16 de junho de 2009

AS PALAVRAS E O TEMPO

Lamento, mas preciso informar aos meus poucos, mas importantíssimos (as) leitores (as) que por estes dias talvez ou publique apenas um ou outro pequeno texto, pois o tempo me está raro e caro. Assuntos não faltam, aliás o juízo está fervilhando deles, mas a responsabilidade de outras tarefas estão impondo prioridades e um texto, às vezes, leva tempo de ruminação desprendida, mesmo que não seja diante da tela do computador. Quantas e quantas vezes nós não escrevemos algo somente depois de uma quase gestação? Às vezes o texto fica lá domitando nalgum lugar de nossas consciências, à espreita, sendo de fato maturado e quando vem à superfície já chega prontinho sendo necessário apenas que lhe seja dado acabamento. Como eu dizia no post anterior, tem o outro na jogada. Ao escrever, sendo autor-criador, muitas vezes (na imensa maioria delas) o outro invisível para quem escrevo está à espreita, nos meus cós dizendo: cuidado, rapaz! Ei, quéquéisso? Noutras, apenas diz mineiramente "pres'tenção, moço!" E vamos por aí conversando. Esse encontro tem se tornado muito profícuo pra mim e não quero abrir mão dele de nenhum modo. Agora, por exemplo, são 6:30h da manhã e já estou cá no laptop, com luzinha direcional, desde as 5h tentando queimar pestanas pra resolver um imbróglio de uma resenha crítica sobre uma tese. Como talvez diria Drummond (ih, recebi uma foto bacana onde estou batebdo um papo noturno com ele, no calçadão de Copacabana... fico devendo!), as palavras, a gente precisa quase que lutar com elas no mais das vezes. Mas não posso lutar com elas, preciso me aproximar, namorá-las, num jogo que parece sedução às vezes. Veja o próprio CDA como fecha o poema. "Repara: ermas de melodia e conceito elas se refugiaram na noite, as palavras. Ainda úmidas e impregnadas de sono, rolam num rio difícil e se transformam em desprezo." E cada vez que elas se aproximam de mim é como se eu perguntasse, trouxeste a chave? Porém, não quero a palavra vazia de mundo ou a palavra pela palavra. Quero a palavra emprenhada de realidade, quero a palavra ressignificada como o meu mundo cotidiano, irrepetido e estranhamente novo a cada segundo. É isso!

3 comentários:

Débhora Melo disse...

Rangel,

Ir além da letra não é simplesmente produzir um texto ou realizar a construção de palavras.
É buscar a fundo o que a junção dessas pode nos proporcionar sob o ponto de vista físico e emocional.
O mistério das palavras é algo inatingível para o homem insensivel.
È muito mais que qualquer coisa. È uma fusão entre a grafia e a busca por algo mais profundo, imaginável e que está dentro do "eu" mais secreto de cada ser humano.
Desvendar os segredos das palavras é sair da realidade em que vivemos e ingressar numa viagem, onde o querer é poder, e o poder é saber, e onde sempre, através delas, serão decodificadas as mais profundas relações entre os individuos.
Adoro o que escreves, provém da alma.


Um abraço,

Débhora Melo.

KÁTIA LIMA disse...

BACANA RANGEL!

COMO AS PALAVRAS SÃO PODEROSAS NÃO É?
TAMBÉM GOSTO DO QUE ESCREVES, É ORIGINAL.
OI DÉBHORA, FILOSOFOU HEIM?
GOSTEI TBÉM...


BESOS, BESOS...

RANGEL JUNIOR disse...

Pra ser sincero, mas repetitivo, eu gostei demais também. Acho o maior barato nossas trocas e as que ocorrem até mesmo nos espaços dos comentários. É uma riqueza...