27 de junho de 2009

AQUELE ABRAÇO

Aquele abraço pro Rio de Janeiro e pra Gilberto Gil. Conheci a música de Gil bem antes da cidade, mas a cidade veio a mim por intermédio do artista, apesar de ter morado por uma pequena temporada na baixada fluminense quando tinha apenas dois anos de idade, juntamente com meu pai, minha mãe, Gilberto e Zé Neto, os dois irmãos mais velhos. O Rio me lembra Gil, me lembra Vinícius, Toquinho, Chico Buarque, Tom Jobim, Noel Rosa, Luís Melodia... mas é Gilberto Gil que está na pauta. Um dos maiores artistas brasileiros, tanto na composição quanto na interpretação e ainda um dos mais corajosos no sentido da sua assumirança de vida, seja nos riscos que sempre correu inovando sempre ou na coragem dos riscos da vida pública na política há muitos anos como Vereador em Salvador e pouco tempo atrás como Ministro da Cultura do Brasil. Você já sabe que falo de Gilberto Gil. Pois bem! GG é um grande instrumentista, na mesma linha de João Bosco, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho; tem uma voz invejável, mesmo depois dos 60 anos e de todos os abusos cometidos em falsetes e outras coisas mais; tem enorme faro empresarial, pois, mesmo antes de ser artista famoso já havia sido executivo de grande empresa; é um dos artistas populares brasileiros que iniciaram a ter sua própria produtora e seu próprio selo, mesmo lançando discos por grandes gravadoras; é um dos compositores mais versáteis, criativos e profícuos da 'safra' que apareceu nos anos 60. Gil vai do reagae ao samba, do forró ao maracatu, do axé, da toada romântica à canção de protesto, sem nunca ser panfletário - "Mesmo depois de abolida a escravidão / Negra é a mão / De quem faz a limpeza..." - ou na moderníssima parceria com os Paralamas do Sucesso - "Ó, mundo tão desigual / Tudo é tão desigual / Ó, de um lado este carnaval / Do outro a fome total". Enfim, Gilberto Gil sempre correu todos os riscos quando se trata de ousar não se repetir como tantos outros na chamada MPB. A sua música tem pra mim uma característica fundamental, é toda 'pra cima'. Pegue todo o cancioneiro do artista e mesmo quando escreve coisas como "seu eu quiser falar com deus / tenho que aceitar a dor / tenho que comer o pão / que o diabo amassou...", não é melancólico ou mesmo pessimista. Em sua vasta produção tem parcerias que vão de Dominguinhos a Caetano Veloso, além de grandes poetas parceiros como Capinam, Wally Salomão, Cacaso, Torquato Neto, Arnaldo Antunes, Jorge Mautner... "É a sua vida que eu quero bordar na minha /Como se eu fosse o pano e você fosse a linha" A lembrança de Gil e sua obra de tão profunda riqueza me veio à memória quando resolvi, nos últimos dias da 'temporada carioca' (ou seria Fluminense?) do doutorado, conhecer um pouco mais a cidade e fizemos (eu, Camilla e Vinícius) um pequeno giro turístico por alguns lugares da 'cidade maravilhosa' durante alguns dias. Não chegamos a 10%, creio eu, mas em todos os lugares da cidade por onde andamos com tais propósitos a conclusão é uma só, mesmo sabendo que existe o 'outro lado da opulência' e que o desmantelo corre solto em certas zonas onde o tráfico assumiu o papel do Estado: o Rio de Janeiro continua lindo! E, desta forma, a música poderia ser esticada para "O Rio de Janeiro, fevereiro e março... abril, maio, junho, julho... Já preparando a despedida, fazendo uma espécie de périplo turístico, a música de Gil me veio à caebça em praticamente todas as ocasiões. Não sei como ele era antes, mas posso afirmar que 'O Rio de Janeiro continua lindo...'Da mesma forma, asseguro que minha impressão da cidade como um todo é completamente distinta da que tinha antes, resultado do que é passado pela TV e o noticiário insistente, que tenta dar a impressão de que isto aqui é a ante-sala do inferno. Pode-se até alegar o meu relativo desconhecimento dos verdadeiros problemas da cidade, por ter quase sempre circulado entre a zona sul e o Maracanã/UERJ, começo da zona norte, quase sempre de metrô. É que meu objetivo não era fazer uma análise sociológica do Rio de Janeiro, mas uma breve crônica de minha passagem pelo lado da beleza, da história, co bucolismo ainda possível em certos lugares. Realmente, posso arriscar um palpite no sentido de que, provavelmente, nenhuma cidade brasileira foi dotada de tanta beleza, diretamente pela natureza. Mais ainda que a cidade, vou levando no matulão as melhores impressões e lembranças das pessoas. Estou sendo extremamente feliz por onde passei até agora e creio que também o serei no por vir. Amigos e amigas de primeira, pessoas de uma simpatia extrema e prestimosidade fora do comum, gente no sentido mais puro e profundo da acepção da palavra, calor humano, alegria de viver, paixão pelo que fazem e uma disponibilidade incrível para se deixarem levar por um bom papo, uma boa risada, uma prosa solta e sem maiores compromissos ou, da mesma forma, uma conversa séria e profissional. São essas as maiores e melhores lembranças e as que ficarão marcadas apenas na memória, independentemente de fotografias e paisagens. Por enquanto vou cantando... aquele abraço! Gil é lindo e o Rio e o espírito de sua gente também!

Um comentário:

KÁTIA LIMA disse...

É AMIGO... ONDE A GENTE PASSA DEIXA RASTRO E LEVA TAMBÉM.
VIAJEI NO SÃO JOÃO, UM SITIO DE AMIGOS LONGE DE TUDO E DA NET... KKKKKK.. ALELUIA... SOBREVIVI...KKKK..
SAUDADE DE TU E DA DEBHORA... AMIGOS VIRTUAIS QUE AMO, QUE APRENDI ADMIRAR... E VAMOS DEIXANDO RASTROS...

BESOS, BESOS, BESOS...