30 de junho de 2009

UMA CHAMA QUE SE APAGA, VIDA QUE SEGUE...

Dona Neide, como eu costumo chamar minha mãezinha, já foi Maria Eneide Ferreira Freire, de batismo e registro e Maria Eneide Freire Rangel de herança de Seu Tonito, meu Pai, com quem casou, gerou oito filhos, criou e educou sete. Essa era a sua alegria numa das incontáveis 'altas' da Clínica Santa Clara, de onde era cliente quase especial, pois já havia se 'hospedado' em todas as suas alas e em quase todos os seus apartamentos, sem exageros, ao longo de uns 20 anos. Pois então, hoje, por volta das 18:50h, a vida achou de cansar de dar-lhe chances e mais chances. Depois de ter aposentado com grave cardiopatia desde os 49 anos - problema que surgiu aos 45 -, a convivência com o diabetes por mais de 20 anos, o coração enorme de sentimento e grande também em sua anatomia, como anomalia, os problemas renais e pulmonares que se acumularam com a combinação diabetes-cardiopatia, as dificuldades com a circulação sanguínea nos membros inferiores, as complicações todas derivadas de um quadro clínico extremamente complexo, um marca-passo que mantinha seu motor em ritmo regular já há alguns anos... Foi assim que Dona Neide nos deixou. Ainda me ouviu ontem dizendo-lhe algumas palavras ao celular, quase sem falar pelas dificuldades pulmonares. Hoje, 30 de junho de 2009, à tarde, seu quadro clínico complicou-se e seguiu pra UTI. Não deu mais... foi embora aquele soprinho leve de vida que lhe restava e que pôde aproveitar, com todos os seus percalços, da forma que a própria vida e suas contingências permitiram. Moral da história, que ela nem sabia: escapou de um enorme sofrimento por um câncer que já se alastrava em 60% do seu intestino. Foi poupada, prefiro pensar assim. Eis nossa despedida, Ela, eu e meus irmãos Marcos e Bosco, devidamente 'fardados' com o manto tricolor, marca de nossa última chama de unidade familiar.
Com Dona Neide, aos 71 anos e mais uns 50 dias, vai junto um sonho de família unida ainda por laços de sangue como algo maior que qualquer outra coisa. Agora é esperar e viver o suficiente pra ver o que cada um e todos conseguirão fazer com a herança moral que ela deixou. Aliás, a única!

18 comentários:

Flavio Lucio disse...

Júnior,
Belo texto em homenagem à memória de sua mãe. Resta, enfim, viver a principal herança que as boas mães nos deixam, sempre as únicas.
Abraços,
Flávio

ALFRAPOEMAS disse...

O que dizer nessa hora, velho amigo e poeta? Também provei deste "bocado" amargo... E que me amarga até hoje!
Deixemos Manoel Xudu definir esta perda, quando no mote QUEM PERDE A MÃE TEM RAZÃO/DE CHORAR PORQUE PERDEU, desmanchou-se assim:

Minha mãe que me deu papa
Me deu doce, me deu bolo
Mamãe que me deu consolo
Leite fervido e garapa
Mamãe me deu um tapa
Mas depois se arrependeu
Deu um beijou aonde bateu
Acabou-se a inchação
QUEM PERDE A MÃE TEM RAZÃO
DE CHORAR O QUE PERDEU.

Minhas condolências, meu irmão!

Alfrânio.

Aninha Santos disse...

Ah meu amigo querido, queria poupar as pessoas que amo da dor e do sofrimento, mas fazer o quê se são esses elementos, combinados com outros tantos, que dão origem a vida.

Done Neide deixou um grande legado e eu tenho certeza que vocês todos aprenderam a lição.

Meu desejo é que a lembrança seja tão forte e presente que mantenha vocês todos unidos e sorridentes, como na última foto.

De resto é esperar o tempo transformar essa dor que rasga o peito numa dorzinha constante mas suportável e esperar que os bons momentos sejam, além de recordação, a certeza de que dona Neide cumpriu seu papel neste mundo.

