10 de novembro de 2014

CONDOMÍNIO DE DEFUNTOS

Tendo recebido proposta para adquirir um "lote" em determinado condomínio de defuntos, agradeci gentilmente à vendedora e depois escrevi isso aqui.
Já virou samba.

Em silêncio eu ouvi sua oferta
Mas não era eu pessoa certa
Pro produto do agente funerário.
- O anúncio, disse à moça, não me pega
Não dou mole pra Caetana, mesmo cega
Por acaso tenho cara de otário?

Se eu morrer amanhã ou em cem anos
Certamente empilhei uns mil planos.
Inda sendo meio crente, meio ateu,
Sempre penso do presente pro futuro
Mas estando de pés juntos, todo duro
Pr'onde irei não será problema meu.

3 de novembro de 2014

A culpa foi do gramado

No futebol é assim, eu sei. Porém, fiquei em dúvida se era um jogo real ou se estava sonhando. Assisti a um jogo que parecia entre BJ e INTER. O Boca não vencia há muitos anos e estava muito furioso. Várias derrotas seguidas.

Os dois times disputando palmo a palmo. Muitos lances de bela plasticidade, muitas jogadas desleais, aqui e acolá uma lambança, uma trombada ou furada de bola... Ôps! Carrinho por trás não vale... Árbitros atentos (são vários e as câmeras registram tudo para posterior julgamento, se necessário for) e o "juiz" marcando o jogo com muita rigidez, apesar de mandar seguir alguns lances duvidosos, de ambos os lados, por entenderem que fazem parte do jogo.

Assim diz a regra! Está tudo lá, estabelecido desde tempos imemoriais. O "juiz" toma decisões e ele é soberano ali. Mesmo sabendo que pode voltar atrás em uma ou outra decisão, isso é coisa muito rara.

Num determinado momento do jogo a supremacia de um dos times é visível e tudo indica que pode vencer de goleada. Domina, mas não faz os gols necessários. Como repete o bordão, "no futebol é assim, quem não faz leva".

O outro time começa a crescer, vai crescendo e ameaça vencer o jogo com muitas jogadas de efeito, uma torcida apaixonada, inflamada, sem uma vitória há tento tempo, aquela se mostra como a grande oportunidade.

Já se aproximando o final do jogo e o empate se desenha como o resultado mais provável. Como é final e o empate não será possível, nem havia decisões por pênaltis neste certame, alguém teria que fazer gol para que o jogo terminasse é um dos contendores se sagrasse campeão.

As torcidas dão um show à parte e até as diretorias ameaçam entrar em campo num determinado momento. Realmente, a sede de vitória do time azul-amarelo era quase sede de vingança. Mas os colorados não estavam pra brincadeira e queriam manter a taça sob seus domínios.

O time vermelho finalmente, após alguns ajustes táticos, mostra sua supremacia e nos minutos finais se afirma e faz belo gol, empurrado pela sua vibrante e ruidosa torcida. Um gol daqueles coletivos, em que quase todo o time participou da jogada, construída desde a sua pequena área ao sair jogando investindo no toque de bola.

Grande festa nas arquibancadas e dentro de campo. Alegria e vibração de um lado. Tristeza e frustração do outro. Pensavam os derrotados: "quase chegamos lá! A vitória esteve quase em nossas mãos!"

Fim de jogo! Adversários se cumprimentam e vão curtir uma a sua conquista e outros a fossa e roedeira. Tivesse sido goleada, ninguém diria nada no dia seguinte. Entretanto, com esse placar de 1 X 0 os derrotados não se conformam e já no dia seguinte mobilizam diretoria, jogadores, torcida, jornais e comentaristas simpáticos às suas cores e fazem um escarcéu.

A culpa foi do juiz que não apitou aquele lance. Tinha sido falta! E aquele outro em que ele deu bola na mão e havia sido mão na bola? E o cartão amarelo que ele não mostrou para o zagueiro naquele lance? E aquela falta que ele inverteu? E o tempo suplementar que ele deu? Com tanta bola parada ele deveria ter dado uns 45 minutos de prorrogação... Ah, não! Sem contar que aquela bola também estava meio murcha. Aliás, o gramado estava mal cuidado e aqueles refletores também desregulados estavam atrapalhando e aquele barulho ensurdecedor da torcida deles tirou nossa concentração e aquele repórter no intervalo que veio fazer aquele tipo de pergunta?

