14 de dezembro de 2016

ANDORINHA


Um, dois, três...
Vão-se assim enfileirados
Uns sonhos que andavam por aqui.
Se não fora o etéreo laço que, à toa, atirei
Certamente, nem uma pena da asa sobraria
Desta andorinha pra tecer os fios do meu inverno.

26 de novembro de 2016

SOBRE o amor

A poetisa Constância Maria ofereceu o Mote no Clube do Repente e eu me animei pra arriscar em duas glosas. 👇

Aprendi que a paixão tem dois destinos
Quando explode num peito sonhador
Numa metamorfose vira amor
Ou falece, sem vela, enterro ou sinos
Tempestade que lança em desatinos
Nunca pede perdão, nem se retrata
De amar fui e sou cardiopata
Quando de um coração me vejo expulso
É na força do amor que pego impulso
Pra seguir nessa vida que maltrata.

Toda vez que caí me levantei
Bati logo a poeira e fui seguindo
Cuidadoso, o caminho construindo
Sem pisar no buraco onde pisei
Eu amei, eu sofri, de novo amei
É assim se a paixão me arrebata
E se meu miocárdio me delata
Trepidando tum-tum, em dor convulso
É na força do amor que pego impulso
Pra seguir nessa vida que maltrata.

3 de novembro de 2016

Glosa

Num grupo do whatsapp,  Clube do Repente, oferecido um belo noite arrisquei uma glosa.
Aí...

"Todo carro tem três retrovisores/
Mas olhando para trás não se conduz/
No futuro é onde está a luz/
Que buscamos guiados por valores/
Desenganos, tristezas, desamores/
São percalços de toda a caminhada/
Bem melhor é fazer a própria estrada/
E mirar o horizonte à sua frente/
Amanhã será hoje novamente/
E o que foi, já se foi, não vale nada/

Rangel Junior
Mote: Heliodoro Morais

2 de novembro de 2016

O Dia dos Mortos e os meus mortos

Dia dos Mortos ou Dia de Finados? Dá no mesmo. Mas, como sempre, não vou visitar cemitérios. Respeito e admiro que vai. Entretanto, fiz esta escolha divergente já há alguns anos e dela não me arrependo. Mesmo porque posso um dia mudar.

Passar 364 dias do ano e escolher um dia para vivificar a memória daqueles e daquelas que nos valeram muito em vida não tem me parecido muito justo com todas aquelas pessoas.

Resolvi, então, que as homenagearia ou visitaria suas "eternas moradas" a qualquer momento, em qualquer dia do ano, desde que me desse na telha, que surgisse uma oportunidade ou, na falta dela, eu mesmo resolvesse criá-la.

Cada pessoa querida que se foi, porque seu tempo chegou, de alguma maneira continua comigo. Cada amigo ou amiga que partiu antes do combinado (isto porque, principalmente depois dos 50, sempre entendemos como prematura a morte de quem não passou, ainda, dos 80) deixou um pouco de si aqui comigo.

Deste modo, cada uma dessa pessoas que se foi está plenamente presente em vários momentos da minha vida, seja numa leitura de livro, numa memória resgatada, num souvenir qualquer, numa mesa de bar, numa canção entoada ou em simples toques e acordes do meu violão.

Aprendi a amá-las de longe em recolhido e reverente silêncio. Vez por outra faço questão de que outras pessoas saibam de suas existências e de como foram importantes, ao seu modo, em minha existência e na construção e transformação humana do que hoje sou.

Acho que tenho uma espécie de departamento aqui em meu coração e guardo-as em espécies de casinhas sem chaves. Dai, quando menos espero, uma ou outra delas sai e me ativa um registro importante, emocionante, singelo, único... e então acontece o inesperado. Sem convidá-las, sem acionar qualquer mecanismo consciente, elas despertam, saem de suas casinhas e ficam comigo por um tempo até que depois se recolhem novamente.

É assim que as amo. É assim que continuo com elas me relacionando. Trezentos e sessenta e cinco dias por ano. Neste caso de 2016, bissexto, trezentos e sessenta e seis.

16 de outubro de 2016

A VIDA É MUITO MAIS

Eu teria diversas razões para estar triste no dia de hoje.

