27 de julho de 2009

ENDIVIDADO

Não tenho como não reconhecer que minha dívida agigantou-se. Prometi algo que não cumpri. O blogueiro entrou numa espécie de recesso branco. Além de andar ocupando o juízo com outras tantas coisas depois do retorno, confesso estar passando por um período de relativa esterilidade criativa. Tenho alguns rascunhos pra terminar e publicar, contos, poemas e textos outros. Por pura ausência de firmeza naquilo que escrevi e não deixei vir a lume. Pra não ocupar as cabeças privilegiadas que me visitam eu terminei por me segurar enquanto desatava uns outros tantos nós do juízo. Coisas da vida... Fico deveras sensibilizado com as manifestações de tanta gente boa e bacana. Agora mesmo, pra você ter uma ideía, é tarde e preciso arranjar inspiração (que deverá ficar pro despertar após o merecido sono noturno), pra preparar um texto que deverei apresentar numa aula inaugural do período letivo na cidade de Guarabira, Centro de Humanidades da UEPB amanhã à noite. Aliás, com ou sem inspiração ele terá que sair. Ou seja: se não sair na inspiração, sai na transpiração. Abraços penhoradamente agradecidos. Pagarei a conta oportunamente, esperando que seja muitíssimo breve.

22 de julho de 2009

FAZ TEMPOS QUE NÃO SEI O QUE É ISSO

Pequenas historinhas e algumas reflexões sem dor, como diria Millôr. Ando meio invernoso por dentro e por fora. Campina me recebeu com chuva fina e uma briga boba entre o mormaço e a friagem noturna de sempre, mas de outros tempos. Saudades do inverno caririzeiro, saudades da meninice, saudades de mim mesmo e de tudo que deixamos de fazer quando o tempo deixou de ser generoso conosco nos dizendo, como diria Chico e Ruy Guerra na sua Ópera, "vai trabalhar, vagabundo". E não parou mais... Conheci um candidato a boêmio e artista que teve que ouvir as vozes da razão, teve que dar razão às vozes da vida, teve que viver com a voz engasgada, mas buscando ser feliz da mesma forma, mas de outro jeito. "Canta, canta, minha gente, deixa a tristeza pra lá. Canta forte, canta alto, que a vida vai melhorar..." A mãe alerta a filha preocupada: "Minha filha, não se chegue com tocador de violão que 'isso' não tem futuro pra ninguém..." e o tocador indignado pensou caladinho... "he, he, he... ela nem sabe o que é futuro!" E ganhou o mundo e não calou a voz e não silenciou as cordas e nem desafinou, salvo exceções de praxe, pois como dizia Dona Neide, "deixa isso pro sino, que só não toma umas porque é de ferro e a boca é pra baixo!" E o então garoto virou professor por acaso, apaixonou-se pelo pó-de-giz. Ou seria paixão pelo outro?, pelo contato?, pela emoção de aprender junto? E daí o salário de fome virou instrumento de luta. E aí as dificuldades viraram bandeira. E aí o pouco de massa cinzenta, posta à prova, deu algumas respostas e a vida sorriu de novo como quem diz: "vai, menino! Não há caminho, pois ele se constrói ao caminhar". E Paulo Freire deu umas dicas, Galeano deu outras, o velho, grande e tão difamado Karl M. ofereceu régua e compasso, Vladimir I. L. foi mostrando como de traçam planos e como se organizam lutas... e a camaradagem aprendida na prática foi forjando um outro homem, redivivo. Viva o som de todas as coisas! Viva o cordão encarnado! Hoje as lutas parece que só começaram e o tal sujeito acorda pra caminhada sonhando que o inverno alimente seus sonhos tanto quanto os meus. Que prepare a terra e a deixe prenhe de sementes, pois a natureza já faz a sua parte. Na vida, só não aprende quem não quer, dizia um pensador meu amigo. Aprende-se até a perdoar que é serviço pesado. Aprende-se a ser paciente que é desafio dos grandes. Aprende-se a ser tolerante que é terefa pro tempo. Aprende-se a reconhecer no outro a possibilidade de lhe dar acabamento, de ser quase por inteiro na sua eterna incompletude. Esse cara que conheço se parece muito comigo, mas não sou eu, pois esse que era aquilo já não é, sendo a mesma pessoa. É um, é dois, é muitos, sendo múltiplo num só. Vive e prepara o amanhecer. Há uma aurora a caminho e quando se faz noite é preciso lembrar que o mundo e a vida estão em movimento. Auroras e ocasos, movimentos da mesma coisa sendo o que parece e sendo o que não parece ser, mas apenas sendo, aqui e algures. Nós apenas interpretamos e lhes damos nomes. Por hoje sou inverno. Amanhã, quem sabe?

