27 de abril de 2009

DIFRUÇO DO PORCO

Nem tão antigamente assim ouvia o povo dizer em Juazeirinho que o sujeito com espirradeira e 'corrimento nasal' estava com 'difruço'. Na verdade, a expressão já seria uma corruptela de defluxo, até que muito próxima do original. O nome mais popular mesmo sempre foi a velha e famosa gripe. Mas nesse tempo, gripe era gripe e pronto. Uma espécie de versão mais leve, passageira era (e ainda é) o resfriado – aquela coriza, com um pouco de dor de cabeça às vezes, que passa em dois ou três dias com chá de alho e limão, com reza, com qualquer um destes comprimidos que a gente vê na propaganda. Depois eu descobri que gripe e resfriado são duas coisas distintas.

Depois surgiram vários tipos de gripe, até que há algum tempo nos ameaçou assustadoramente uma tal gripe asiática, a 'gripe do frango'... Pois bem! O pobre matuto vendo aquilo na televisão devia ficar encucado. “Mas como é que a gente vai pegar gôgo?” Isso, mesmo porque gripe de frango sempre foi gôgo e era tratada com limão espremido na água e tinha um tipo mais complicado, que enchia a cabeça dos galináceos de caroços e era tratado com óleo queimado de motor de carro. Imagine uma epidemia e um troço desses como remédio popular. E haja propaganda recomendando: troque o óleo do motor do seu carro e ganhe bônus no IPTU, desconto no caviar, no Imposto de Renda... o desmantelo estaria por conta.

Parece piada, mas não é! Fico com medo do que cheira (mal) a piada de mau gosto vendo que a gente escapou da gripe do frango e agora vem por aí uma tal 'gripe do porco'. Fico imaginando se o primeiro a pegar esse vírus o fez num momento de muita proximidade com um pobre porquinho dodói. As TVs e jornais do mundo inteiro mostraram à exaustão durante a última semana as imagens das pessoas nos EUA, no México e em alguns lugares do velho mundo, do povo andando na rua com máscaras de proteção assustadas com a tal gripe suína.

Não duvido que a dita cuja chegue por aqui e aí é que a 'porca torce o rabo'. Imagine se a gente escapa dessa e lá vem de novo o 'mal da vaca louca', doença da 'pomba tonta' (ou seria pomba-lesa?), tosse do cachorro, coceira do gato...

Salve-se quem puder! Como diria Jessier Quirino, “vou-me embora pro passado! Lá tem muito mais futuro!”

Crédito: a imagem é do www. globo.com

3 comentários:

ALFRAPOEMAS disse...

Meu poeta tem razão
A sustança aqui ta pouca
Aparece vaca louca,
Gogo matando cristão.
Nunca se viu no sertão
Um porco atacar de fuça.
A situação ta russa
Todo bicho em pé de guerra
Vou-me embora dessa terra
Antes que “a vaca tussa”.

O testo ficou porreta e eu não poderia deixar passar despercebido. Valeu, velho poeta!

Abraços.

RANGEL JUNIOR disse...

Amigo Alfrânio! Deixe de provocação, pois eu não sou um poeta assim desse 'quilate'.
Mas lá vai uma resposta!

Se a tal gripe suína
Chegar no Rio de Janeiro
Aviso pro mundo inteiro
Não será minha ruína
Dou um nó na minha sina
Vou ver o meu pé-de-serra
Pois cabrito bom não berra
E eu que não sou laúça
Antes que a vaca tussa
Vou-me embora dessa terra.

ALFRAPOEMAS disse...

Valeu, velho poeta, sabia que não ia deixar barato. É assim mesmo!

Abraço.