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30 de abril de 2009
QUERIDO DIÁRIO...
NOVIDADES NO BLOG
29 de abril de 2009
"OS PORCOS ANDAM DE TERNO"
Por Mike Davis, no The Guardian*
Roubando o protagonismo de nosso último assassino oficial, o vírus H5N1, este vírus suíno representa uma ameaça de magnitude desconhecida. Parece menos letal que a Sars (Síndrome Respiratória Aguda, na sigla em inglês) em 2003, mas como gripe, poderia resultar mais duradour que a Sars. Dado que as domesticadas gripes estacionais de tipo “A” matam nada menos do que um milhão de pessoas ao ano, mesmo um modesto incremento de virulência poderia produzir uma carnificina equivalente a uma guerra importante.
Micróbios que voam pelo mundo
Uma de suas primeiras vítimas foi a fé consoladora, predicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na possibilidade de conter as pandemias com respostas imediatas das burocracias sanitárias e independentemente da qualidade da saúde pública local. Desde as primeiras mortes causadas pelo H5N1 em 1997, em Hong Kong, a OMS, com o apoio da maioria das administrações nacionais de saúde, promoveu uma estratégia centrada na identificação e isolamento de uma cepa pandêmica em seu raio local de eclosão, seguida de uma massiva administração de antivirais e, se disponíveis, vacinas para a população.
Uma legião de céticos criticou esse enfoque de contrainsurgência viral, assinalando que os micróbios podem agora voar ao redor do mundo – quase literalmente no caso da gripe aviária – muito mais rapidamente do que a OMS ou os funcionários locais podem reagir ao foco inicial. Esses especialistas observaram também o caráter primitivo, e às vezes inexistente, da vigilância da interface entre as enfermidades humanas e as animais.
Mas o mito de uma intervenção audaciosa, preventiva (e barata) contra a gripe aviária resultou valiosíssimo para a causa dos países ricos que, como os Estados Unidos e a Inglaterra, preferem investir em suas próprias linhas Maginot biológicas, ao invés de incrementar drasticamente a ajuda às frentes epidêmicas avançadas de ultra mar. Tampouco teve preço esse mito para as grandes transnacionais farmacêuticas, envolvidas em uma guerra sem quartel com as exigências dos países em desenvolvimento empenhados em exigir a produção pública de antivirais genéricos fundamentais como o Tamiflu, patenteado pela Roche.
A situação do México e a dos EUA
A versão da OMS e dos centros de controle de enfermidades, que já trabalha com a hipótese de uma pandemia, sem maior necessidade novos investimentos massivos em vigilância sanitária, infraestrutura científica e reguladora, saúde pública básica e acesso global a medicamentos vitais, será agora decisivamente posta a prova pela gripe suída e talvez averigüemos que pertence à mesma categoria de gestão de risco que os títulos e obrigações de Madoff. Não é tão difícil que fracasse o sistema de alertas levando em conta que ele simplesmente não existe. Nem sequer na América do Norte e na União Européia.
Não chega a ser surpreendente que o México careça tanto de capacidade como de vontade política para administrar enfermidades avícolas ou pecuárias, pois a situação só é um pouco melhor ao norte da fronteira, onde a vigilância se desfaz em um infeliz mosaico de jurisdições estatais e as grandes empresas pecuárias enfrentam as regras sanitárias com o mesmo desprezo com que tratam aos trabalhadores e aos animais. Analogamente, uma década inteira de advertências dos cientistas fracassou em garantir transferências de sofisticadas tecnologias virais experimentais aos países situados nas rotas pandêmicas mais prováveis. O México conta com especialistas sanitários de reputação mundial, mas tem que enviar as amostras a um laboratório de Winnipeg para decifrar o genoma do vírus. Assim se perdeu toda uma semana.
Mas ninguém ficou menos alerta que as autoridades de controle de enfermidades em Atlanta. Segundo o Washington Post, o CDC (Centro de Controle de Doenças) só percebeu o problema seis dias depois de o México ter começado a impor medidas de urgência. Não há desculpas para justificar esse atraso. O paradoxal desta gripe suína é que, mesmo que totalmente inesperada, tenha sido prognosticada com grande precisão. Há seis anos, a revista Science publicou um artigo importante mostrando que “após anos de estabilidade, o vírus da gripe suína da América do Norte tinha dado um salto evolutivo vertiginoso”.