21 de julho de 2009

AINDA PELOS (E PARA OS) AMIGOS

Beto Mi fala por mim, por hoje e por hora. Grande compositor e poeta, intérprete dos melhores, uma belíssima voz e um sujeito de uma humanidade sem medidas. Não acredito em 'amigos de verdade' ou amigos de outro jeito. Basta AMIGO, sem adjetivos. Se não for 'de verdade', é porque não é AMIGO! "Caro amigo te escrevo E assim me distraio um pouco Estou fazendo tratamento pros nervos Desse mundo que está muito louco Desde que você foi embora Tenho uma grande novidade O ano velho acabou e até agora Nada muda aqui nessa cidade A gente não sai de casa Mesmo por um bom motivo Falando nisso cortaram as asas E o bico do meu paraíso E nós ficamos calados Por uma semana inteira E o outro, quando resmunga, coitado Abre a boca e só fala besteira Mas a televisão Nos disse o ano que virá Trará uma grande transformação E todos nós estamos a esperar Serão três noites de luz E o quanto mais não importa Pois cada Cristo descerá da cruz E os gênios estarão de volta E se terá comida Sobrando em cada mesa E até os surdos irão escutar O que os mudos falam com certeza E se fará amor Cada como bem quiser E cada rosa assumirá sua flor Seja ela homem ou mulher E sem grandes distúrbios Alguns mitos sumirão Serão, talvez, os espertos cretinos Cada qual de sua geração Veja caro amigo O que te escrevo e te digo E como estou contente De estar aqui com essa gente Veja caro amigo O que a gente tem que inventar Para poder se gozar E continuar esperando E se esse momento Passasse num instante Veja caro amigo Como é divino e importante Que nele nós estejamos O ano que está chegando Daqui a um ano será saudade Eu estou me preparando E é essa a grande novidade"

