Acredito sinceramente que todos os dias escapamos de uma tragédia. Não! Não quero com isso tentar me mostrar fatalista ou dar uma idéia de derrotismo, daquelas que falam que viver não vale a pena, pois é exatamente o contrário que pretendo comentar e tentar me convencer.
Ora, se saímos à rua, certamente sabemos dos riscos que corremos: um desvairado ao volante, drogado, embriagado ou simplesmente envenenado pela ignorância; um raio, dizem, não cai duas vezes no mesmo lugar. Portanto, se nunca caiu nenhum sobre sua cabeça, fique ciente que este dia ainda pode chegar; um adolescente de 16 ou 17 anos, numa 'fissura' de se acabar pela falta de uma pedrinha de crack, pela falta de 5 ou 10 reais, pode se aproximar e, a depender de sua reação, ele pode disparar nervoso sua pistola e a bala, aquela única, encontrar o endereço certo, aliás, errado e se alojar extamente num órgão vital; e o que dizer de uma marquise que ameaça cair há meses, achar de desabar extamente naquele segundo em que você passa por debaixo dela; ou então, tomadas todas as precauções, você simplesmente caminhava em direção ao trabalho e 'pimba'!, caiu feito um saco vazio e, levado pelo SAMU, que chegou poucos minutos depois, chamado por transeuntes desconhecidos, chega ao hospital já pronto pra ser 'envelopado' e ir pra 'cidade-de-pés-juntos'.
Não se assombre com todas essas conjecturas acerca das possibilidades de passar 'dessa pra pior' assim de repente, de um segundo pra outro. Sem assombro, mas precisamos nos conscientizar que é certo que isto pode acontecer com qualquer um de nós.
Entretanto, se pensarmos que um avião, que é feito pra voar firme, um troço pesado daqueles, que reúne o que existe de mais avançado em termos de tecnologia, que é feito para não falhar, repentinamente desliga no ar e cai como um passarinho acertado por uma pedrada certeira da balinheira de um menino caçador, como é possível confiar em que o próximo não cairá?
Dizem que, nessas horas, o melhor é confiar nas estatísticas. Ou seja, caem menos aviões do que a gente pensa se utilizarmos de uma escala, se fizermos um cálculo de probabilidades e proporcionalidade entre o número de aviões que decolam e aterrissam no mundo a cada segundo e apenas um cai assim, uma vezinha perdida, isso seria uma besteira. Dito de outro modo, é mais ou menos o seguinte: esse avião que caiu não foi o primeiro nem será o último.
Agora vem a pergunta: por que a gente continua voando neles sabendo que eles podem cair? Arrisco uma resposta: pelos mesmos motivos que saímos de casa todos os dias pra fazer alguma coisa. Pelas mesmas razões que viajamos de ônibus, em nossos carros, muitas vezes em estradas esburacadas, pistas molhadas, cheias de curvas sinuosas e, por que não dizer, muitas vezes também acima da velocidade permitida ou recomendada pela temperança e o bom senso.
Não tenho explicações para a queda do avião da Air France que fazia o agora famoso voo 447. Quem as tem? Duvi-de-o-dó que daqui a alguns meses os técnicos da empresa aérea, os peritos, os experts em avião tenham alguma resposta convincente para os familiares dos 228 sujeitos que estavam no interior daquele avião na fatídica noite de domingo pra segunda-feira, passagem de maio pra junho. Um detalhe: no site brasileiro da empresa consta apenas uma faixa com referência ao voo 447, com um link que remete o usuário a uma nota oficial onde a empresa se defende em relação à acusação de possível responsabilidade por não haver trocado a tal "sonda Pitot", recomendada pelo fabricante da aeronave.
Certo mesmo é que esta mais nova tragédia da aviação nos deixa com uma pulga gigante atrás da orelha e aquela sensação esquisita ao entrar num avião, como um jogador de futebol, que se benze ao entrar em campo, que o faz pra pedir inspiração pra fazer um gol ou proteção ra não quebrar uma perna e assim por diante.
Não vou desistir de viajar de avião (mesmo com a friezinha na barriga na hora da aterrissagem ou em alguma turbulência mais forte); não vou parar de viajar de carro; não vou deixar de sair à rua todos os dias; não vou ficar com medo de morrer por uma bala perdida (ou achada!); não vou me trancar em casa com medo de assaltos; não vou deixar de tomar uma dose de cachaça com medo de cirrose ou porque ela poderia conter metanol... (só tomo de boa procedência!); não vou deixar de dar minhas boas gargalhadas por medo de morrer a qualquer momento de uma emoção mais forte, uma 'turica', uma síncope, um passamento, um chilique ou um faniquito qualquer que me ameace de passar dessa pra pior.
Se podemos morrer mesmo a qualquer hora, até no segundo após o término deste post. Se eu postar é porque não aconteceu... (hehehehe!), se tudo pode acontecer, então por que não viver em plenitude cada segundo que pode nos restar e que pode ser tanto uma sucessão de milhões, bilhões de segundos ou apenas um, umzinho... (?)
Sei não, viu, mas viver ainda é o mais gostoso de toda essa história. Se a vida não é exatamente como a gente sonhou, ah!, palmas pra vida, porque seria uma chatice se tudo que a gente sonhasse estivesse ao alcance da mão. Deixa como está e vamos ver como fica!
(P.S. Vai publicado sem revisão, pelo adiantado da hora. Vinícius não dormiu ainda - já passa da meia noite - e amanhã cedo preciso estar esperto pra enfrentar o metrô e a rampa da UERJ... para um dia inteirinho de aulas).
2 comentários:
Brilhante tudo o que vc disse, especialmente sobre o que a vida vale a pena, mesmo que não seja fácil pra ninguém.
"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem!" (Riobaldo Tartarana/Guimarães Rosa)
Bjs
MLuiza
OI Tava passando poraqui e achei seu Blog legal.
Teve um Cientista que escreve uma teoria explicando acidentes desses tipos, se encontra na observações dele no final da teoria. Esse acidente se é parecido com o do Triângulo das Bermudas.
Link para teoria:
Leitura:
http://www.scribd.com/doc/16331957/Teoria-do-Triangulo-das-Bermudas
Download:
http://www.4shared.com/file/111224052/82504f2c/Teoria_sobre_o_Tringulo_das_Bermudas.html
Falou....
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