Mutações mais virulentas a cada ano
Desde sua identificação durante a Grande Depressão, o vírus H1N1 da gripe suína só havia experimentado uma ligeira mudança de seu genoma original. Em 1998, uma variedade muito patógena começou a dizimar porcas em uma granja da Carolina do Norte, e começaram a surgir novas e mais virulentas versões ano após ano, incluindo uma variante do H1N1 que continha os genes do H3N2 (causador da outra gripe de tipo A com capacidade de contágio entre humanos).
Os cientistas entrevistados pela Science mostravam-se preocupados com a possibilidade de que um desses híbridos pudesse se transformar em um vírus de gripe humana – acredita-se que as pandemias de 1957 e de 1968 foram causadas por uma mistura de genes aviários e humanos forjada no interior de organismos de porcos – e defendiam a criação urgente de um sistema oficial de vigilância para a gripe suína: advertência, cabe dizer, que encontrou ouvidos surdos em Washington, que achava mais importante então despejar bilhões de dólares no sumidouro das fantasias bioterroristas.
Gigantescos infernos fecais
O que provocou tal aceleração na evolução da gripe suína: Há muito que os estudiosos dos vírus estão convencidos que o sistema de agricultura intensiva da China meridional é o principal vetor da mutação gripal: tanto da “deriva” estacional como do episódico intercâmbio genômico. Mas a industrialização empresarial da produção pecuária rompeu o monopólio natural da China na evolução da gripe. O setor pecuário transformou-se nas últimas décadas em algo que se parece mais com a indústria petroquímica do que com a feliz granja familiar pintada nos livros escolares.
Em 1965, por exemplo, havia nos Estados Unidos 53 milhões de porcos espalhados entre mais de um milhão de granjas. Hoje, 65 milhões de porcos concentram-se em 65 mil instalações. Isso significou passar das antiquadas pocilgas a gigantescos infernos fecais nos quais, entre esterco e sob um calor sufocante, prontos a intercambiar agentes patógenos à velocidade de um raio, amontoam-se dezenas de milhares de animais com sistemas imunológicos muito debilitados.
No ano passado, uma comissão convocada pelo Pew Research Center publicou um informe sobre a “produção animal em granjas industriais”, onde se destacava o agudo perigo de que “a contínua circulação de vírus (...) característica de enormes aviários ou rebanhos aumentasse as oportunidades de aparição de novos vírus mais eficientes na transmissão entre humanos”. A comissão alertou também que o uso promíscuo de antibióticos nas criações de suínos – mais barato que em ambientes humanos – estava propiciando o surgimento de infecções de estafilococos resistentes, enquanto que os resíduos dessas criações geravam cepas de escherichia coli e de pfiesteria (o protozoário que matou um bilhão de peixes nos estuários da Carolina do Norte e contagiou dezenas de pescadores).
O monstruoso poder dos monopólios
Qualquer melhora na ecologia deste novo agente patógeno teria que enfrentar-se com o monstruoso poder dos grandes conglomerados empresariais avícolas e pecuários, como Smithfield Farms (suíno e gado) e Tyson (frangos). A comissão falou de uma obstrução sistemática de suas investigações por parte das grandes empresas, incluídas algumas nada recatadas ameaças de suprimir o financiamento de pesquisadores que cooperaram com a investigação.
Trata-se de uma indústria muito globalizada e com influências políticas. Assim como a gigante avícola Charoen Pokphand, sediada em Bangkok, foi capaz de desbaratar as investigações sobre seu papel na propagação da gripe aviária no Sudeste Asiático, o mais provável é que a epidemiologia forense do vírus da gripe suína bata de frente contra a pétrea muralha da indústria do porco.
Isso não quer dizer que nunca será encontrada uma acusadora pistola fumegante: já corre o rumor na imprensa mexicana de um epicentro da gripe situado em torno de uma gigantesca filial da Smithfield no estado de Vera Cruz. Mas o mais importante – sobretudo pela persistente ameaça do vírus H5N1 – é a floresta, não as árvores: a fracassada estratégia antipandêmica da OMS, a progressiva deterioração da saúde pública mundial, a mordaça aplicada pelas grandes transnacionais farmacêuticas a medicamentos vitais e a catástrofe planetária que é uma produção pecuária industrializada e ecologicamente bagunçada.