20 de julho de 2009

A LUA

"Ai, alua que no céu surgiu / não é a mesma que te viu..." O poeta se derrama em versos na canção. Não é a mesma que te viu, nem é a mesma que saiu pra brincar o carnaval, nem aquela que o homem, insensato (pesquisador, diriam), em busca do futuro, tentou fazer de nau. O navegador quase solitário de um pássaro-máquina que há quarenta anos se perdeu. Se perdeu? Perdeu! Venceu a lua! O homem não conquistou a lua, pois ela nada tinha para lhe dar além do sonho e do aprendizado da viagem. Há 40 anos, de cada 4 casas no Brasil somente uma tinha TV. A minha estava entre as outras 3 que não possuíam ainda o aparelhinho que iria, anos depois, ser o centro das atenções em todos os lares. Os vizinhos amigos já não sentam mais à calçada depois do jantar prum papo, pois todos sentam-se em redor da TV. Se a lua em 69 era branco e preta, hoje é cheia de policromia. O homem já esteve lá outras vezes, mas, incrivelmente, ainda não conseguiu estragá-la nem quebrar o seu encanto, como diria o compositor popular, e ela continua a todos encantando sem ser de ninguém. Será? Os bandeirantes fincavam uma bandeira em solo quando queriam demarcar seu território, seu novo espaço conquistado. A lua, lá de longe, continua encantando e sendo mote para os poetas, alento para os sonhadores, inspiração para os namorados, moldura para noites de fantasia e, para muitos, ajudando os pintos a saírem dos ovos. Cá comigo e meus poucos botões (confidentes de priscas eras), continuo acreditando que tudo aquilo é verdade, apesar de ainda ter gente (pode parecer incrível) que crê no contrário. Tudo aquilo seria pura montagem tecnológica pra enganar incautos. Mas quem seriam os incautos? A lua continua, lá de longe, sendo em minha fantasia o lugar onde mora São Jorge e seu cavalo, com sua lança e valentia combatendo o dragão da maldade. Você já reparou na lua quando ela é nova? Você já caminhou pelo mato, em uma estradinha qualquer sem faróis nem nada numa noite de lua cheia? Existem coisas que já se perderam pra nós ou ainda estão por desafiarmos antes que se tornem proibidas. Uma delas é uma caminhada pelo mato em noite de lua cheia. Ainda é tempo! Não deixe pra depois... Você já curtiu um luau onde apenas uma fogueira rivalizava com a lua num duelo de luzes e sombras e sinistras siluetas descortinando o horizonte bem ali, pertinho dos seus olhos? Se não, ainda é tempo de experimentar. Ainda não é proibido! "Noite alta, céu risonho / A quietude é quase um sonho /O luar cai sobre a mata / qual uma chuva de prata / De raríssimo esplendor..." (Catulo). Alguém há-de dizer que isso é brega, antiquado, cafona, careta, demodé. Alguém provavelmente pense que é delírio. Apenas acho que a lua é lá e que tem tudo a ver conosco, seus ciclos, nossos ciclos, suas fases, nossas fases... Somos Crescente enquanto Nova e, sinceramente, acho muitíssimo Minguante a vida que não é Cheia de lua.

A PROPÓSITO DO DIA DO AMIGO

Amigos são como nuvens, você não os vê, às vezes, mas eles estão lá! Em algum lugar eles estão! Os seres humanos precisavam viver perto, viver juntos. Era uma questão de sobrevivência para continuarem sendo isso, humanos. E dando-se conta do quanto era chato tal necessidade inventaram o amigo. Não bastava estar perto, não bastava estar junto, não bastava ser um apoiador do outro. Os humanos acharam por bem de inventar a amizade. Amizade é essa coisa esquisita que faz com que as pessoas fiquem perto estando longe, sejam presença quando a geografia e o cotidiano dizem pra ser longe. Longe? Onde é mesmo tal lugar? E desde quando a gente realmente não se fala? E desde onde a gente de fato não se vê? Pro amigo não existem tais situações. Você simplesmente recorda, revive, revê uma foto antiga, relembra, encontra e aí não existe essa de não estar perto. Amigo, mas amigo de verdade, diuz o dito popular, é como colhão de porco: está sempre junto! Pra mim, quando um amigo não está junto está por perto e quando não está por perto está nalgum lugar que a gente não sabe, mas está dentro. Tão dentro que basta um lampejo de relembrança, uma faísca de memória e lá vem ao lado de sua companheira inseparável, a saudade. Ora, quem disse que estivemos tanto tempo sem nos vermos? Parece até que foi ontem! Parece que nunca deixamos de nos falar. Parece que não mudamos, parece que nem crescemos, meu amigo, minha amiga! Mas crescemos tanto que sobra lugar pra mais amigos e o seu continua aqui. Dia do amigo deveria ser todo dia! Na verdade, todo dia é dia do amigo, dia da amizade, dia de celebrar a vida e esse jeito bonito de seres humanos se sentirem importantes. Já pensou como você se sente importante quando descobre que um (a) amigo (a) o (a) reconhece como amigo (a)?Amigos não se separam pela pele, por membranas. Amigos não se exploram. Amigos não usufruem um do outro. Amigos não se bastam a si mesmo, precisam saber que o outro existe. E quando o outro não existe mais fisicamente continua existindo na lembrança. Amigos são mais que irmãos, que a gente ganha de presente, com informação genética parecida, pai, mãe e casa. Amigos a gente planta, cuida, rega e nunca poda. Deixa que a natureza faça sua parte. Mas, a parte fundamental somos nós que fazemos. Amigos são mais que irmãos porque são construção permanente, sem projeto. Amigos são como música, mas não precisam ser tocados pra existirem, porque são tocados por sonoridades inaudíveis, são executados por instrumentos inexistentes fisicamente. Aliás, sentimento é física? Se não for deve ser ao menos energia em movimento. Então é coisa que não se pega, não se apalpa, não se toca, mas nos toca! Amo você, meu amigo, minha amiga! Pra mim, dia do amigo é hoje, é agora! Quando precisar de um ombro, de uma mão, de um olhar, de um gesto, de uma palavra, de um colo, aqui estarei. E se não precisar de nada, não se preocupe. Nossa amizade não precisa de nada, apenas de continuarmos sendo eu e você. Haja o que houver você continuará existindo dentro de mim! Apenas isso! Publicado originalmente em 01.08.06