Receba nosso abraço e carinho!

Aninha e Pedro.

Débhora Melo disse...

Meu querido, Rangel...

Que Paz esteja sempre presente em teu coração, a gente só perde o que realmente tivemos, e serão as lembranças de momentos vividos que reinarão aqui por diante... que bom que tiveste uma mãe... que bom que recebeste carinho, que bom que ela passou alegria e que bom por ter sido uma guerreira e transportou para os filhos tantas virtudes.

Sinceros votos de condolências...

Um abraço,

Débhora Melo.

Unknown disse...
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Unknown disse...

Querido Rangel; eu na verdade acabei nem conhecendo Dona Neide, mas conheci você, e aí acabei conhecendo Dona Neide também. Não pelo que você falava dela, mas principalmente por conta do legado (citado inclusive no texto) que ela deixou para você e seus irmãos. Se não fosse assim, de onde apareceria tanta genrosidade, tanto carinho, tanta alegria e companheirismo que aprendemos a admirar aqui no Rio? Dona Neide está de parabéns: o projeto dela deu certo! Um beijo grande em você e na sua família, e contem conosco no que precisarem.

Maracatu MaracaGrande disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maracatu MaracaGrande disse...

Aos irmãos Bosco e Rangel Júnior,
Sintam o calor do meu abraço!!!
Como vcs bem sabem, vossa mãe partir, mas deixou: "um legado de exemplos a serem seguidos...", dentre estes: vcs!!
Meus sinceros sentimentos!!!
Desejo mta força a família e mta luz a Dona Neide!!
Virgínia Passos

Integração e Consolidação disse...

Bom Dia!

Meu Amigo e Irmão! A providência colocou uma parte da familia Rangel em meus caminhos. A Aninha, A Bosco, Fernando e você Junior, um fiel companheiro de grandes conquistas, só me cabe deixar os meus sinceros e profundos sentimentos. Vocês são uns vencedores e a matriarca foi o referencial de vocês. Passo a vocês toda a força e muita Luz pois a dor é no coração de cada um de vocês. Mas que fique nas lembranças, exatamente essa capacidade de união e amor fraterno que tanto cultivaram. Meu amigo sua dor minha dor. Muita força.

De um grande e verdadeiro amigo

João Damasceno

KÁTIA LIMA disse...

MEU AMIGO...

A VIDA SEGUE, MAS AS LEMBRANÇAS SERÃO PARA SEMPRE.
O ESPIRITO DE LUZ DE D.NEIDE PERMANECERÁ SEMPRE NO CORAÇÃO DE TODOS VCS.


UM ABRAÇO AFETUOSO,


KÁTIA LIMA.

Socorro Souza disse...

Ragel e irmãos.
Mesmo na dor, sintam que vossa mãe permanecerá viva. Em vossa criação recebestes a lição da vida e pra vida. Eis que vossa mãe cumpriu sua missão e antes, os amou incondicionalmente. Não desanime! Sei que fica a saudade, quem nos dera aceitar sem sofrer a partida daqueles que amamos. Tenham sempre em mente que o maior sentido da vida é conseguir perceber e entender que ela guarda, em cada oportunidade, em cada desafio que nos oferece, em cada lágrima derramada a bendita lição para aprender a conjugar o verbo amar.
Paz e luz em vosso caminhar.
Abraços no coração,Socorro-Côca

Divanira Arcoverde disse...

