10 de dezembro de 2008

PALHAÇO

Precisaria de muita coragem!
Precisaria também de tempo!
Precisaria de disposição para ir ao centro da cidade, talvez a uma lojinha de produtos para festas infantis...
Precisaria de muito mais coisas: talento, abnegação, boa voz, espírito altruísta, simplicidade e, mesmo não tendo uma alegria interior que pudesse ser explosão, buscar no fundo do peito uma força motriz que desse esse ar de coisa superlativa, se bondade ingênua, de esperteza inocente, de tolice sagaz...
Precisaria de muita coisa mesmo se quisesse, ao menos por hoje, ser palhaço. Um dia como palhaço!
Um dia inteiro para fazer a alegria de Vinícius! Chamar Taiguara e pedir-lhe que aceite ser criança novamente, apenas por um dia. Vê-los gargalhar gostosamente, espalharem-se pelo chão, bolarem de rir, pedirem pra parar... em transe.
Precisaria de muito mais que tudo isso pra realizar façanha tão extravagante. Precisaria do espírito de palhaço, que não tenho.
Isso não quer dizer que não tenha, vez por outra, bancado o palhaço. Aliás, com certo ímpeto, em meio a coisas muito sérias me pego fazendo o palhaço. Assim num lampejo, de chofre, e volto a ser de novo o sujeito sério (ou quase) que devo ser naquilo que esteja fazendo. Numa aula, numa palestra, numa reunião. É sempre assim!
O palhaço sempre tem um coadjuvante, um "escada", que prepara as cenas e os desfechos para que o palhaço se dê bem no final. Apesar de nem sempre isto acontecer, pois o próprio palhaço, às vezes, precisa passar por ridículo e isto também faz a alegria das pessoas. Eu não tenho coadjuvantes, neste caso, nem os quero.
Quantos não foram os espetáculos em pequenos circos "tomara-que-não-chova", ainda lá em Juazeirinho e mesmo depois dos 18 aqui em Campina Grande?
Quantas não foram as alegrias e gargalhadas de doer no "pé-da-barriga", proporcionadas por figuras quase mitológicas que escolheram como profissão levar alegria, mesmo que fugaz, a tantos corações desconhecidos? Quantas carreiras, gritando e respondendo, atrás de um palhaço de perna-de-pau? De quantas sovas escapei?
Já fiz o palhaço, sim! Fiz o palhaço pros filhos, namoradas, amigos... pra minha mãe doente (sempre o sou!). Como dizia a letra de Luísa (de Chico Buarque e Francis Hime), "por ela é que eu faço bonito / por ela é que eu faço o palhaço".
É bem verdade que a tensão do cotidiano e algumas desalegrias andaram me tirando um pouco da disposição de ser palhaço mais tempo, mas ainda "dou minhas cacetadas".
Não quero entrar no mérito da política ou de quando alguém tenta "nos fazer de palhaço". Esse é o lado pejorativo da expressão "ser palhaço" e que, não cabe em todos os lugares.
Aproveito o ensejo pra homenagear o Major Palito (da foto lá em cima), palhaço de Campina Grande que, do alto dos seus quase 80 anos ainda faz o palhaço permanentemente para a alegria e esperança de todos nós.
Hoje é Dia do Palhaço!

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse palhaço aí é o meu tio. Major palito. Chamo ele de Tio Neco... Ele é show...