15 de julho de 2009

DIA INTERNACIONAL DO HOMEM

Nossa! Ninguém me parabenizou hoje, 15 de julho, Dia Internacional do Homem. Cadê o glamour?, o charme?, as rosas?, os presentes?... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Só faltava essa! rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs Hoje é Dia Internacional do Homem... hehehehehehehehehehehehehehe kkkkkkkkkkkkkkkkkkk..... rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs............ kkkkkkkkk O Dia Internacional da Mulher tem toda uma história social por detrás. E o do pobre HOMEM? Quem souber me diga! Não quero pesquisar no google... kkkkkkkkkkkkkkkkk Eu mereço! ALiás, nós merecemos... VEJA MATÉRIA DA AGÊNCIA ESTADO. Foi o único 'lugar' onde encontrei uma referência 'positiva' São Paulo - Para comemorar hoje o Dia do Homem a parceria entre a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e a Bayer Schering Pharma promoveu um Mutirão de Saúde do Homem, na Avenida Paulista, para oferecer orientação gratuita sobre prevenção de doenças masculinas. Os homens que passarem nesta manhã, até as 14 horas, pelo Vão Livre do Masp, poderão fazer medição de glicemia, pressão arterial e circunferência abdominal, além de receber um material informativo especial desenvolvido pela SBU sobre a saúde do homem em todas as fases da vida. De acordo com o urologista José Carlos de Almeida, presidente da SBU, é preciso estimular mais os homens a cuidarem da saúde, incentivando-os ao hábito de visitar o médico desde a infância até a maturidade. Entre as doenças que aparecem em todas as fases da vida estão a fimose e varicocele (na adolescência), as doenças relacionadas ao bom desempenho sexual e os cânceres de pênis e testículos (no adulto) e as doenças da próstata e tumores em geral do trato urinário (no idoso). Outro problema que pode atingir o homem na maturidade é o Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM), causado pela queda excessiva dos níveis de testosterona no organismo do homem. O distúrbio atinge cerca de 9% dos homens com mais de 40 anos e 33% dos homens com mais de 60 anos, e pode estar relacionado com: diminuição da libido, disfunção erétil (DE), cansaço, perda de memória, perda de massa muscular e óssea, desânimo, insônia, irritabilidade, fogachos, obesidade, entre outros sintomas.

14 de julho de 2009

O TEMPO PASSA... O MUNDO GIRA...

