável sintonia entre pensamentos, palavras e atitudes. Palavras não ensinam. exemplos sim.

O ofício de exumar cadáveres deveria ser deixado aos que são treinados para tal fim. Trata-se de aceitar de forma benevolente a vontade da maioria e a ela submeter-se. Não fazê-lo é revelador de prepotência, de uma arrogância ímpar, o que não ajuda nem mesmo o derrotado a compreender os fenômenos que o levaram ao insucesso e buscar melhorar, crescer, dar a volta por cima.

É como se o sujeito dissesse: se eu não fui o "escolhido" a responsabilidade é dos que não me escolheram. Porém, só não o fizeram porque estavam amordaçados, agrilhoados e sob todas as formas de opressão, desde o jugo absolutista (psicológico?) dos que mandam ao viés mais mesquinho e lamentável que é a ignorância. Ou seja, não votaram em mim porque não foram capazes e dignos de compreender a minha mensagem que era a melhor.

Deixemos os zumbis no lugar em que eles cabem: na fantasia, no misticismo, nas crendices populares. Eles não assustam aos que neles não acreditam.

8 de junho de 2012

DROGARIA VENDE O QUÊ?

Diálogo (im)pertinente. No interior do carro, Vinícius lê uma grande placa e pergunta: - Papai, "drogaria" é o quê? - É o mesmo que farmácia, filho. Respondi. Com sua habitual sinceridade, o garoto questiona: - Não seria melhor o nome "farmácia"? Assim confunde, pois a gente pensa que lá eles vendem "droga de verdade". Essa nossa língua brasileira...

6 de junho de 2012

DO DIREITO DE FURAR FILAS

Impressionado com uma cena da qual fui protagonista hoje. Registro o ocorrido enquanto descanso o juízo das leituras obrigatórias.
Precisando realizar um pagamento aproveitei pra fazê-lo numa lotérica e, de quebra, arriscar uma chance de acrescentar uns seis zeros à direta no saldo bancário.
Doze pessoas na fila, dentre elas uma senhora septuagenária e um senhor de aparência idem. Em posições diferentes. Duas garotinhas de aproximadamente 12 e 10 anos respectivamente. Os outros todos eram homens. Julgo entre 25 e 50, meu caso.
Eu, o último da fila. Uma senhora aparentando idade próxima da minha chegou depois reclamando da fila grande e vai em direção ao caixa. Pede ao segundo da fila para pagar sua conta dizendo estar com pressa. O cidadão imediatamente diz: “pode entrar aqui na minha frente”.
Indignado, dirigi-me calmamente ao senhor e disse-lhe que ele precisaria consultar a todos da fila se aceitariam que aquela senhora “furasse a fila”, pois todos e cada um tinham suas razões para querer sair dali o mais rapidamente possível. Pois não é que o rapaz se zangou? Respondeu-me, já alterando o tom, que botaria na frente dele quem ele quisesse. Até mesmo eu, se me achasse merecedor. "Estou no meu direito", sapecou a sentença!
Respondi que não. Esclareci que não queria passar adiante e que apenas defendia o meu direito e de todos em esperar cada um a sua vez. Como vi que ia esquentando o debate e ninguém reagia positivamente à minha intervenção, voltei pro meu lugar quase humilhado. De quebra perguntei àquela senhora mais idosa: “qual sua idade?” Ela: “setenta e quatro, moço, mas eu não vou pra frente porque às vezes ficam me xingando".
Num impulso peguei a senhorinha pelo braço e a levei à “boca do caixa”. Exigi que ela fosse atendida e voltei pro meu lugar. O sujeito do início da história ficou me insultando e defendendo o “seu direito” até o final, no que foi apoiado por mais dois da fila.
Eu hein? Não entendi foi nada! Recolhi-me à minha insignificância, pois não sou homem de bater boca em fila de nada. Quer dizer, enquanto ninguém passa à minha frente.
Só sei que a velhinha (isso mesmo!) passou por mim, tocou meu braço e disse baixinho: “brigado, moço! Ô, povo mal educado!”
Fiquei ali em silêncio, com aquele sorriso maroto de canto de boca. Quer dizer, eu e meus botões. Vôti!