Vamos pedir pra anular o jogo e nada de uma nova partida. A taça é nossa! As regras deveriam ter sido outras. Aquele apito que o juiz usou não tinha um som muito audível. Vamos aos tribunais. Põe nossa torcida organizada nas ruas. Vamos pedir para banir esse vermelhos da face da terra. Muitos comentaristas, a maioria das mais importantes emissoras está conosco, vamos pra cima. A taça é nossa! Nós perdemos, mas fomos nós que vencemos. Eles ganharam, mas não mereceram. Vamos derrubá-los. Nada de esperar novo campeonato. Queremos esse. Aliás, um campeonato desses de quatro em quatro anos demora muito. Vamos ver...vamos ver...

30 de outubro de 2014

FEZ-SE ESCURO O CÉU DE JUAZEIRINHO

Fez-se escuro o céu de Juazeirinho
Sobre mim desabou uma tormenta
O grasnar de uma ave agourenta
Apagou toda luz do meu caminho

Eu quatorze de idade, ele cinquenta.
Procurei sua mão, me vi sozinho
Apelando por um mínimo carinho
De um amor que a si se reinventa

Bem na sala um caixão, seu corpo inerte
Disse a mim: - Não, meu pai! Não quero ver-te!
Guardarei tua imagem quando em vida

E até hoje, se algum medo me assalta
Sinto como aquele vulto me faz falta
Nunca mais se fechou essa ferida.

28 de outubro de 2014

Aos que servem ao povo

Aos que escolheram para suas vidas a missão de servir, que caracteriza a nossa profissão independente da área em que atuemos, uma breve mensagem.
Há mais de 30 anos escolhi ser professor, educador, servidor público.
Conheço muita gente que oferece o melhor de si, as suas melhores energias para o bem do serviço público, na tentativa de cumprir com nossa missão.
Entender a tarefa de servidor público, mais que um trabalho, uma relação de emprego, como uma verdadeira missão. Esta é, para mim, um objetivo a ser sempre perseguido.
Conheço muita gente boa, tanto que atuam há décadas ou que entraram há poucos anos no serviço público. Sinceramente, tenho forte convicção de que estamos melhorando muito, profissionalizando o serviço público, valorizando o trabalho, a qualificação e a valorização do servidor.
Os Planos de Carreira, os critérios de avaliação de desempenho para progressão, o compromisso cada dia mais consciente acerca da função, das responsabilidades, da busca da eficiência, da moralidade, da impessoalidade, da legalidade e publicidade dos atos, dos deveres e direitos, são condições fundamentais para a conquista da credibilidade do serviço público de modo geral perante a opinião da sociedade.
Tenho a felicidade de conviver e contar, principalmente na Universidade Estadual da Paraíba, com inúmeras pessoas que fazem, de fato, da sua condição de servidor público uma verdadeira missão, projeto de vida digna e honrada.
É para estas pessoas que ofereço hoje o meu abraço solidário, fraterno e respeitoso. São para estas pessoas, hoje, as minhas homenagens.

Parabéns, Servidor Público!

20 de outubro de 2014

SEGUNDA-FEIRA

Gente!
Hoje é segunda-feira.
Sabe o que isso quer dizer? Absolutamente nada.
Aliás, apenas que você tem uma semana, um resto de mês, um restinho de ano, uma vida pra ser vivida, um país (um estado, uma cidade) para cuidar, uma família para proteger, amigos para cultivar e preservar, o amor inadiável para ser vivido, umas canções para ouvir, uns livros pra ler, uns poemas a escrever, uns abraços a dar, uns momentos de paz a desfrutar (se deixarem!).
Ou seja, faça o que precisa ser feito e não espere por ninguém.
Você não está aqui por obra do acaso!
Lute!
Viva!

15 de outubro de 2014

Dia da Professora (assim mesmo! No feminino.)

Que dizer em homenagem a quem, pela vida inteira, me ensinou - e ainda ensina - a aprender?
Como agradecer a Dona Zefita e Dona Marlene Melo, que seguraram minha mão nos primeiros anos e pacientemente me foram mostrando jeitos, traquejos, métodos, formas de traduzir e transformar coisas, pensamentos e sentimentos em palavra escrita?
Para elas e tantas outras que foram cruzando meu caminho, na verdade, que fizeram parte do meu caminho, minhas mais singelas memórias, minhas mais valiosas lembranças e registros de momentos marcantes que me conduziram a ser o que sou e quem sou.
Meu mais sincero e profundo agradecimento pela importância que vocês tiveram e ainda têm em minha vida.
Minhas queridas professoras, Dona Neide, Maria José Guerra, Ana Cristina, Cristina, Vilalba, Maria José, Susana Jimenez, Maria Luiza Oswald.
Vocês são o máximo do máximo!
Estão nas páginas do meu caderno da memória. Para sempre!
Obrigado!

5 de outubro de 2014

CARTA ABERTA? A QUEM INTERESSAR!

CARTA ABERTA? A QUEM INTERESSAR!