FOSSE HÁ UNS 30 ANOS: Os dois passeavam pela Praça da Matriz depois da missa dominical noturna. Trocaram um olhar e ela achou que ela era "um docinho de coco". Ela comentou com a colega: "puxa vida, ele é um pão!" Daí a pouco estavam no 'pavilhão' onde havia uma 'quermesse' e, na hora de apresentação do 'pastoril' ele mandou um 'correio elegante' pra ela perguntando: "você está comprometida?" A festa foi rolando e depois de três leilões pra São José, onde arremataram, pela ordem, um cacho de bananas, um galeto assado e um cabrito, enquanto todo mundo se preocupava com a festa e o 'Conjunto' animava a todos, o casalzinho já tirava 'um sarro' encostado na parede da Igreja. Que pecado! FOSSE EM 2009: Os dois passeavam pelo shopping center no domingo à tarde. Trocaram um olhar e ele achou que ela era "um filé". Ela comentou com a colega: "caraca! que gato do car...!" Ficaram naquela azaração! Daí a pouco estavam na praça de alimentação onde rolava aquela gandaia. Ele tomando uma coca-cola com gelo e limão e ela uma H2OH idem. Um colega comum passou o número do celular dela e ele mandou um torpedo incisivo: "kero fik c vc." Ela olhou, sorriu e respondeu com outro torpedo: "kra td blz". 15 minutos depois os dois estavam na sessão de cinema vendo Sherek 3 na maior colação. O filme? Ah, era só uma desculpa! Q blz!

12 de julho de 2009

ALIMENTANDO OS CACHORROS

Tomo a liberdade de ocupar o espaço do Domingo, à noite, prestes a desligar meus motores pro merecido repouso e recarga de baterias, com o intuito de bater o cartão de ponto amanhã, às 8h na UEPB. Li há pouco um artigo que me inquietou e resolvi dividi-lo com vocês, inclusive sem a permissão prévia da autora, mas como já foi publicado, creio que ela não se oporá.

Oziella Inocêncio é de uma nova geração de jornalistas campinenses, formada há uns 3 ou 4 anos pela UEPB. Intelectual de grande capacidade, produziu este texto instigante, publicado em forma de editorial no jornal Diário da Borborema, de Campina Grande.

Além de meter o dedo na ferida, vai muito além da mera crítica genérica como muitos fazem, pondo a culpa no governo ou na falta de segurança, ou então incitando o endurecimento do aparelho repressivo do Estado. Ô motezinho surrado! Aqui não é o caso!

VEJAM O QUE ELA ESCREVE! VALE A PENA!

“Dentro de mim há dois cachorros. Um deles é cruel e mau. O outro é muito bom. Os dois estão sempre brigando. O que ganha a briga é aquele que eu alimento mais freqüentemente." O antigo provérbio dos índios norte americanos reflete bem a natureza do ser humano e poderia servir como ilustração para a chacina ocorrida no bairro do Rangel em João Pessoa. Lá, uma briga de crianças resultou num assassinato brutal, que terminou com a execução de Moisés Soares Filho (36), Raissa Soares dos Santos (02), Raquel Soares dos Santos (10), Rair Soares dos Santos (04), Evanize Soares dos Santos (37) e dois bebês que ela guardava no ventre.

Havia uma mão de criança em cima do guarda roupa. Havia crianças degoladas por um facão. E ficamos, cá, nos perguntando se há limites para a maldade de um indivíduo. Para a nossa própria maldade. Também somos maus. Também, nós, alimentamos nossos cachorros ao sabor do que nos convém. Somos maus quando destratamos alguém por esta pessoa estar abaixo de nós na dita ‘esfera econômica’. Somos maus quando negamos ajuda a quem nos solicita. Somos maus quando olhamos para alguém procurando as cifras que queremos mendigar. Somos maus quando puxamos o tapete do outro, para crescer profissionalmente. Somos maus quando julgamos pelas aparências. Somos maus quando negamos um sorriso, uma gentileza, um bom dia, o perdão. Somos, sobretudo, maus, quando valores como o altruísmo, a generosidade, a compaixão, deixaram de existir para nós - tão contaminados por um mundo que prega a competição, o desamor, o desrespeito. E somos, além de tudo, maus, quando deixamos de enxergar no outro, o que nós mesmos somos.

Porque o outro também sou eu. O outro também teme a morte (e nela pensa todos os dias), teme o frio, a solidão, a pobreza, o desamparo, a velhice, o esquecimento. O outro não gosta de ser destratado, violentado e subjugado naquilo que acredita. É, em suma, meu semelhante nessa estrada de caminhos díspares e tortuosos que é a existência - aquela que tudo ensina aos que estão aptos ao aprendizado. Não é porque o outro é feio eu sou bonito, o outro anda roto e eu possuo grifes nas calças, eu tenho pernas e o outro não, o outro é negro e eu sou branco, o outro aprecia o mesmo sexo e eu prefiro o oposto, que somos diferentes. Somos humanos, em suma, espelhos entre si, oposição e igualdade ao mesmo tempo e sobremodo, símiles quando se trata das nossas necessidades, sonhos, ideais e desejo de bem estar.