Porém, a vida nos apresenta situações (e circunstâncias muito especiais) que nos fazem, necessariamente, refletir e perceber que a vida verdadeira, a vida em sua abundância é muito maior do que qualquer pequeno conflito existencial.

Entre a última sexta-feira e hoje estive duas vezes no MAPP - Museu de Arte Popular da Paraíba.

Uma roda de veteranos do choro...uma apresentação especial de um jovem instrumentista, uma canja especial de um jovem trombonista...(mais duas canções...)... boas conversas e sorrisos... Um público pra lá de bacana entre 05 e 80 e poucos anos... Um grupo de turistas visitando...
Uma turma de formandos fotografando pro seu álbum de recordações.... Um casal de namorados trocando juras alumiados pela lua e pelo reflexo das luzes no espelho d'água do Açude Velho... Um grupo de rap (ou seria hip hop?) dançando (sob os pandeiros)... Um diálogo fantástico com um dos maiores arquitetos deste país...  Cydno Ribeiro da Silveira...

As garças pousando, passeando e cagando nas rampas e nos vidros, com sua imponência graciosa e descomprometida...

Oscar Niemeyer ficaria feliz em ver a integração do MAPP à paisagem de Campina Grande e ao imaginário grandiloquente de sua gente.

A vida é mais importante que a arte...
As vezes vemos algo de um ângulo novo e isto muda nossa percepção e muda, portanto, a forma como nos relacionamos com o mundo em redor.

Vamos em frente.

15 de setembro de 2016

ZÉ LAURENTINO: SOBRE POETAS E POESIA

DOIS TEXTOS ANTIGOS AQUI PUBLICADOS:

1. O POETA E A PALAVRA

O poeta e a palavra são farinha do mesmo saco.
A palavra está para o poeta,
assim como a chuva está para o arco-íris.


A palavra na cabeça do poeta,
A palavra na caneta do poeta,
A palavra tinta no pincel do poeta,
A palavra vida no coração do poeta,
A palavra punhal, palavra-dor,
palavra comida, palavra vinho no bucho do poeta.


A palavra nomeia.
O poeta passeia com a palavra.
O poeta namora a palavra.
O poeta come a palavra,
transa com ela, goza e... morre.


Morre o poeta com a palavra.
O poeta da palavra não morre.
A palavra do poeta não morre.
O poeta não morre,
... vira pura palavra!

2. ZÉ LAURENTINO

Poeta é aquele que tira de onde não tem e põe onde não cabe”

Pinto do Monteiro.


José Laurentino da Silva é Paraninfo Geral das turmas concluintes do período letivo 2009.2.

Uma lenda na Universidade, estampou em manchete um dos jornais da cidade. Não inventou nem aumentou, pois estamos de fato diante de uma verdadeira lenda viva da poesia.

Recebida a tarefa de homenageá-lo, em nome da UEPB, busquei inspiração nos poetas. Nada mais justo!

Antes de iniciar esta pequena reflexão saí por aí perguntando e depois fiz a mesma pergunta a mim mesmo:

De que matéria são feitos os poetas?

Pensei em uma resposta rápida: Da mesma matéria que são feitos os pedreiros. Os poetas são gente de carne, osso e sentimento.

Os poetas são seres de luz, disse alguém!

Outro respondeu que os poetas são seres de outro mundo. Talvez o mundo da lua!

Pra me ajudar a entender o problema que levantei fui pedir ajuda ao poeta João Paraibano e ele me disse:

 

"Faço da minha esperança

Arma pra sobreviver,

Até desengano eu planto

Pensando que vai nascer

E rego com as próprias lágrimas

Pra ilusão não morrer.

 

Há três coisas nesta vida

Que Deus me deu e eu aceito:

A Terra para os meus pés,

A viola junto ao peito

E um castelo de sonhos

Pra ruir depois de feito."

 

Pensei que os poetas são como os dias, são como a essência da vida... e então Cecília Meireles me confidenciou que os dias são feitos de matéria fátua.

De que são feitos os dias? 
- De pequenos desejos, 
vagarosas saudades, 
silenciosas lembranças. 

Entre mágoas sombrias, 
momentâneos lampejos: 
vagas felicidades, 
inatuais esperanças. 

De loucuras, de crimes, 
de pecados, de glórias 
- do medo que encadeia 
todas essas mudanças. 