Poderia oferecer o silêncio como resposta. Tenho agido assim na maioria das situações que envolvem a disputa eleitoral majoritária de 2014 na Paraíba.

Poderia poupar pessoas que conheço e respeito – na condição cidadã, independente de cargos – em vez de devolver-lhes o tratamento dado a mim, no mesmo nível em conteúdo e forma. Escolhi assim!

Poderia continuar apenas desabafando com amigos e não publicar nada a respeito;

Poderia...
Depois de resistir por mais de 24h a ler pessoalmente os tantos xingamentos, insultos e acusações levianas contra mim, que ouvia os amigos me dizerem que estavam publicando em redes sociais, cedi.

Ao Governador não responderei, pois prefiro fazê-lo pessoalmente, olho no olho, cara a cara, se tiver oportunidade. Ele sabe exatamente o que tem feito com a UEPB. Não vou desacatá-lo publicamente, na mesma medida, em resposta à acusação leviana que fez ao Conselho Universitário da Universidade Estadual da Paraíba e a mim, na condição de seu Presidente.

Especialmente ao Secretário de Comunicação do Estado, Jornalista Luís Torres (A QUEM RESPEITO E PREZO), pelo insulto e a inconteste ignorância acerca da realidade da UEPB, gostaria de registrar apenas alguns pontos:

- Que na Reitoria da UEPB não faltam honestidade, verdade nem vergonha.

- Que da parte do governo ao qual vossa excelência serve, faltam o conhecimento da realidade e da complexidade desta instituição, o respeito à sua autonomia e o tratamento digno e merecido para que ela possa continuar de pé. Nossos clamores precisam ser gritados?

- Que na UEPB não há má gestão nem gestão desordenada. Há ordem e zelo e muita capacidade de fazer quase milagres, com os parcos recursos de que dispomos e as migalhas que vimos insistentemente pedindo ao Governo ao qual vossa excelência serve.

- Que a Comunidade Universitária da UEPB não é uma boiada nem o Reitor é seu tangedor. Que o Conselho Universitário, órgão deliberativo máximo da instituição, com representação de todos os segmentos e centros merece um pouco que seja de respeito.

- Que a UEPB pode muito bem ser auditada, investigada esmiuçadamente, para além de todos os mecanismos e ações de transparência pública, o que temos implantado e exercitado diuturnamente. Afinal, deve vossa excelência ter conhecimento das atribuições da Controladoria Geral do Estado e do Tribunal de Contas do Estado.

- Que o Governo da Paraíba, como um todo, modéstia à parte, bem que poderia se espelhar em nossas experiências de transparência pública, aprender com elas, aperfeiçoar as suas práticas, visando elevar o nível de comprometimento ético de suas estruturas como um todo.

Tais escolhas evitariam que, por exemplo, tais publicações recentes tivessem sido feitas, mesmo no calor de uma campanha eleitoral.

Não percamos a consciência de onde estamos, quem somos, nem muito menos de nossas responsabilidades como cidadãos e gestores públicos.

Cordialmente.
Antonio Guedes Rangel Junior
Reitor da UEPB

P.S. O Orçamento foi enviado na terça-feira. Tivemos acesso a ele na quarta-feira. O CONSUNI reuniu e tomou posição na quinta. Talvez eu estivesse sendo elogiado (nos bastidores) se tivesse silenciado, traído meus pares, sonegado à comunidade universitária as informações (que obtivemos por meio de amizade) e deixasse para lamentar (com direito apenas a isto!) somente depois do 2º turno.

24 de agosto de 2014

NA VOLTA NINGUÉM SE PERDE

Meus pensamentos dispersos
Randomizam na memória
Tecendo os fios da história
E garimpando alguns versos.

A pequenina e simplória

Vida de sonhos, que imersos
Em atropelos diversos
Jamais buscou qualquer glória.

E assim, no mundo em que ando

Bem pouco ou nada comando
E mesmo que eu nada herde

Deixo de herança uma lida

Pois se deu certo na ida
Na volta ninguém se perde.

