27 de outubro de 2008

ELEIÇÕES E DEMOCRACIA

QUEM DISSER QUE AS ELEIÇÕES TERMINARAM ONTEM CORRE O RISCO DE COMETER UM GIGANTESCO EQUÍVOCO. SE PARA ALGUNS ESSE FOI O SEGUNDO TURNO, PARA OUTROS FOI O PRIMEIRO DE TRÊS QUE SÓ TERMINARÃO EM 2010. Na verdade, vivemos a plenitude do chamado 'processo democrático' representativo. Eleições regulares, pleitos cada dia mais regulados pela lei, mídia eletrônica cada dia mais 'contribuindo com o debate', apuração limpa e rápida com o processo mais moderno do mundo... é um problema pros que manipulavam apurações antigamente e tiveram que mudar seus métodos, passando a manipular essencialmente o voto antes de ser decidido. As eleições terminaram? Não! Elas estão apenas começando, aliás, estão sempre começando e recomeçando. E ainda há quem diga que vivemos uma democracia por essa razão: por sermos chamados de dois em dois aos a dar um pitaco sobre quem deverá cuidar de nosso dinheiro, gerenciar nossa cidade. É pena que o debate sobre democracia de fato está cada dia mais canhestro. É pena que a democracia como possibilidade social está cada dia mais incorporada ao imaginário popular como mera possibilidade de votar e 'escolher' representantes de dois em dois anos. É pena que o processo eleitoral em nosso país não tenha nada de efetiamente democrático, salvo honrosas e cada vez mais raras exceções. Quando o poder do dinheiro é o fato definidor dos rumos eleitorais, ou seja, das escolhas dos supostos donos do poder 'por um dia', por um momento fugaz diante da telinha da urna eletrônica, é possível imaginar pra onde caminhamos. Talvez tenha mais que passado da hora de se redescobrir o vermelho, a bandeira histórica da luta, a cor das batalhas pela transformação, a cor 'maldita', mas sempre bem utilizada por marqueteiros de todos os matizes, inclusive da igreja de Roma. Talvez tenha mais que passado do ponto do momento em que os lutadores do povo refaçam e renovem seus compromissos de transformação pela luta, de organização da consciência popular, de construção efetiva de uma sociedade democrática e que esta democracia seja prenhe de conteúdo fático, não apenas palavra vazia na boca de qualquer demagogo. O povo! É preciso refeletir sobre o que é mesmo isso. O povo! O que é e o que quer? Ainda há muito a ser feito ou viraremos algo muito parecido com os estados unidos da américa, sonho de consumo de nossos liberais. Ou nos transformaremos num país de dois partidos: o do governo e o da oposição, como dizia um velho anarquista brasileiro. Ou como diria o velho filósofo Miguelim, 'os que estão mamando e os que estão querendo mamar'. Caso contrário valerá a máxima popular que afirma que de tempos em tempos mudam as moscas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Chegou a hora de resgatar o vermelho como cor das lutas populares. Concordo com vc. Tem disposição?! Vamos juntos?

Unknown disse...

Caro amigo
Quantas saudades. Aqui já neva e tomo um vinho. Viva o Waldir e as pessoas de honra. Viva os amigos que se levantam em copo e metralha – vá lá, de palavras, que seja – para a defesa das pessoas de honra. Tomei uma raiva de venezianas que nem abro nem fecho as minhas. Não vi o link da licitação da comunicação visual no sítio da uepb. Aguardo notícias, um grande abraço na família, nos amigos e outro especial para vc.
Paulo Andrade

Anônimo disse...

Caro Rangel,

Privo-me em dizer-lhe o que penso sobre democracia ou "nossa democracia", sobre politica ou "politicagem brasileira", pois, talvez venha de encontro com tua militância... mas fica um texto para reflexão.

DEMOCRACIA

A democracia, vetusta senhora de origem grega, hoje é maquiada pelo globototalitarismo e prostituída pelo neoliberalismo. A ela torce o nariz a elite econômica, ciosa de seus poderes, bolso farto, mecenas de partidos e candidatos. De que vale a política, essa frágil e decadente musa provecta, frente à sedutora robustez de sua afortunada irmã, a economia? A plebe, contudo, que de economia mal escuta o eco, fica à espera de que a política a socorra de tão sofrida desdita. E dá-lhe o voto, confiante de que, eleito o candidato, haverá mudanças no rumo das coisas. Mas eis que, acavalado ao poder, o político parece tomado pela mais profunda amnésia. De quase nada se lembra: do que escreveu, do que leu, falou, discursou, prometeu. Foge de suas próprias palavras como o diabo da cruz.

Frei Betto, A Mosca Azul, reflexão sobre o poder. Pág 225;


Um abraço,

Débhora Cunha Melo.