Dentro deles vivemos, 
dentro deles choramos, 
em duros desenlaces 
e em sinistras alianças...

Os poetas são gente comum, que comem feijão com arroz, tomam uma cachaça, mas não cospem no pé do balcão. Os poetas são catalisadores de sentimentos. Por isso carregam consigo todas as dores do mundo, todo o sentimento do mundo.

Disse Carlos Drummond de Andrade:

Tenho apenas duas mãos 
e o sentimento do mundo...”

Poetas e tontos são feitos com palavras”, disse Manoel de Barros, pois “Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas - é de poesia que estão falando”.

E quando os poetas falam com os sonhos, conversam com os desejos, buscam o inimaginável, o imponderável, o inusitado a palavra nova, a cara nova da palavra, o cheiro novo da palavra... é de vida que estão falando.

A poetisa portuguesa Florbela Espanca disse como num desabafo:

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor.”

A mais famosa das tentativas de entender os poetas foi uma empreitada de Fernando Pessoa:

O poeta é um fingidor / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente.”

A Universidade Estadual da Paraíba, que prima e persegue a objetividade da ciência, hoje rende-se ao lirismo e à crueza do cotidiano, ao matuto de Puxinanã que virou homem do mundo.

O nome Zé Laurentino tem 208 mil entradas no Google. No site Usina de Letras, Maria do Socorro Cardoso Xavier afirma:

De inteligência privilegiada o poeta Zé Laurentino coloca-a serviço do seu povo, fazendo rir e tirando lições do acontecer cotidiano caipira. Zé Laurentino é a encarnação do interior nordestino, este sentir rústico, forte, telúrico e pândego ao mesmo tempo”.

Eu, a Cama e Nobelina, Matuto no Futebol, O Mal se Paga com o Bem, Carona de Candidato, Esmola pra São José e tantos outros.

O homem que tem poemas e glosas gravados por dezenas de artistas brasileiros, muito de grande destaque no meio artístico e cultural.

Assim ele se definiu em discurso de posse na Academia de Letras:

Autoridades presentes,

Minhas senhoras e senhores,

Sou poeta sertanejo

Meus maiores professores

A minha maior escola

Foi o toque da viola

E os versos dos cantadores.

 

Meu verso cantou amores, 

Saudade, mágoa, paixão

Já cantou as alegrias

De uma noite de São João

Cantou fartura na mesa,

Também cantou a tristeza

De uma mesa sem pão.

 

Os meus versos se juntaram

Ao violão do boêmio

Foram comigo à choupana

Teatro, colégio e grêmio

Cantei no sertão, na praia,

Ganhei beijos, sofri vaia,

Fui expulso, ganhei prêmio.

 

Estes versos caipiras

De andar estão cansados

Foram bater em Brasília

Disseram aos deputados

Bem como aos senadores

Que nossos trabalhadores

São todos injustiçados.

 

O homem que é um verdadeiro clássico da poesia popular contemporânea, um dos maiores poetas vivos deste país, por incrível que possa parecer, não passa de um Zé, mas não é um Zé qualquer. É do tamanho de um Zé Praxedes. Da estatura de um Zé da Luz, em quem se inspirou e a quem tanto cultua. É Zé Laurentino, o menino do sítio Antas.

Este homem de palavra

Este homem de talento

Produziu da sua lavra

De poemas, mais de um cento

É alegre e sorridente

Chora quando está contente

E é feliz como um menino.

Quem o conhece, o aclama

Que viva sempre essa chama!

Chamada Zé Laurentino.

Parabéns, poetinha! Boa Noite a todos!

Muito obrigado!



12 de julho de 2016

DO INFERNO AO PARAÍSO EM 3 TEMPOS

Meus amigos e minhas amigas.

A vida nos oferece sempre possibilidades que nos desafiam a superar obstáculos e, ao mesmo tempo, superarmos a nós mesmos. O esporte, de modo geral, sempre tem oferecido exemplos desta verdade.

Principalmente nos esportes coletivos onde as falhas de um ou dois podem ser compensadas ou plenamente superadas pelos acertos de outros, pela inspiração e superação de um só, grandes momentos são vivenciados e nos dão a certeza de que o imponderável, o aparentemente  impossível, o inusitado, sempre poderá acontecer, desde que façamos a nossa parte.