18 de agosto de 2014

AOS FORMANDOS 2014-1

Autoridades presentes.
Minhas Senhoras!
Meu Senhores!
Meus caríssimos e minhas caríssimas concluintes.
Mais um dia de júbilo vive a UEPB. Mais um momento marcante na vida institucional. Mais uma exposição pública de parte fundamental do nosso trabalho, um registro público do resultado da nossa labuta cotidiana.
Hoje aqui, vocês, jovens formandos e formandas, representam a nossa colheita, nossa safra, parte fundamental como produto do nosso labor, uma das essências do nosso mister.
A Universidade existe porque lá no meio da Idade Média, há mais de 800 anos, grupos de jovens como vocês se juntavam para aprender e desvendar aparentes mistérios, identificar regularidades em fenômenos, conhecer o mundo, a vida, sem as amarras dos dogmas e do obscurantismo.
Nasciam as Universidades sob a égide da laicidade, do pluralismo, da ânsia pelo conhecimento livre, autônomo e capaz de compreender o mundo, a natureza, as pessoas, as coisas e transformar a história com base neste conhecimento.
Se bem que a educação sempre foi instrumento também da luta das classes pelo poder nas mais diversas sociedades, é bem verdade também que aqueles que se apropriaram do saber universal, socialmente produzido, em sua maioria não fizeram desta apropriação de saber um instrumento de libertação desta sociedade que produz coletivamente, tanto o saber como a própria transformação da natureza e a geração de riqueza.
O problema não está na criação, na produção, mas essencialmente na forma como o saber é apropriado privadamente e utilizado como instrumento de dominação e não de libertação.
Avançamos muito em nosso país nos últimos anos. Porém, é inegável que ainda há muito a edificar, a vencer, a superar, principalmente no terreno da educação, que é a base de tudo e sua ausência causadora de tantas outras mazelas sociais.
Gostaria de compartilhar com vocês, rapidamente, um episódio que presenciei hoje pela manhã quando fazia a minha feira, escolhia e comprava o alimento mais perecível para o consumo da família durante a próxima semana.
Por trás de um balcão de carnes, dois muito jovens açougueiros dialogavam. Captei um trecho que dispensa explicações.
O primeiro dizia:
“Cara, eu vou arriscar e vou fazer, porque quem não estuda não vale nada.”
“Sei não...” respondeu o outro enquanto empacotava uns pedaços de frango congelado.
“Rapaz!” Voltou à carga o primeiro jovem. “Se não estudar não tem uma porta que se abra pra você. É tudo fechada mesmo...”
O segundo foi afrouxando: “É...eu gosto de História. Se for fazer é pra História”.
Então o provocador fecha: “Meu! A gente tem que correr atrás. Isso aqui resolve hoje, mas pra vida toda não vale. Eu quero é mais, quero crescer...”
Fiquei tentado, muito tentado, a intervir. Mania de professor. Quase emitia uma opinião, mas me contive porque achei que eles já haviam dito tudo.
Agradeci pelo atendimento, sorri e ainda disse: “É isso! O caminho é por aí...!”
Falei apenas por acreditar que eles poderiam ver em mim um sujeito maduro, que pode ter passado por experiências parecidas com as deles e que reforçando o seu diálogo positivamente eu apenas estava dizendo: “concordo com vocês!” Afinal, ali eu era apenas um cliente a mais.
Quando estava escrevendo estas palavras para me dirigir a vocês hoje, veio logo à memória esta cena da manhã de hoje.
O que aqueles jovens queriam? Pensem! Reflitam de verdade!
Acho que eles estavam sonhando em estar daqui a alguns anos no lugar de vocês. Eles sonhavam.
Entre um pacote e outro de peixe ou salsicha, entre um corte cuidadoso de um bife, uma medida quase perfeita de um quilo de carne na balança, uma faca afiada com esmero e a queixa de algum freguês abusado, sonhavam com um futuro parecido com ESTE PRESENTE DE VOCÊS.
Afinal, quem de vocês, ao menos uma vez, não sonhou com este momento?
Qual pai, qual mãe não esperou ansiosamente por este momento, não fantasiou, não acreditou em vocês, desde tenra idade, desde os anos em que vocês se recusavam a fazer a tarefa de casa, a melhorar a caligrafia, a passar mais uma hora estudando pra avaliação bimestral, a trocar o videogame por uma revisão de assunto?
E tenho certeza de que valeu a pena. E se não foram em vão, não foram perdidas as horas de namoro, as tantas horas de festas, de brincadeiras, de orações... Muito menos foram perdidas as longas e às vezes penosas horas e dias e noites que vocês queimaram pestanas, amassaram os glúteos numa cadeira em busca de melhores resultados, de cumprimento de metas de consecução de objetivos, que hoje se revelam em seu conjunto nesta colação de grau.
Esta Universidade, que prima pelo conhecimento científico, também vem investindo na transferência deste conhecimento por meio da extensão, na qualificação dos seus docentes e técnicos, na formação pluridimensional dos jovens, no lazer através do esporte e da arte e na preservação e difusão da cultura.
A presença hoje aqui do nosso querido artista popular BILIU DE CAMPINA representa, sem nenhuma dúvida, a leitura que esta instituição faz da importância da arte popular, da cultura regional, das manifestações mais diversas do imaginário e da criação humana através das artes, como forma de conhecimento e de encantamento do mundo.
Precisamos trabalhar para que a aridez do mundo e das relações de luta por sobrevivência não transformem nosso cotidiano em sofrimento. A arte nos é fundamental, imprescindível.
A escolha de Biliu de Campina como Paraninfo Geral das turmas concluintes deste período letivo 2014.1, a mim especialmente, honra presidir esta solenidade pela identificação que tenho com a sua arte, pelo respeito que nutro pelo ser humano, pela admiração que sinto pelo seu trabalho de preservação e difusão da cultura, lutando como um verdadeiro Cavaleiro Andante, Um Don Quixote da Borborema, um visionário que faz da sua arte trincheira em defesa de valores em transformação permanente, mas também como forma de alertar aos contemporâneos para o fato de que criar, mudar, inovar, transformar não é destruir o passado, mas nele se inspirar para reconstruir o novo.
Afinal, novos que somos, indubitavelmente, somos resultado desse amálgama fantástico que é a operação sobre nosso passado, nossos antepassados, nosso mais longínquo humano que nos antecedeu e que vem continuadamente criando e inscrevendo com sua própria vida esta fantástica aventura humana que é a próprio desafio da vida sobre a terra.
Agradeço, a cada professor e professora, cada técnico, cada trabalhador desta Universidade, que colaborou para que este momento fosse possível de acontecer.
Recebam o abraço e os parabéns de todos nós que fazemos o corpo docente e técnico da Universidade, do vigilante ao pesquisador, do reitor ao pedreiro ou encanador, da professora ou professor que esteve no primeiro dia de aula com vocês ao que fechou a avaliação do TCC, do diretor ou diretora ao coordenador de curso ou chefe do departamento.
Todos estamos muito felizes com a vitória de vocês.
Aos pais e mães, parentes próximos ou distantes, amigos e amiga, todos enfim que compartilham da alegria de vocês por este momento e pela conquista tão importante que celebramos neste dia de hoje.
Que vocês possam levar bem longe o nome desta Universidade e honrar os conhecimentos e experiência adquiridos. Aprender é um desafio infinito. Aqui, este momento, muito mais que um ponto final é uma parada, ponto de chegada e também de partida.
Se vocês não tiveram a Universidade em seus melhores dias, certamente nós que aqui ficaremos, que já vimos de tudo e ainda temos muito a descobrir, temos a certeza de que melhores tempos ainda virão, pois que sem essa esperança viva, sem essa crença num futuro construído pelas mãos de cada um de nós, não teríamos a força necessária para enfrentarmos todas as batalhas do cotidiano.
Somos movidos pela esperança. Somos guiados pela razão e embalados pelo sonho, pela utopia de um mundo melhor.
Vamos em paz! Celebrem junto aos seus que vocês são vencedores! Vivam o presente com atenção, não desprezem o passado e mirem bem longe a estrada do futuro que desejam construir.
Sejam felizes! Boa Noite.
Muito Obrigado.