A carnificina está aí. A crueldade anda à solta e caminha de mãos dadas com a violência, a mentira e o desejo de estar e se mostrar acima do próximo - que deveria ser visto como irmão, senão religiosamente, ao menos humanamente falando. Carlos José e sua esposa, Edileuza Oliveira, optaram por dar ração aos respectivos cachorros errados. É bom sabermos qual cachorro estamos alimentando. É bom observarmo-nos, diariamente, sobre qual deles queremos alimentar.

DEPOIS DISSO, MELHOR RELFETIRMOS MAIS SOBRE OS BICHOS QUE HABITAM EM NÓS.

10 de julho de 2009

IMAGENS DO RIO DE JANEIRO

O Museu de Arte Contemporânea em Niterói... A tietagem no show revival do grupo O Terço, com Flávio Venturini... Os vitrais do salão nobre das "Laranjeiras Imortais", sede do Fluminense, eterno amor... Outras tantas que mostrarei depois.

CAMINHOS DO CORAÇÃO

Tá valendo... Bons ventos sopram em meu coração, Tempo ficando quente, Brisa de copacabana e um quase adeus... ou até logo, com direito ao primeiro banho de mar - após quatro meses completados exatamente ontem, dia 9 - e dois 'caldos' das raivosas ondas, capazes de açoitar navios. Volto deixando rastros, lembranças, amigos e amigas, uma gostosa sensação de que valeu a pena. A experiência destes quatro meses de imersão, um quse exílio voluntário, uma temporada de tatear chão, palavras e idéias, uma aventura pelos terrritórios do conhecimento essencialmente construído nas trocas com os outros. Os outros de mim agora são bem mais. Que o digam as professoras Maria Luiza Oswald, Rita Ribes, Mailsa Passos e Beto (C. R. Carvalho), sorrisos sempre prontos para dispararem aliados a uma enorme seriedade e compromisso acadêmico com o conhecimento e a liberdade na construção de um mundo melhor. Que o digam tantas novas amigas e amigos que aprendi a gostar e respeitar neste pequeno lapso temporal. A aventura do conhecimento como edificação coletiva, a perda da vergonha do não-saber, o novo, o quase desconhecido, o por vir... A recepção carioca (amorosa) de Cydno Silveira e Lia, Luiz Marçal e Terezinha, as imagens do Rio de Janeiro, o calor das pessoas e mesmo o frio da cidade em certos momentos. A temporada acompanhado por Camilla e Vinícius, a reta final ao lado de Taiguara e Zé Martins, os dois últimos dias só, o quase buraco deixado pelas ausências todas e eu sozinho com minhas lembranças e meus fantasminhas camaradas. A saudade agora é emoldurada pelo almoço com os amigos Cydno e Marçal e a despedida no encontro com Oscar Niemeyer, entrega de Medalha do Mérito Universitário da UEPB, com direito a 'ponta' ocasional em documentário Belga (ou seria francês?) sobre o maior "arquiteto do universo". Ao menos pra mim ele é 'o cara'. Tão miúdo, tão singelo, agigantado pela sua simplicidade ante a beleza e a eterna memória da sua obra fenomenal espalhada pelo mundo. Até mesmo os momentos de solidão preenchidos nas sextas à noite no boteco da Rodolfo Dantas... saudades do Bar do Brito. "Pode ir armando o coreto e preparando aquele arrumadinho... que eu tô voltando..." As terças pós-bakhtinianas no chope do Maracanã... O problema dessas passagens em nossa vida é que elas passam somente pra ficar eternizadas dentro da gente. Volto mais pobre do que quando vim, pois agora não tenho mais uma mãe de carne e osso. Todavia, ganhei uma mãe enorme, agigantada em meu peito pela saudade e a lembrança de sua alegria que, daqui em diante, será o alento pras horas em que a ausência física for por demais dolorosa. Ao mesmo tempo retorno sentindo que nada me diminuiu, muito pelo contrário, salvo a conta bancária. Volto seguro porque na volta ninguém se perde, como diria José Américo de Almeida. Vou em paz porque sei que aqui deixei muita coisa que, em vez de me empobrecerem me enriqueceram, como diria Gonzaguinha, que agora fala por mim em 'Caminhos do Coração'. "Há muito tempo que eu saí de casa Há muito tempo que eu caí na estrada Há muito tempo que eu estou na vida Foi assim que eu quis, e assim eu sou feliz Principalmente por poder voltar A todos os lugares onde já cheguei Pois lá deixei um prato de comida Um abraço amigo, um canto prá dormir e sonhar E aprendi que se depende sempre De tanta, muita, diferente gente Toda pessoa sempre é as marcas Das lições diárias de outras tantas pessoas E é tão bonito quando a gente entende Que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá E é tão bonito quando a gente sente Que nunca está sozinho por mais que pense estar É tão bonito quando a gente pisa firme Nessas linhas que estão nas palmas de nossas mãos É tão bonito quando a gente vai à vida Nos caminhos onde bate, bem mais forte o coração". É isso!

