14 de abril de 2009

TEIMOSIA INTIMISTA E INTERACIONISTA

(OU UMA QUASE POSTAGEM PARA MINHA PREZADA LEITORA KÁTIA LIMA e muito mais gente) Com este título não poderia ser outra coisa. Tenho percebido que pessoas de vários lugares, muitas até que nem conheço (o que é muito bom) de alguma forma chegaram até este Blog e tornaram-se visitantes frequentes, umas mais assíduas, outras menos. Confesso que vivo um dilema entre escrever apenas textos mais reflexivos, de opinião sobre fatos, sobre política, música, cinema, cultura artística em geral, educação... aqui ou acolá um poema, coisas assim. Por outro lado a possibilidade de utilizá-lo também pra pequenas narrativas do cotidiano que me tocaram e, sensibilizado, fico querendo dividir com quem me lê. Lá se vão quase três anos desde a primeira postagem em julho de 2006, ano em que publiquei 60 textos. Em 2007 uma queda enorme e um certo desleixo: 21 postagens; depois em 2008 foram 95 e nestes três meses e meio de 2009 já chegam a 85, com esta. A se manter a média fecharei o ano com mais de 250. Não sei bem ao certo se pretendia formar opinião ou influenciar pessoas, mas é certo que quando alguém se dispõe a publicar suas idéias é porque busca interlocução, busca se ver no outro. Aliás, a gente só se vê a si mesmo no espelho, pois não?, (acho que roubei de Nietzsche essa tese, as outras são de Bakhtin). Escrevo, assim como componho canções, assim como me disponho a conversar por horas às vezes, somente pelo prazer de verbalizar, enunciar coisas, trocar idéias que foram gestadas na experiência do contato com o mundo e essencialmente com o outro. Quando componho uma canção e gravo, mostro pras pessoas é porque quero que elas se emocionem com ela, que 'viajem' com ela, que se deixem tocar por ela. Quando escrevo alguma coisa (talvez seja muita pretensão) a idéia é sempre mexer com o outro, seja no sentido de fazê-lo gostar e entrar no jogo ou apenas como mera provocação de seus sentidos. Portanto, creio que às vezes exagero no gosto pessoal pelas vivências tão prazerosas que tenho experimentado e extrapolo transformando-as em fala escrita, em letras que, mesmo totalmente minhas e de alguns outros, sempre vislumbro a possibilidade de alguém achar interessante essas quase confissões, quase memórias, quase fantasias que exponho vez por outra. Talvez seja por isso que algumas pessoas, que considero muito inteligentes, gostam e voltam aqui pra uma conferência mais ou menos assim: será que tem algo novo ou interessante ali pr'eu ler e pensar um pouco? É essa interlocução que busco e é ela o sentido pra que eu - em meio a tantas atribulações da vida - dedique algum tempo do meu dia pra falar por aqui. Fico feliz e honrado por ter pessoas como você que me leem e, provocadas, respondem, às vezes aqui mesmo com um comentário. Noutras talvez o texto (as idéias) continue vivo nalgum lugar da memória, trabalhando, atuando, provocando novas produções de sentido. Isto é o mais bacana da história toda. Vamos em frente! Aceito (e gosto de) críticas e sugestões. Podem ser públicas ou no meu email pessoal. P.S. Gostei das complementações de leitoras preciosas sobre músicas que falam de chuva. Adoro chuva... pra tudo, até pra tomar banho nela. E se for num carnaval... vixe!!!!!

4 comentários:

Débhora Melo disse...

Caro Rangel!

Não se preocupe em se preocupar com o que nós leitores queremos ler.
Falando por mim e creio por muitos outros leitores que lhe admira, só tenho que aconselhar diante desse texto preocupante, rsrs:
Seja você, escreva o que tiver vontade, conte suas histórias, suas emoções, seus anseios, seus amores, amigos, rotina, curiosidade,emoções,paixões, saudades,leituras,realidades,literatura, cultura,poesias,sonhos, desejos,o concreto, o inanimado, músicas,todos os sentidos aguçados,enfim, conte-nos seus aprendizados, isso nos faz bem, e nos faz está aqui!



ABSTRAÇÃO

Meu silêncio é sem quietação
Meu coração é de um túmulo sem vida,
A responder, a desejar....
Cansado de viver independente dos meios positivos,
indefesos...
Sem motivo metafísico, corre tantos riscos
em querer, preencher com tuas luzes,
Meu espírito.

(Nem sei por que estou postando ABSTRAÇÃO, ou sei? mas está indo...



Um abraço,

Débhora Melo.

Socorro disse...