(Publicado sem revisão)

15 de agosto de 2014

NÃO APRESSE O RIO

Na metade dos anos 80, estudante de Psicologia, fiz um razoável mergulho na teoria da Gestalt e no Zen-budismo de J. Krishnamurti. O livro Não Apresse o Rio (Ele Corre Sozinho) eu guardo até hoje como boa referência do trabalho do Gestalt Terapeuta Barry Stevens.

Ontem, durante uma caminhada, me ocorreu um acesso a determinada gaveta da memória e lá estava ele em forma de quadra.

Meu avô já me já dizia/
Pra não apressar o rio/
Pois sozinho noite e dia/
Ele corre em desafio.

(Parafraseando Barry Stevens)

13 de agosto de 2014

ESTUPIDEZ NÃO TEM LIMITES 2

Realmente, a estupidez humana não tem limites. Aliás, estupidez humana - na verdade - é uma redundância, pois não? Afinal ninguém nunca, jamais, em tempo algum, ouviu falar em estupidez de um jegue, de um leão ou um jabuti.

Pois bem. O Brasil inteiro (e mesmo no planeta em geral, quem acompanha a política brasileira) ficou chocado com a noticia da trágica morte de Eduardo Campos, ex-governador do Estado do Pernambuco e candidato à Presidência da República em 2014. O Brasil inteiro? Menos uns milhares de seres estúpidos que, em vez de consternados com a perda, de se mostrarem solidários com as famílias de Eduardo e dos outros tripulantes da aeronave que caiu, correm pra tentar transformar o fatídico episódio em tema político.

Pura estupidez! No momento em que escrevo este texto, menos de 4 horas após a noticia do acidente, 24.728 pessoas publicaram no Twitter com a expressão "Foi a Dilma". Enquanto isso, apenas 21.875 fizeram referência direta a Eduardo Campos. O interesse daquelas pessoas é claro: vincular a queda do avião onde estava o candidato a uma suposta culpabilização da Presidente Dilma, candidata à reeleição.