9 de julho de 2009

ANTIGAMENTE EM JUAZEIRINHO...

O sujeito chegava em casa esbaforido e preparado pra levar um carão dos grandes. - Marminino, que foi isso no pé? - Levei um trupicão na calçada, bem na cabeça do dedão, mas não caí, não! - Anda olhando pra cima, é? Deixa eu ver! Será que descolou a unha? Ô minino danado! - Não, mãe, só deu um jeito. Cortou um pedaço e acho que desmentiu... vai ficar uma perebinha só... - Vá logo lavar isso que vou ralar um Cibazol pra botar com Mercúrio Cromo! Vai sarar logo... - Tá bom!

BISBILHOTANDO POR ACASO

"Conheço um punhado de branquelos e amarelos que passam a vida espichados na praia, arrsicando até pegar um câncer de pele, só pra ficar preto. Por que então Michael Jackson não podia querer ficar branco? Deixa o cara, ô, meu!" (Uma moça dizendo pra outra numa mesa ao lado, em conversa de boteco em Copacabana) Voltarei ao assunto.

8 de julho de 2009

MAIS CAÇADORES DE ARCO-ÍRIS

Aonde vai dar essa estrada depois da curva eu não tenho como saber. Afinal, fica na Patagônia argentina e quem esteve por lá foi minha amiga-leitora Socorro Dantas. É dela estes dois presentes que publico aqui, na promessa de continuarmos a busca. Alguém já me disse que tinha capturado um, mas não me enviou. Aguardo colaborações. De vários que ela caçou e disponibilizou na internet publico estes dois. Este último aqui foi obra de um grande acaso, como quase todos os arco-íris caçados por aí afora. A caminho de Campina Grande, no último dia 01 de julho, por volta das 6h da manhã, na saída de Recife, precisamente logo depois de um dos viadutos da avenida Recife saíndo para a rodovia. Se você apurar a vista, como dizíamos lá em Juazeirinho, verá que são dois, um mais aceso e outro clarinho logo à direita. Ei-lo!Agora são de todo mundo!