A poderosa Raposa do Nordeste, o clube de tantas glórias, o único hexa-campeão paraibano, o maior vencedor de títulos estaduais, desde que entrou na disputa, mais uma vez mostrou que é time feito de "garra e raça pra valer".

Após dois meses de grandes dificuldades, atrapalhado na justiça pelo seu maior rival (que mais uma vez tentou ganhar no tapetão o que não conseguiu em campo), com time remontado durante a competição, consegue a façanha de sair do quase descrédito por uma parte de sua torcida para a perspectiva de novas glórias. Tudo isso em dois jogos. Claramente, desenha-se no horizonte a possibilidade do Campinense Clube, em três semanas, em três disputas em campo, sair da lanterna do seu grupo, incômoda posição, para a liderança.

Pois bem! De vocês que agora estão lendo esta reflexão, quem duvida que a Raposa do Nordeste no próximo domingo poderá e deverá sair de campo com uma expressiva vitória em seus domínios, contra a equipe do Murici de Alagoas? E se 

Depois de uma vitória destacada, contundente e indiscutível tecnicamente frente ao Fluminense da Bahia, depois de uma vitória longe de casa contra o Sergipe, numa situação de plena adversidade, O ânimo dos nossos guerreiros, a motivação de nossa equipe, a garra, a raça e a vontade de vencer deste grupo de atletas, amalgamadas num só sentimento em aliança com a torcida, tornaram-se o principal e mais forte elemento que, aliados à técnica e boa arrumação tática do treinador Moroni, certamente levarão o nosso manto sagrado, a nossa bandeira gloriosa a continuar sendo erguida e brandida no ar com orgulho e honra.

Aguardem, prepare-se, organizem-se vamos todos ao amigão no próximo domingo dia 17 de julho para escrever irmos mais uma belíssima página da história do nosso escrete raposeiro. Vamos todos mostrar que, muito mais que uma camisa, muito mais que um escudo, muito mais que um grupo de jogadores, o que estará em campo será a reafirmação de uma história.

Esse é o destino de glórias do Campinense Clube, que carrega sob este manto sagrado rubro-negro grande parte também da glória de um povo aguerrido, empreendedor, guerreiro, quem nasceu nesta terra campinense ou quem nela fez pouso como escolha de vida, desde os antigos tropeiros aos modernos e progressistas imigrantes.

Quem viver verá! E os secadores invejosos, que disseram que a Raposa estava "Mortinha da Silva Xavier" morderão suas línguas... Quem viver verá! Eu acredito!

Vamos à luta que a glória é nosso destino e será nosso maior prêmio!

2 de julho de 2016

Somos seres auditivos

As pessoas estão perto de nós e percebem o que sentimos e lhes dedicamos por meio de nossas atitudes. Entretanto,  isto não basta.

Levou tempo para descobrir que os humanos somos também culturalmente preparados, treinados como "seres auditivos", num sentido mais subjetivo.

Aquilo que você sente e pratica, o sentimento que você devota a outra pessoa precisa também, para além de sentido e expresso em gestos, ser dito, falado, pro-nun-ci-a-do! Entende o que digo?

Pois bem! Sabe aquela pessoa a quem você ama e está perto? Seu filho ou filha, mãe ou pai, companheiro ou companheira, amante, namorado ou namorada... Você já disse pra ela  "eu te amo" HOJE?

Não? Então diga! A vida é agora. Amanhã pode não ser mais possível. Amanhã pode não estarmos mais vivos.

1 de julho de 2016

Bênção, Mãe!

Bênça, Mãe!
Eu diria a ela na chegada da visita e na saída, como era nosso costume.

Há exatos 7 anos eu estava descendo as escadarias da UERJ,  onde cursava o doutorado, quando um telefonema do meu irmão Bosco Rangel anunciou a verdade fatal e derradeira: Dona Neide havia partido.

Eu já havia perdido mesmo o São João...

Já na madrugada conseguiram um voo que me levaria a João Pessoa, depois de carro pra Campina Grande e ainda depois pra Juazeirinho para definitivamente deixá-la inerte sob a sombra da Timbaúba. Isso mesmo. Coincidentemente, à sombra da árvore que deu nome à sua cidade natal, no Pernambuco.