Definitivamente, como registrou o pensador Einstein, assim como o universo, a estupidez é infinita. Neste caso, as manifestações desta natureza, mais que uma opinião política, uma manifestação que possa alterar a análise de outrem ou mesmo o seu voto, revelam a insensatez, a ignorância e extrema estupidez e mesmo a índole, a fragilidade da formação moral e da educação de quem escreve.

Uma lástima!

11 de agosto de 2014

PAIS E FILHOS

Dentre as incontáveis lições que aprendi com meus filhos, talvez a mais importante tenha sido a libertação de uma certa mania de querer aprisionar o tempo.

Explico: muitas vezes, quando eu experimentava um momento de muita felicidade, ternura, uma sensação muito boa, ficava racionalmente tentando congelar aquele momento, tentando registrar para arquivo nalguma zona específica do cérebro para que aquele instante jamais se desgrudasse da minha memória.

Eis que a vida, cruelmente, me ensinou que as memórias mais dolorosas ficam gravadas de uma maneira tão aleatória e tão autônoma que são aquelas que, de maneira mais recorrente, voltam mais vivas ao nosso cotidiano. Precisamos aprender a mudar essa lógica.

Pois então. Meus filhos me ajudaram a desfazer aquela crença banal que eu tinha. Os momentos singelos e tão fugazes que vivenciei e vivencio até hoje com eles se encarregaram de jogar por terra a minha tese. Aprendi a deixar acontecer, a olhar, experienciar e curtir cada momento com a emoção que lhe convém nesse sistema aleatório de escolhas que nosso inconsciente vai fazendo e formatando como método individualizado ao longo dos anos.

Ou seja, depois de tanto tempo, acredito que estou aprendendo a me guiar por aquela máxima, de "viver cada momento como se fosse único" - o que eles são, em verdade - e deixar que a parte do organismo responsável pelo registro se encarregue de fazer seu trabalho independente de vãos comandos racionais.

Os resultados têm sido fantásticos. Aprendi a me emocionar mais, a chorar mais, a gargalhar mais - às vezes feito um perfeito idiota - e tenho notado que estou me transformando num ser humano melhor, por estas razões. Se não melhor para os outros, ao menos me sentindo como uma pessoa melhor e mais condescendente consigo mesma.

Meus filhos são o maior barato. Meus filhos são o máximo e me enchem de uma espécie de orgulho besta, de uma empáfia estranha ao meu habitual jeito meio contido de ser, de uma alegria incomum por tê-los como filhos e poder desfrutar, vez por outra, de raros momentos que somente eles são capazes de oferecer.

Por estas e outras tantas razões que não caberiam neste pequeno texto, o Dia dos Pais pra mim sempre foi e continuará sendo quase todo dia, quase toda semana, quase todo mês. Basta que um momento mágico seja criado, um gesto, um sorriso, um abraço, um afago qualquer seja ofertado e lá vou eu feliz da vida, radiante, o peito cheio de regozijo por estar vivo e ter essa fortuna que a vida me presenteou.

8 de agosto de 2014

Estupidez não tem limites

Se descobrisse uma fórmula para limitar a estupidez humana, eu juro, pode crer, não patentearia. Não quereria nem registro de autoria, (™)  ®... Nada!-
Código aberto pra quem quisesse replicar, aperfeiçoar, desenvolver, redistribuir, reinventar...
Ah, como seria bom!

31 de julho de 2014

QUEM SOUBER ATIRE A PRIMEIRA LUZ

Se as nuvens não me compreendem vou me preocupar?
Problema delas...
Cacei tantos arco-íris e aprisionei nos olhos tantas estrelas cadentes que nada mais me faz temer a escuridão.
Ainda hoje vi, da estrada, uma dessas mergulhando, lá no rumo noroeste.
Sei lá se existe luz para além do prisma que perfurou meus olhos com os primeiros raios solares de um dia qualquer de novembro.
Melhor cantar uma canção e deixar-se levar pelo inusitado som destas 4 cordas, irmanadas em busca de algum equilíbrio ou som universal.
Poderia denominá-las Sol Do Mi La...
Posso também chamá-las de Waldir, Roberto, Junior e Duda.
Procuro apenas um som que nos traduza e que pode se chamar fraternidade.
Procuro apenas a cura para todo o mal, e que pode se chamar apenas AMOR.

Quem souber que me ensine...

26 de julho de 2014

Amigos e amigas.