4 de julho de 2009

ELABORANDO A AUSÊNCIA

Como acontece em boa parte do nosso interior nordestino, num pasado próximo em Juazeirinho eu era Junior de Dona Neide. Assim como já havia sido Junior de Tonito. Assim como quase todos os meus amigos são fulano 'de' sicrano. Conheci na quarta-feira passada o Seu Cícero que lá em Juazeirinho é simplesmente Ciço de Camelo. Seu Camelo foi durante muito anos o coveiro oficial de Juazeirinho. Lá, assim como até bem pouco tempo eram os cartórios, hereditários como capitanias, a função de coveiro também o é. Ainda. Seu Ciço de Camelo é o homem responsável por ajudar a família a juntar todos os signos, coisas que ficaram ou vieram como forma de última homenagem a Dona Neide. Escrevo isto e decido que vou parar de falar no assunto e doravante só comentarei sobre coisas boas, alegres, felizes. Resolvi comentar por conta da impressão que me causou a habilidade de Seu Ciço de Camelo com a colher de pedreiro e a amarração do massame para a vedação final do lugar onde o que restou materialmente dela ficará pra sempre, sob a sombra de uma frondosa Ingazeira. Assim como tantos outros sobre a face da terra, este é um ofício esquisito, o de receber pra colocar numa espécie de depósito definitivo aquilo que para muitos é (ou era) um dos seus bens mais preciosos. Ofício silencioso, ancorado nos gemidos de dor, no choro e nas lágrimas de uns tantos que se debruçam por sobre os ombros de outros tantos em busca de uma última visão, de um último adeus, de uma imagem a mais pra registrar na memória. Preferiria não ter hoje esta imagem registrada, mas é a Seu Ciço de Camelo que rendo minha homenagem. Não tendo a veia de Augusto pra fazer sonetos perfeitos, como os 'versos a um coveiro' e me contento em registrar minha admiração e na sua humildade buscar fortalecer a minha. Eis que um dia eu também estarei lá e, seja quem for, haverá um outro Ciço de Camelo, quiçá um sucessor da mesma linhagem pra realizar humildemente o seu trabalho. Espero que faça tão bem feito serviço que nem um fogo-fátuo apareça em uma noite escura qualquer alimentando fantasias e terrores de quem por um enorme acaso passe por perto nessa hora. Com o passar do tempo, os mais novos lá de Juazeirinho não saberão mais de Seu Tonito nem de Dona Neide e aí eu serei apenas eu mesmo, talvez Rangel Junior, talvez Junior irmão de Zeneto, de Marcos... Espero que o dia de ser 'envelopado' e depositado à sombra da Ingazeira lá da minha cidadezinha esteja tão distante que eu não possa nem imaginar. Quanto a minha mãe, a imagem que fica do seu último adeus é a da humildade, da simplicidade, da bondade e respeito manifestado por tanta gente que foi vê-la no último dia e nos dar um abraço, um aperto de mão, uma palavra. Assim como ela, prefiro ficar apenas como algo bom na memória das pessoas, nas músicas que compuser, nas realizações que a vida me permitir e nos exemplos que puder dar na preparação do caminho. O meu próprio. Afinal, o tempo de nossa passagem pela vida é tão fugaz se comparado com o tempo histórico que nós mesmos não passamos de uma espécie de fogo-fátuo.

3 de julho de 2009

AGRADECIMENTO E PROMESSA

Sensibilizado com tantas manifestações bacanas de gente idem nos comentários postados no blog, agradeço comovido. Sei de toda sinceridade de vocês e da verdade que contem todas as palavras assinaladas. Da mesma forma, em mensagens pelo celular, telefonemas, telegramas, recados e ao vivo. Cá pra nós, o corpo todo ainda está respondendo ao tamanho do baque e a fisioterapia ajudou um pouco hoje e amanhã em sessão especial deverá melhorar mais um pouco. Só não doem as unhas. Ainda não pude sentar aqui pra escrever à vontade e, como gosto, expor minhas impressões do mundo, suas gentes e os fenômenos que me chamam a atenção. Não o fiz por pura falta de tempo e falta também de energia vital. Cheguei de Campina Grande hoje pela manhã depois de tanto tormento, estradas, aeroportos e cadeiras apertadas de aviões. Saudades dos tempos da VARIG. Amanhã tentarei retomar, com cuidado pra não publicar um texto com tantos erros como fiz na terça à noite, sob o impacto da trágica notícia. Me aguardem! Até mesmo porque isso me ajudará em todos os sentidos. Vocês todas (os) me ajudam muito. Só tenho a agradecer. Abraços!