21 de junho de 2009

UMA INSTALAÇÃO: O ARCO-ÍRIS

NÃO É POR PREGUIÇA, MAS A CRÔNICA DE BRÁULIO TAVARES É FANTÁSTICA E MERECE PUBLICAÇÃO EM TODOS OS LUGARES. ESTÁ NO JORNAL DA PARAÍBA E, SOMENTE PELA RELAÇÃO COM O TEMA JÁ MERECERIA ESTAR AQUI E AINDA MAIS PELA BELEZA DE TEXTO. ACOMPANHO O TRABALHO DE BRÁULIO E SUA PRODUÇÃO DESDE OS ANOS 80 E AFIRMO, SEM DÚVIDAS: É UM DOS MAIS DESTACADOS INTELECTUAIS BRASILEIROS DAS ÚLTIMAS DÉCADAS. COMPOSITOR, CONTISTA, ESCRITOR, ROTEIRISTA, CRONISTA E MAIS UM MONTE DE COISAS... AINDA VAI MUITO LONGE. O TEXTO: Listar as obras contemporâneas da “optical art” ou da “chromo-art” influenciadas por este clássico da instalação conceitual seria uma tarefa exaustiva. O uso de fenômenos ópticos para produzir efeitos estéticos tem uma longa tradição, e a instalação (de âmbito planetário) conhecida como Arco-Íris tem sido apontada por historiadores da Arte como matriz de muitas tendências atuais. O artista anônimo soube se cercar de precauções para garantir que haveria em sua obra um grau acentuado de (im)previsibilidade. De fato, todos sabemos em que circunstâncias será mais provável o avistamento de um Arco-Íris; mas nunca sabemos o momento exato em que ocorrerá, nem em que ponto deveremos nos postar por antecipação, na expectativa de vê-lo. Esta hesitação entre o certo e o incerto traz uma imprevisibilidade quântica à Instalação. Faz-nos retroagir à descoberta da decomposição da luz solar através do prisma, por Isaac Newton. Leva-nos em seguida a refletir sobre o conflito entre a teoria corpuscular da Luz e a teoria ondulatória. E no espaço de alguns segundos, através daquela refração colorida, o que se desdobra aos nossos olhos, mais do que um simples leque de vibrações coloridas, é a rarefação do conceito de matéria e energia ao longo dos últimos 500 anos. O artista também preparou um cuidadoso “mix” de mídias que nos remete também à tradição grega dos Quatro Elementos. Fogo: o sol. Ar: o espaço onde a Instalação se projeta. Água: as gotículas de chuva que agem como prisma. Terra: o posto de observação de onde a Obra é fruída. Esta tendência de aproveitar o material em-bruto da própria Natureza demonstra a crescente integração entre a Arte Contemporânea e o mundo físico, calando os protestos daqueles para quem a Arte de hoje seria fechada em si mesma, inacessível às massas. E não há como negar a habilidade do artista ao fazer diante dos nossos olhos um verdadeiro malabarismo conceitual entre contemplação versus interatividade, experiência coletiva versus experiência única. Amparada pelas descobertas científicas no campo de Óptica, a crítica mundial já fez correr muita tinta em torno da ambiguidade da experiência do Arco-Íris. Coletivismo: no instante da produção de um Arco-Íris no espaço, centenas, talvez milhares de pessoas, agrupadas, podem afirmar que estão diante de um mesmo fenômeno, que se dá em coordenadas precisas do Espaço e do Tempo. Trata-se de uma fruição coletiva semelhante à de um filme, uma peça de teatro, um espetáculo musical. Por outro lado, sabemos que quem define a visão do Arco-Íris é o ângulo preciso de onde cada observador individual percebe a Obra. A luz refratada na umidade do ar incide de forma única e irrepetível em cada par de retinas. O Arco-Íris de um não é (cientificamente falando) o mesmo Arco-Íris avistado por cada um de seus vizinhos mais próximos. Tendências da Estética contemporânea: interatividade, unicidade da experiência, Obra personalizada, múltipla e única.

Um comentário:

KÁTIA LIMA disse...

MARAVILHA... MARAVILHA... ESSE TEXTO DE BRAÚLIO E OS ARCO-IRIS DA VIDA....

BESOS , BESOS...