10 de fevereiro de 2010

BBB

BIG BESTEIROL BRASIL!


Talvez fosse um nome mais adequado ao programa televisivo que confina um grupo de pessoas pra conviver durante um tempo numa casa seguindo certas regras, sendo filmado 24 horas por dia e que, de acordo com a superação de certas etapas, pode ser o ganhador de um prêmio de 1 milhão de reais.

Com todo respeito aos que gostam ou apenas assistem, mas não consigo imaginar outra coisa senão que o tal programa não passa de uma artimanha pra manter as pessoas desligadas do seu mundo real e, assim como os personagens do besteirol, aquelas, confinadas diante das telas, fazem o verdadeiro papel de bobos.

Não estudei o assunto com afinco, mas creio que por trás de tudo aquilo há uma grande sacada de espertalhões que querem ganhar muito dinheiro às custas do suor alheio... ah, e da alienação também.

O que chamaria tanto a atenção para o tal programa se não o vazio real existente na vida das pessoas e uma espécie de curiosidade mórbida acerca da intimidade dos outros. Enquanto os sujeitos se debruçam sobre um voyerismo fajuto e pago (pelo menos na conta de energia) há milhões e milhões de reais sendo jogados nas contas correntes dos idealizadores do negócio.

Sinceramente, ficar olhando o que se passa entre quatro paredes no dia-a-dia de um magote de gente sem graça e que faz de conta que está vivendo a vida naquela clausura de opulência, sendo o que é, sendo sincero (a), sendo autêntico (a) e coisas do gênero em meio e um jogo que tenta imitar a vida sem ser vida real é, no mínimo, um mecanismo meio perverso de prender gente diante de uma tela pra assistir o nada vezes coisa nenhuma.

No final do "paredão" lá se foram vinte e tantos milhões de ligações telefônicas a 31 centavos de real, o que dá uns 7 milhões por noite. Parece até que ninguém imagina pra onde vai tanto dinheiro...

Creio que os telefolhetins já cumprem um papel meio devastador num mecanismo mais global de rendição dos brasileiros (mais ainda de brasileiras) a uma forma de entretenimento que no final de quatro a seis meses, com quase uma hora diária, não deixa, do ponto de vista cultural, mais que o equivalente a uma revistinha daquelas intituladas de Bianca ou coisa parecida, que pode ser lida de três ou quatro idas ao sanitário.

Enquanto isso, as mesmas estruturas que montam as "fazendas", "big isso ou aquilo" e tantos outros, as geringonças de prender bobos, são as mesmas que decidem que suas editorias de jornais ou comentaristas criticarão nos noticiários e programas do gênero, a pouca educação do brasileiro, a falta de leitura, o baixo nível de formação intelectual, o pouco investimento em educação, blá, blá, blá...

Sinceramente, isso às vezes me cansa!

Um comentário:

Ana Paula Porto disse...

Parabéns Professor Rangel, consegui de forma objetiva e racional resumir o BBB. Texto maravilhoso, Parabéns!