Viajando a Maranguape para uma visita ao Museu da Cachaça, eis que encontro no topo de um poste um vistoso Gavião-Peneira. Clic com a máquina emprestada de Paulo César Cariri.
Aproveitei pra postar aqui, junto a uma versão (paródia? paráfrase?) que fiz há algum tempo para a Canção do Exílio.
Não tenho Juritis ou Sabiás para ilustrar e resolvi registrar meu clic que, cá pra nós, ficou muito bacaninha.
Segue a Minha Canção do Exílio, escrita há algum tempo no Rio de Janeiro.
Minha terra tem juremas,
Onde canta a Juriti;
As aves que lá gorjeiam
Não gorjeiam como aqui;
Tem mais terra do que água
E é chamada cariri.
Nosso céu não tem fumaça
A não ser de uma coivara,
Ou de cigarro de palha
Que a nada se compara;
Poluição por ali
Se existe é coisa rara.
Desconfiado — de noite —
Deito na rede serena
No alpendre da casinha
Que é pobrezinha e pequena.
Curtindo a brisa da noite
Junto da minha morena.
Minha terra tem sabores
Que neste lugar não há;
Deitado — à boca da noite —
Gozo assim não tenho cá;
Minha terra tem juremas,
Juriti e Sabiá.
Deus me livre de morrer
E aqui ser enterrado,
Sem que desfrute os primores
Do meu torrão encantado,
Sem qu'inda aviste as juremas
E Juritis no roçado.
A Canção do meu Exílio
Tem Cururu, tem Preá,
Tem Calango e Papa-vento
Balançando no Jucá;
Tem saudade enfileirada,
Cana com Piaba assada
E o canto do Sabiá.
3 comentários:
Eu prefiro chamar de versão, que é coisa que respeita e admira o original, o que nem sempre se dá com a paródia. E a sua versão é sincera e engenhosa. E a foto, poxa, eu diria que ficou muito boa.
Um abraço
E passaria o Gonçalves dias e dias para fazer um poema desse. Quem manda não ser caririzeiro!? Isso é pra quem pode!
Valeu, poeta das capoeiras dos cariris!
Abraço.
Que bom poder tocar o gosto de outros...
Vou ensaiando por aqui... com um abraço agradecido pelas interlocuções.
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