* Mike Davis é professor no departamento de História da Universidade da Califórnia (UCI), em Irvine; artigo publicado originalmente no britânico The Guardian, reproduzido no La Vanguardia (México), Sin Permiso (Espanha) e Carta Maior (Brasil); intertítulos do Vermelho
POESIA NO AR
28 de abril de 2009
VISTO ASSIM DE LONGE
27 de abril de 2009
DIFRUÇO DO PORCO
Nem tão antigamente assim ouvia o povo dizer em Juazeirinho que o sujeito com espirradeira e 'corrimento nasal' estava com 'difruço'. Na verdade, a expressão já seria uma corruptela de defluxo, até que muito próxima do original. O nome mais popular mesmo sempre foi a velha e famosa gripe. Mas nesse tempo, gripe era gripe e pronto. Uma espécie de versão mais leve, passageira era (e ainda é) o resfriado – aquela coriza, com um pouco de dor de cabeça às vezes, que passa em dois ou três dias com chá de alho e limão, com reza, com qualquer um destes comprimidos que a gente vê na propaganda. Depois eu descobri que gripe e resfriado são duas coisas distintas.
Depois surgiram vários tipos de gripe, até que há algum tempo nos ameaçou assustadoramente uma tal gripe asiática, a 'gripe do frango'... Pois bem! O pobre matuto vendo aquilo na televisão devia ficar encucado. “Mas como é que a gente vai pegar gôgo?” Isso, mesmo porque gripe de frango sempre foi gôgo e era tratada com limão espremido na água e tinha um tipo mais complicado, que enchia a cabeça dos galináceos de caroços e era tratado com óleo queimado de motor de carro. Imagine uma epidemia e um troço desses como remédio popular. E haja propaganda recomendando: troque o óleo do motor do seu carro e ganhe bônus no IPTU, desconto no caviar, no Imposto de Renda... o desmantelo estaria por conta.
Parece piada, mas não é! Fico com medo do que cheira (mal) a piada de mau gosto vendo que a gente escapou da gripe do frango e agora vem por aí uma tal 'gripe do porco'. Fico imaginando se o primeiro a pegar esse vírus o fez num momento de muita proximidade com um pobre porquinho dodói. As TVs e jornais do mundo inteiro mostraram à exaustão durante a última semana as imagens das pessoas nos EUA, no México e em alguns lugares do velho mundo, do povo andando na rua com máscaras de proteção assustadas com a tal gripe suína.
Não duvido que a dita cuja chegue por aqui e aí é que a 'porca torce o rabo'. Imagine se a gente escapa dessa e lá vem de novo o 'mal da vaca louca', doença da 'pomba tonta' (ou seria pomba-lesa?), tosse do cachorro, coceira do gato...
Salve-se quem puder! Como diria Jessier Quirino, “vou-me embora pro passado! Lá tem muito mais futuro!”
Crédito: a imagem é do www. globo.com
REFORMA ORTOGRÁFICA - UTILIDADE PÚBLICA
25 de abril de 2009
SEND IN THE CLOWNS
ROBERTO CARLOS NO BAR DO BRITO
24 de abril de 2009
POUCAS (E SÁBIAS) PALAVRAS
Lendo outro dia o blog de Taiguara, achei interessante crônica sobre o xopincenter e a vida lá dentro. Parece que ele tinha lido Saramago. Na verdade era uma espécie de desabafo de um jovem que talvez não tenha sido (des)educado como manda o figurino da geração xopincenter.
Achei no Blog de José Saramago esta pérola. Quem sabe muito fala pouco. E precisa mais?
Outra leitura para a crise
"A mentalidade antiga formou-se numa grande superfície que se chamava catedral; agora forma-se noutra grande superfície que se chama centro comercial. O centro comercial não é apenas a nova igreja, a nova catedral, é também a nova universidade. O centro comercial ocupa um espaço importante na formação da mentalidade humana. Acabou-se a praça, o jardim ou a rua como espaço público e de intercâmbio. O centro comercial é o único espaço seguro e o que cria a nova mentalidade. Uma nova mentalidade temerosa de ser excluída, temerosa da expulsão do paraíso do consumo e por extensão da catedral das compras. E agora, que temos? A crise. Será que vamos voltar à praça ou à universidade? À filosofia?"
Ave, Saramago!SORRIR SEMPRE, MESMO NA M...