Meu querido Júnior

O que te dizer neste momento? Nenhuma palavra seria suficiente para descrever essa ausência/presença que sentirás sempre. Sei bem da tua dor porque já convivi com ela... Mas, para o coração de um poeta deve ser diferente... Construirás as metáforas mais puras, as imagens mais belas, os adornos mais sinceros para cultuar a memória de quem jamais morrerá para os filhos... As mães não morrem... Voam como pássaros para "o andar de cima" e, como anjos que são, continuam velando pelos filhos, dando-lhes proteção e amparo. Disso, podes ter certeza.Quanto mais humildes, mais bem recebidas lá no alto, recebendo a galhardia da missão tão bem cumprida aqui na terra. Em outros espaços, continuarão espargindo luz e intercedendo a Deus por aqueles que lhe são caros.
Para ti e irmãos, ela deixou a maior das heranças! Não se mede o valor de um ser humano pelos bens materiais... Entre o TER e o SER, é bem mais importante o segundo.
Abraço-te carinhosamente,
bem como a Fernando e a Bosco (são os que conheço)com o mesmo carinho que abraço meus filhos. Fica na paz de Cristo!

Divanira

Anônimo disse...

Penteou o meu cabelo
Amarrou minh’opercata
Me deu leite com batata
Me pôs roupinha com zelo
Ajeitou meu desmantelo
Minha mãe, tudo me deu!
Sem ela, quem era eu ?
Hoje canto co’aflição
QUEM PERDE A MÃE TEM RAZÃO
DE CHORAR O QUE PERDEU.

RANGEL JUNIOR disse...

Será pouco o que eu disser pra agradecer a todos (as) que se manifestaram aqui e em outros lugares, e ainda a muitos que sentem, mas não comunicam. Um abraço fraterno e meu sincero agradecimento. De fato, tudo isso ajuda um pouco confortando nesse momento tão cheio de complexidade e sentimentos em explosão. Bom ter amigas (os) assim.

ELIANE disse...

jr,
cheguei de viagem ainda tomada pelas coisas que fazemos na vida e lembro de tua mansidão de voz ao telefone quando conversávamos sobre tua chegada a Campina, para abraçar a tua Eterna Dona Neide. Sei que costumas tirar de fininho as coisa que a vida te reserva,mas sei também que não estás bem e como dizes o corpo te dar sinais de cansanço.
Acho muito pouco neste momento te dizer"A vida é assim mesmo... tenha calma... não chore..." Enfim o que sabemos é que temos uma profunda capacidade de superação que foje as nossas explicações humanas de sorte que somos levados a gerir novos destinos e guardar cicatrizes, mesmomo quando o destino nos leva o CORAÇÃO.
É com este sentimento que abraço a todos os mais queridos de Dona Neide.
abraços de sua amiga,
Eliane Moura

Inácio Carvalho disse...

É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir


cabra véi, desses versos sei que você é muito sabedor na arte de cantar e na arte de viver. num conheci dona neide, mas sei bem do filho dela que por aqui já morou e vendo essa foto dela mais esses três filhos num dá pra deixar de ver que nunca lhes faltou vida pulsando forte, sorriso de viver e uma vida em que a primavera, mesmo que em tempos difíceis, fez brotar carinho e chamego.

andando pela tal blogsfera encontrei esse parte que lhe coube nesse mundo virtual e logo dei de cara com essa perda sua. quero assim somar aos que prestam solidariedade e dão conforto, ciente de que a vida segue em frente sem dona neide entre vós, mas sempre em vós.

um abraço dos mais fortes, meu camarada bom

jose wagner dantas de figueiredo disse...

D. Neide, não só sogra, mas uma amiga que aprendi a conquistar com muita luta e zelo.
Minha admiração continua por esta pessoa que aprendi a gostar.

Felipe Fleury disse...

Caro Rangel,

Estava procurando imagens para ilustrar um recente texto de blog que publiquei no site que criei (www.flueternoamor.com), quando encontrei essa linda mensagem que vc deixou em homenagem à sua mãe. Realmente emocionante seu depoimento, principalmente quando toca aqueles que já perderam fisicamente seus entes queridos. Meu pai já se foi há dois anos e a saudade continua inabalável. De qualquer forma, Rangel, passo para elogiar seu blog e te convidar, se não for inoportuno, é claro, para cohecer e participar do site Flu Eterno Amor. Seria uma grande honra! Um abraço e ST.

Felipe Fleury