14 de junho de 2009

OS OUTROS

A música de Leoni, docemente cantada pela Paula Toller diz, melodiosamente, "depois de você os outros são os outros", como forma de dizer que 'o outro' é tão importante que além dele (a) ninguém mais importa. É exatamente aí que reside a diferença quando se trata do outro. Pra não deixar de registrar que o outro é tão importante pra nós, pois é ele que nos referencia de fato. Não aquele outro do romantismo, mas o outro existente de modo geral. No caso da parceria amorosa (e a palavra parceria já deveria significar tudo), o outro deveria ser sempre a medida, mas infelizmente a coisa nem sempre anda nesse rumo. Há gente que tem no próprio umbigo o centro do universo e aí só tem duas alternativas quando se trata de relacionamento: ou submete o (a) outro (a) e a própria relação aos seus ditames e desejos e é aceito (a) ou a relação vai pras cucuias. Onde será esse lugar, hein? Longe de mim querer dar lição sobre relacionamento amoroso, pois nesta matéria já tirei de zero a dez algumas vezes, não sendo pessoa indicada. Falo aqui das relações em geral, pois assim me comprometo mais e não fico aqui dando uma de entendido sobre coisas do amor, o que não sou. Enfim, queria mesmo destacar que, em qualquer circunstância, quando o outro (e outro aqui eu destaco de forma geral mesmo) diz que sente algo, que tal atitude não foi legal, que está sentindo isto ou aquilo em relação a você, é sempre bom desconfiar que 'o outro' tem razão. Não que o outro seja a nossa medida, mas é bem verdade que é a única possibilidade de verdade em relação ao que somos, ou estamos sendo. Isto porque, o que vemos, sabemos ou sentimos de nós mesmo, por mais proximidade que tenhamos com o real do que somos, sempre será uma visão desfocada, ou refratada desa realidade, como se vista tal imagem num espelho. Ou outros serão sempre os outros e esse é um dos lados bons da vida, da experiência de ser humano. Essa possibilidade de sermos sempre alguém, mas essencialmente, alguém 'para' o outro e 'com' o outro. Quem se basta a si mesmo, ou ao menos acha que assim é que é, pode ir logo tirando o jumento do sereno que por este rumo termina a vaca indo pro brejo. No caso, o brejo é a completa solidão interior, pois a perda do contato real com o outro fatalmente levará a tal lugar. Ainda bem que os outros são e serão sempre os outros, depois de você e depois de mim. Isso nos permite estabelecer contato e dar à experiência humana sua possibilidade de realização plena. Se isto é perigoso? Ora se é, como dizia Riobaldo, citado por Socorro Dantas. Mas é exatamente aí que mora também, ao lado do perigo, a graça e a possibilidade de testar limites e possibilidades, ou seja, realidade, história e contingência. Como dizia o mesmo Riobaldo/Rosa, também é pra testar nossa coragem. Quem descobre a medida certa entre a temeridade plena e a covardia absoluta, nem uma, nem outra, encontra o ponto. Talvez, aquilo que chamam de sabedoria. Vamos aprendendo! Vamos aprendendo! P.S. Quanto ao Dia dos Namorados, já que cai em junho, na véspera do dia do 'santo casamenteiro', uma boa pedida também é ouvir Elba Ramalho, cantando com Cezinha do Acordeon, a belíssima canção de Nando Cordel É SÓ VOCÊ QUERER. Uma palhinha! O meu amor é seu É só você querer Eu faço qualquer coisa pra ficar com você Te dou o meu coração e o que você sonhar Você não sabe como é grande essa vontade de te amar Você tem o perfume da manhã Eu fico doidinho pra cheirar A tua boca é uma romã Eu fico doidinho pra beijar Você é minha luz e eu vou seguir Porque sei que posso me dar bem O meu coração me diz igual a tu não tem ninguem

3 comentários:

Débhora Melo disse...

Rangel,


Diante de nosso próprio espelho, será que somos realmente o que somos?
Diante dele, será que mascaramos alguma coisa ou vemos só o que queremos ver... ?
Hummm... qual instante veremos nossa essência refletida?
Até que ponto o outro é verdadeiro em relação a nós?

Tantas perguntas... ao espelho da nossa alma!



QUANDO O SER HUMANO NÃO CONSEGUE VER O OUTRO NÃO PODE VER A SI MESMO, NÃO PODE, PORTANTO, TER SENTIMENTOS.
( Júnior Flor)


Um abraço,

Débhora Melo.

KÁTIA LIMA disse...

OLÁ PESSOAS...

POIS NÃO É QUE EU FIQUEI PENSANDO NESSE TEXTO?
NO OUTRO, NO MEU EU, NO QUE EU DIGO, NO QUE EU ACHO DOS OUTROS.
É... NÃO SEI RESPONDER NENHUMA PERGUNTA DA DÉBHORA COM PRECISÃO.
SEI LÁ, QUAL MOMENTO SOMOS VERDADEIRAMENTE NÓS MESMOS?

Ô POVO PRA ME DAR DOR DE CABEÇA...KKKKKKKKKKKKKKKK


BESOS, BESOS, BESOS DE CARINHO A TODOS.

Aninha Santos disse...

Eta, essa música é mesmo linda! A Elba acertou na parceria com Cezinha. O CD novo tá lindo e eu tive oportunidade de ver o show que também está delicioso.

Muito bom para fechar um texto tão complexo (acho que esse doutorado tá te tornando um "algébrico")

Beijo (amo tu)