Caro amigo,
Ao assistir o filme “Lisbela e o Prisioneiro” , a deliciosa comédia romântica dirigida por Guel Arraes em 2003, quase desmaiei de rir em vários momentos. Puro prazer! Pura identificação em algumas falas, situações e até olhares. O mesmo aconteceu em “O Auto da Compadecida” e outras produções do gênero. Ao ler Ariano Suassuna, ao ouvir uns ‘causos’ contados por Jessier Quirino e outras coisas do gênero, também me delicio. AMO!
Nesse sentido, ‘me ponho a pensar’ algo meio assim: Será que alguém que nasceu em uma grande metrópole do Sul ou Sudeste do país, que sempre viveu a ‘concretude do concreto armado’, que nunca tomou um banho de chuva numa ‘biqueira’, que nunca ‘correu de boi brabo’, que nunca jogou pedrinhas na água do açude só pra ver os círculos se formarem, que nunca se embrenhou no meio do mato às vésperas do natal para arrumar um galho prá fazer a árvore enroladinha de algodão, que nunca curou verruga com leite de aveloz, que nunca assistiu a TV tupi sentadinho no chão da casa do vizinho, que nunca saiu da missa do domingo para ficar na pracinha esperando os amigos, que nunca teve um cachorro(vira-lata de preferência) chamado Tupi, Tupã ou Peri...Será que alguém que nunca experienciou algo dessa natureza, consegue alcançar tamanho prazer ao fazer uma leitura mais regionalista...ao assistir um filme do tipo dos que citei acima? Talvez sejam perguntas bobas, eu sei. Imagino que a arte pela arte seja ‘parida’ para alcançar e permitir que todos que dela façam uso, alcancem o seu prazer. Mas comigo é assim. O meu prazer é muito maior à medida que a arte a que eu tenho acesso fala de um universo que também é o meu!
O paralelo que tento fazer aqui, é sobre o ‘possível desconforto’ da leitora Kátia, que apesar de estar retornando ao teu blog, talvez queira trazer teus escritos mais prá perto do universo dela(que naturalmente não sabemos qual é) e assim poder te apreciar muito mais. Talvez a Kátia ao perguntar: “Onde mesmo tu moras? Curiosidade de saber qual serra se referes”. Ou ao dizer: “De vez em quando venho aqui... mas...blog bastante voltado para os amigos, verdadeiros conhecidos, fico voando...kkkkkkkkkkkkkk” esteja apenas querendo ‘participar mais intensamente da brincadeira’.
Eu, do meu lado, tenho que concordar com ela pelo menos no sentido de que é um prazer ‘inenarrável’ kkkkkkk ler você e saber exatamente de que açude você está falando, saber quem são Agenor, Nego Toca e Bola 7(desculpa, mas não sei pq pensei que alguns desses nem tivessem mais por aqui!!!!), ter comido(e ainda comer) muita maxixada, saber que Zé, não é só Martins mas para mim ‘ Zé de Cazuza’....Ler você e ter potencializado o meu prazer por saber(pura pretensão) do teu real e do teu imaginário, do teu Vinicius e da tua Rainha da Borborema. O convite que faço a Kátia é que ela continue a visitar o teu blog que, muito em breve, terá sido irremediavelmente capturada para as redes do teu imaginário também, para além da REALIDADE que ela tanto anseia.
A propósito, estou concluindo a leitura de “Quando Nietzsche chorou”. Deixo uma passagem interessante, dentre tantas outras: “É preciso ter caos e frenesi dentro de si para dar à luz uma estrela dançante.” (está na pág. 244, do livro citado)
Abraços a todos e, vamos seguindo em frente!

KÁTIA LIMA disse...

NOSSA... O QUE FOI QUE ACONTECEU AQUI????
KKKKKKK...
AS INTERLOCUÇÕES DE DEBHORA E SOCORRO FORAM PERFEITAS.
UMA, AO DIZER QUE SEJAS VOCÊ MESMO E A OUTRA, POR COMPLEMENTAR METAFORICAMENTE O QUE A PRIMEIRA DIRETAMENTE CONCLUIU.
NÃO IMAGINAVA QUE FICARIAS PREOCUPADO COM TAMANHA CURIOSIDADE
VINDO DA MINHA PESSOA.
CONCORDO QUANDO VOCÊ DIZ QUE TEM PESSOAS INTELIGENTES AQUI. ADORO VOCÊS(TODOS)....KKKKKK
TUDO SE COMPLEMENTA.
MAS, MEU AMIGO... CONTINUE ASSIM, ESTOU ATÉ ENTENDENDO TUDO AQUI...KKKKKK...MAS... DE ONDE ÉS MESMO? KKKKK...

LÁ VAI UM PENSAMENTO DE NIETZSCHE:

"Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos" .

E GOSTEI DESSE TAMBÉM QUE PARECE SER O DA DEBHORA:


(...)Cansado de viver independente dos meios positivos,
indefesos...
Sem motivo metafísico, corre tantos riscos
em querer, preencher com tuas luzes,
Meu espírito.


AGRADEÇO A COMPREENSÃO SUA RANGEL E DE TODOS AQUI, PELA MINHA INVASÃO.

ABRAÇOS A TODOS.

Aninha Santos disse...

Costumo ler os blogs começando pelos comentários. A rede sócio-virtual(existe isso?)criada nos links de comentários deveria ser objeto de estudo. Débora e Socorro, assim como Kátia, são pessoas que não conheço pessoalmente mas com quem tenho uma intimidade curiosa. Me sinto a vontade em chegar aqui e encontrar os comentários delas; assim como acho natural chegar em casa e encontrar minha família, minhas plantas, meus peixes.

Aos poucos, cada um de nós vai fazendo parte de uma teia, centralizada pelo blogueiro, que a partir de sua própria rede de blogs nos leva a um outro universo onde, muitas vezes, passamos a ser personagem também... Divagações? Talvez. Quisera mesmo era ter tempo e disposição para me dedicar ao tema com olhares científicos... Beijos aos comentaristas do Blog do Rangel!