Há 8 anos e meio resolvi criar este blog e de até aqui consigo que cumpriu razoavelmente aquilo que deu sentido à motivação inicial de sua criação.
Altos e baixos em termos de publicação, freqüência, periodicidade... Vejo que minha relativa regularidade e certa estabilidade em tantas outras coisas não se repete por aqui.
O ato de escrever continua sendo algo muito prazeroso pra mim, mas confesso que andei sacrificando-o por outras tantas escolhas menos felizes. Na maioria das vezes forçado pelas circunstâncias e noutras tantas por falta mesmo de volição. Não que tenha deixado de "ter coisas a dizer".
Não vou prometer nada que não possa cumprir, mas somente pelo fato de ter sentido saudade de bons contatos feitos, de boas interlocuções neste espaço, de fato, confesso que me bateu uma vontade danada de voltar a escrever com mais compromisso, publicar poemas, crônicas, contos, impressões do cotidiano...
O facebook não pode substituir um espaço como este que tem outra natureza, outros objetivos e se propõe também a alcançar outros interesses, longe da fugacidade de uma espécie de "linha do tempo" que cai e se renova a cada segundo.
Vamos ver se a vida me reserva e me oferece um pouco mais de paciência de modo a me permitir voltar sempre.
Vou ver se vocês ainda estão por perto.
Como dizia o pensador, na volta ninguém se perde.
52 chegando...
Todas as engrenagens funcionando (mais ou menos) em ordem... Hehehe
Ganhei uma garantia estendida ao nascer, pelo que sou agradecido.
Todavia, sinto que está chegando ao final do seu prazo.

O tempo dirá!

10 de junho de 2014

MANOEL MONTEIRO

A noticia do desaparecimento do Poeta Manoel Monteiro me deixou com aquele nó na garganta.

Compartilhei numa rede social a informação, com um banner, ainda na esperança de que algo de positivo acontecesse. Uma voz interior dizia que algo de muito errado estaria acontecendo e, nestas horas, um cético engole seco e torce para que o mais temível não tenha acontecido. Torcer aqui é pura força de expressão.

A noticia da sua morte provocou um enorme vazio e a sua viagem épica deixa uma enorme interrogação pra todos nós que gozamos do privilégio de sua convivência alegre e de sua grandeza humana e poética.

Dizer agora que Monteiro era um dos melhores, o melhor, o maior, o mais isso ou aquilo é chover no molhado.

Digo apenas que ele vai fazer uma falta imensa, deixa uma dor danada no coração de muito gente que lhe quer bem, que o admira e que conhecendo os seus tantos predicados valorosos, sempre se pergunta: por que tem que ser assim?

Ele escolheu assim!

Prefiro acreditar, como disse um poeta amigo, que ele escreveu o seu último roteiro, indicou o tema e o enredo completo (cinematográfico) do seu último cordel, já que ele mesmo não poderia escrevê-lo resolveu viver a história e deixar que outros a contem.

Não quis ser o escritor dessa história, mas simplesmente seu protagonista e personagem principal e personagem único e humanamente ativo.

Não adiantou ir embora, pois ficará pra sempre entre nos, na história da poesia popular brasileira, nordestina, paraibana, Campinense.
Nem deu tempo de abraçar ninguém, despedir de ninguém, avisar ninguém...
Fiquemos nós com estas interrogações enormes destas coisas insondáveis da vida humana.
Salve, Manoel Monteiro!

Presente!

29 de março de 2014

Jovens formandos da UEPB.

Minhas senhoras!
Meus senhores!

Se algo pode ser dito sobe a vida e estabelecermos apenas uma verdade absoluta sobre ela é que está sempre em movimento.

Tal movimento não é linear nem incessante, porém, é certo que acontece também de modo a permitir que tudo tenha suas fases, seus ciclos. Altos e baixos.

Assim como no planeta e na natureza temos verões e invernos, outonos e primaveras, na vida temos as mais variadas formas de manifestação das estações.

Humanos que somos, experimentamos momentos os mais diversos e mesmo díspares quando se trata do longo caminho da aventura humana entre o nascer e o morrer.

Vivemos momentos bons e momentos ruins. Outros nem tanto nem tão pouco.
Precisamos aprender sempre a reconhecer sua existência, suas formas de apresentação e aprendermos, portanto, a conviver com eles.

Se nos momentos de incerteza nos sentimos fragilizados, inseguros, duvidosos de que as coisas boas ainda acontecerão, de que somos vítimas infelizes do acaso ou da própria vida, certamente o aprendizado e a experiência nos darão mais adiante a clareza de que tudo passa, tudo muda, tudo se transforma, tudo se desmancha, renasce e volta de outra maneira para nos ensinar a viver a vida e sintonizar com o seu movimento.

Precisamos, isto sim, humildemente aprender duas lições fundamentais: em primeiro lugar aprender a não sermos derrotistas nos momentos de baixa, de negatividade de um ciclo; em segundo lugar aprender a não sermos auto-suficientes ou arrogantes nos momentos de alta, de positividade de um ciclo.