Mesmo não podendo passar em sua casa pra dizer, eu digo daqui mesmo:
BENÇA,  MÃE!

19 de março de 2016

VAMOS LAVAR A CALÇADA?

Imagine uma calçada Sobr a qual foi feita muita propaganda de sujeira que todos já a vêem como suja, precisando de limpeza...e uns sujeitos vêm e dizem categoricamente que vão lavar pra deixá-la limpinha.
Aí um monte de gente acredita.
Aí quando você vê lá vêm os sujeitos todos muito sujos, com baldes e mais baldes de lama podre. Pode? Estão querendo. E dizem que vão lavar, limpar e tomar conta dela.
Querem apenas a calçada.

Lero de rua

O troço tava ruço mesmo.
O playboy parou no carango, todo fora do contexto, o outro boyzinho chiou, num gesto com as mãos e começou o bafafá.
- Deixe de ser boko-moko, meu irmão!
O outro tentou levar um plá
- Quê-qué-isso, véi! Num seja cri-cri. Foi só um vacilo de nada. Foi mal aí. Foi mal...
Viu-se logo que era um sujeito, assim...  digamos, mais prafrentex, pois foi soltando logo, na bucha:
- Tá tudo nos trinques! Chuchu beleza!
Fez um gesto de tudo xis, abriu um sorrisão, quase uma gaitada.
Não deu outra. Matou a pau!
O sujeito fez um ar de riso, virou a chave do carango de novo e picou a mula.
Tem dia que é assim...

15 de março de 2016

UEPB 50 ANOS


15de Março de 2016.
Bom dia, UEPB!
Hoje, somos todos Universidade Estadual da Paraíba.
Existe apenas uma UEPB. Uma Universidade real. No imaginário das pessoas, ou na maneira de cada um compreendê-la, ela pode ter mil faces, pode se mostrar de mil maneiras.
É que esta Universidade é diversa, multifacetada, plural por natureza.
Uma instituição que é única, singular e plural.
Não cabem em sua história, ou na análise dela, maniqueísmos simplórios de "ou isso ou aquilo". A UEPB é isso e aquilo.
A UEPB que faz 50 anos é a mesma fundada nos idos anos 60 do século XX, início da era sombria de ditadura no Brasil.
No seu Jubileu de Ouro, imersa em mais uma de suas históricas crises cíclicas, acompanha mais uma das históricas e cíclicas crises brasileiras. Desta feita, sem repetir o passado, porém com fortes componentes conservadores e mesmo reacionários identificados com aqueles que dirigiram um golpe de Estado, contra o povo brasileiro em 1964.
Compreender todas essas vicissitudes, penetrar no âmago desta realidade exige vontade de compreensão, mas acima de tudo utilizar instrumentos adequados para a análise e buscar um entendimento objetivo desta realidade, que é histórica e também conjuntural.
Portanto, os que fazem a UEPB de hoje e que celebram o seu cinquentenário, são signatários do presente e também herdeiros de sua história.
Esta Universidade é, ao mesmo tempo, semente, árvore frondosa e frutos.
Nós todos que a edificamos no presente, imbuídos dos mesmos propósitos pioneiros e alimentados pela mesma utopia visionária, acreditamos que o plantio e a rega de hoje serão bem aproveitados e compreendidos no futuro.
Se somos uma comunidade que prima pela razão como guia e o que nos mobiliza é a paixão pela educação, pelo conhecimento, nosso compromisso maior deve ser sempre no sentido de preservar, fortalecer e fazer germinar todas as sementes e vingarem todos os bons frutos que ora plantamos, regamos e outros tantos haverão de colher.
Que venham os próximos 50 anos e que essa trajetória seja sempre bem cuidada, que essa bela história seja sempre preservada.
#SomosTodosUEPB
Meu abraço!
Rangel Jr.

12 de março de 2016

ATUALIZANDO E PONTUANDO

Tenho acompanhado, por intermédio de amigos, que algumas pessoas "amigas do facebook" andaram me "cutucando" nesta rede social, supostamente cobrando de mim um posicionamento político sobre o Brasil, a crise atual e derivados. Como diria Chico Buarque no primeiro verso da canção Essa Pequena, "Meu tempo é curto/ O tempo dela sobra..."