23 de abril de 2009
DESPERTADOR E SUPERSTIÇÃO
22 de abril de 2009
A OBSCURA HISTÓRIA DA REDE GLOBO
21 de abril de 2009
21 DE ABRIL
20 de abril de 2009
EU E ELA - POR QUÊ?
17 de abril de 2009
CAMINHOS DO CORAÇÃO
16 de abril de 2009
UMA BATATA, UM CARRINHO, UM CARINHO
15 de abril de 2009
VIDA QUE SEGUE... NA BOA!
14 de abril de 2009
TEIMOSIA INTIMISTA E INTERACIONISTA
13 de abril de 2009
TEMPO BOM
12 de abril de 2009
ELA CHEGOU,FINALMENTE!
10 de abril de 2009
CINEMA BRASILEIRO
8 de abril de 2009
DE VOLTA PRA SERRA
O OVO REDIMIDO
1 de abril de 2009
MENTIRAS SINCERAS ME INTERESSAM
Em 1564, depois da adoção do calendário gregoriano, o rei Carlos IX de França determinou que o ano novo seria comemorado no dia 1 de janeiro. Alguns franceses resistiram à mudança e continuaram a seguir o calendário antigo, pelo qual o ano iniciaria em 1 de abril. Gozadores passaram então a ridicularizá-los, a enviar presentes esquisitos e convites para festas que não existiam. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como plaisanteries.
Em países de língua inglesa o dia da mentira costuma ser conhecido como April Fool's Day ou Dia dos Tolos, na Itália e na França ele é chamado respectivamente pesce d'aprile e poisson d'avril, o que significa literalmente "peixe de abril".
No Brasil, o 1º de abril começou a ser difundido em Minas Gerais, onde circulou "A Mentira", um periódico de vida efêmera, lançado em 1º de abril de 1848, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. "A Mentira" saiu pela última vez em 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente".
Hoje, uma fantástica figura humana que conheci desde tenra idade completaria 46 anos. Isso se a Dona Morte não a tivesse levado lá pelos idos de 1982. Provavelmente, a única pessoa que conheci aniversariando na data. Chamava-se Carmen Verônica de Araújo Barbosa, por quem nutri fervoroso afeto, sentimento imortal e atemporal.
Mas a data remete às brincadeiras de sempre, como a bandalheira do PSDB no Congresso Nacional, senhores circunspectos e de moralidade duvidosa, instalaram uma coisa chamada "mentirômetro", em alusão ao governo do Presidente Lula.
Fizemos muita onda com essa história de Primeiro de Abril e ainda hoje, vez por outra me deparo com amigos e amigas tirando sarro da cara de alguém pego em flagrande chacota com algo estapafúrdio em que se tenta fazer acreditar para depois confessar: Primeiro de Abril. Por isso, antes que alguém imagine que é "coisa de brasileiro", registrei a informação.
O que mais me chamou a atenção nos últimos dias foi uma belíssima peça de propaganda da SKY no rádio, minha mídia preferida. O "causo" é mais ou menos assim:
Um casal entra no motel e ela vai dizendo: "Alfredinho, você me trouxe num motel, seu safado! Devagar! É a minha primeira vez"!
Ele, empolgado (coisa de machos), como se não houvesse escutado nada, aciona o controle remoto da TV e exclama bem alto: "Olha aó! A TV tem Sky!" Tem isso, tem aquilo, tem "até tabela do brasileirão!".
A moça contesta automaticamente: "Ah, Alfredinho! Você quer que eu acredite que você nunca viu uma TV com Sky antes?"
Daí, ele, todo indignado, responde com deboche: "Ué? Você quer que eu acredite que é a sua primeira vez...!" E aí entra o locutor falando das vantagens de assinar a sky e coisa e tal.
São assim essas pequenas mentiras sinceras que dão uma espécie de colorido especial a todas as formas de relacionamento. E quando se trata deste tipo, os "atores sociais" esbanjam firulas e cascatas na tentativa de fazer crer ao outro que se é algo diferente do que se é! Melhor!
Sei não, mas ainda acho que o mundo da verdade e da sinceridade plenas (num sentido mais radical da expressão, como aquele sujeito do programa da Globo...) é "conversa pra boi dormir", se é que boi dorme assim!
Como o Brasil já está vencendo o Peru por 3 X 0, tornou-se melhor ocupar o tempo "refletindo" sobre essas abobrinhas.
Quem quiser que arrisque "atirar a primeira pedra"! Eu, hein!