É nos momentos de alta que precisamos nos prevenir, guardar nossas reservas energéticas e morais para enfrentarmos os momentos de crise.

É nos momentos de baixa que devemos olhar para o horizonte, elegermos prioridades, operarmos com os elementos da coesão e da consciência e trabalharmos com mais afinco para que novo ciclo de bonança possa dali ser fecundado e elevar a todos a novo patamar... e assim por diante.

Saber lidar com ambos é essencial para o equilíbrio e a estabilidade de nossas vidas e, por extensão, de nossas famílias, dos grupos onde atuamos, das instituições que edificamos.

Aprenderemos então que nenhuma felicidade é eterna nem qualquer tempestade durará para sempre. Eu, por exemplo, se é que não fica piegas ou até mesmo arrogante se auto-exemplificar, venho me tornando mestre em aperreio, PHD em desatar nós e pós-doutor em sofrimento. E isto é só o começo! E ainda consigo sorrir em quase todos os momentos ou ao menos depois de passada cada tormenta.

Estamos aqui hoje diante de um enorme contingente de jovens que celebram o fechamento de um ciclo. No caso, talvez o mais importante e mais destacado de suas vidas até este momento.

Meus caros formandos e formandas.

Peço-lhes um minuto de sua atenção e sugiro que façam um pequeno exercício: caso estejam ao lado do pai ou da mãe olhem para ele, para ela. Toquem o seu braço, a sua mão...observem a sua expressão de regozijo, de orgulho, de silenciosa felicidade.

Se sua mãe ou seu pai não estiverem por perto ou nem mesmo mais em nosso meio, por favor, façam um esforço para imaginar o brilho do seu olhar, a expressão de orgulho e contentamento por você estar aqui hoje, neste exato momento, dizendo: agora eu sou graduado! Agora eu sou formado pela UEPB! Ou como diziam os antigos, enchendo o peito: "MEU FILHO AGORA É DOUTOR! MINHA FILHA AGORA É DOUTORA!"

Carreguem este momento em suas memórias! Não esqueçam de que muito mais que uma realização pessoal, este momento é uma realização daqueles que cuidaram de vocês cada segundo para que estivéssemos aqui hoje. Mães e pais.

Como vocês disseram no juramento que acabaram de fazer, honrem o nome a instituição que vos formou. Honrem o nome, a história e a memória dos seus país e mães.

E se eu perguntasse três coisas? Pra chegar até aqui...
PRIMEIRO: foi fácil? Certamente vocês responderão com um sonoro NÃO,
SEGUNDO: foi ruim? Seguramente vocês responderão com um sonoro NÃO,
TERCEIRO: VALEU A PENA? A resposta é com vocês!

E sobre os obstáculos que aparecerem no caminho, não se esqueçam, olhem pra eles frente a frente, nos olhos, cara-a-cara e com inteligência, paciência, persistência, enfrentem a todos. Superem todas as barreiras!

Lutem por seus sonhos e nunca desistam deles! A prova de que dá certo está aqui, nas mãos de vocês, no coração de vocês, na vida de vocês. E nós todos somos testemunhas disso.

Agradeço e parabenizo a todos vocês em nome do corpo docente e técnico-administrativo da UEPB por terem acreditado nesta instituição que completou 48 anos ainda nesta semana que se encerra.

A partir de agora vocês não estarão mais na UEPB, mas ela seguirá com vocês até o fim de vossos dias. Vocês levarão a UEPB aonde forem e a levarão em lugar seguro, nas mentes e nos corações de todos e de cada um.

Será assim por todos os dias bons e difíceis que tiverem de enfrentar. Levem a memória deste tempo que atravessaram com tão rica experiência. Levem na memória as lutas que travaram, os conflitos que viveram, as festas que fizeram, as noites que perderam...e se perderam foi pra ganhar o que agora estão recebendo.

Foi uma boa troca! Foi por uma boa causa! Nenhuma noite foi perdida! Nem as dos incansáveis estudos, ou das orações nem as da festas. Todas compuseram a obra inconclusa que segue a partir daqui por novos e ainda desconhecidos caminhos.

Desejo muitos êxitos pela vida que segue e que vocês nunca se afastem do caminho do bem, da justiça, da ética, da solidariedade, da fraternidade, do bom senso, do caminho dos justos. Mesmo diante das mais difíceis tempestades.

TENHAM MUITO ZELO. PRESTEM MUITA
ATENÇÃO COM O QUE FARÃO COM A VIDA DE VOCÊS DAQUI EM DIANTE. Com o legado que receberam desta bela e comovente história.

Tenham uma boa noite e um bom retorno para o coração e o aconchego dos seus lares.
Muito obrigado.

Prof. Rangel Junior
Via iPad