A despeito dos "vigilantes da opinião alheia" de plantão, recomendo que me sigam no meu perfil pessoal do Twitter, @rangeljuniorPB, canal escolhido por mim, por razões muito privativas, no uso dos direitos que me são concedidos, para travar a batalha no campo das ideias, ao menos nestes espaços virtuais.

"Meu tempo é curto..." Mas já escrevi muitas coisas no meu blog pessoal, RANGELJUNIOR, no blogspot, e sugiro também que me acompanhem, ou me "fiscalizem" por lá. Tentarei atualizá-lo com a elaboração de minhas opiniões também sobre o momento político vivido no Brasil. Sim. Também porque não sou de ficar copiando e colando ou apenas "compartilhando" banners e/ou opinião alheia, mesmo fazendo isto quando sinto que algo dito é muito importante e que uma determinada publicação pode representar parte importante do que penso.

Reforço a expressão "minhas opiniões" porque sou homem de opinião. Tenho opinião pessoal e a coragem de expô-la sempre. O que não tenho, isto sim, é disposição, nem tempo, nem paciência pra ficar "de mimimi" ou "hamehame" (ramerame?) neste espaço virtual, meu, privativo, que é por excelência meu locus de exposição e troca de amenidades, registros afetivos, fruições (quase) poéticas, interlocuções pessoais e mesmo, esporadicamente, emissão de opiniões políticas.

Políticas, sim sinhô! Políticas, sim sinhora!
Quem me conhece, mesmo não me respeitando, sabe que sou homem de opinião. E as escrevo. E as publico desde os anos 90 em jornais da Paraíba, em documentos sindicais, em entrevistas a canais de rádio, TV, blogs, portais da internet, pessoas na rua, na feira, nos estádios, nos fóruns políticos, em reuniões com públicos mais variados, em palestras sobre educação, universidade, cultura, juventude, nos artigos que publiquei, na dissertação de mestrado e tese de doutorado que escrevi. Sim, pois eu mesmo escrevi meus trabalhos acadêmicos.
Nunca terceirizei a elaboração de opinião política.

Então, alerto aos fiscais da vida e opinião alheia, que busquem um pouco mais. Saiam da superfície. E aviso ainda que cansarão de tentar "me tirar a terreiro" para entrar numa peitica. Não sou de peitica! Não sou de blá-blá-blá! Vocês me conhecem. Podem nem gostar, mas me conhecem.

Cotidianamente busco exercitar e desenvolver duas coisas (habilidades? Competências?) que considero importantes para o lugar que ocupo sobre a face da terra e os desafios que a vida me oferece: alteridade e resiliência.

Fiquem todos em paz!

P. S. Amanhã, dia 13/03, NÃO vou pra rua. Assistirei pela TV a transmissão completa e ao vivo dos golpistas que "saíram definitivamente do armário". Já a REVOLUÇÃO, de verdade, quanto acontecer, NÃO esperem, pois "NÃO SERÁ TELEVISIONADA".

23 de janeiro de 2016

Água de chuva na quartinha



Pra quem não conhece, isto aqui pode ser um cântaro, uma moringa ou uma "quartinha". Objeto que do ponto de vista imagético que remonta a tempos imemoriais, da China milenar, neste caso tratw-se de um presente da amiga Joselia Nacre e que agora se enche d'água doce, água boa, água de chuva aparada na biqueira da minha casa.

Se já vi ou senti melhor não lembro.

Tem o sabor da água de minha infância lá em Juazeirinho, quando escorria no copo a água fria da quartinha que ficava sobre um pequeno armário da cozinha...ou o som do caneco fazendo "tibungo" dentro do pote que ficava num cantinho também da cozinha.

Era no pé deste pote que Seu Tonito deixava encostada uma garrafa de Januária,  presente precioso de Tio Afonso, vindo lá das bandas do Goiás, e que ele degustava em únicas doses dominicais.

Beber água de chuva, para além do sabor, é viajar no tempo, é recolher cacos da memória, reminiscências de coisas, lugares e gestos muito simples, afetos e aprendizados que já ficam longe na estrada do tempo, mas que continuam aqui dentro, lembrando a todo instante quem eu sou, de onde vim e para onde desejo ir, sem abandonar jamais aquela criança que bebia água do pote e da quartinha.

Salve!