"Ai, alua que no céu surgiu / não é a mesma que te viu..." O poeta se derrama em versos na canção. Não é a mesma que te viu, nem é a mesma que saiu pra brincar o carnaval, nem aquela que o homem, insensato (pesquisador, diriam), em busca do futuro, tentou fazer de nau. O navegador quase solitário de um pássaro-máquina que há quarenta anos se perdeu. Se perdeu? Perdeu! Venceu a lua! O homem não conquistou a lua, pois ela nada tinha para lhe dar além do sonho e do aprendizado da viagem.
Há 40 anos, de cada 4 casas no Brasil somente uma tinha TV. A minha estava entre as outras 3 que não possuíam ainda o aparelhinho que iria, anos depois, ser o centro das atenções em todos os lares. Os vizinhos amigos já não sentam mais à calçada depois do jantar prum papo, pois todos sentam-se em redor da TV. Se a lua em 69 era branco e preta, hoje é cheia de policromia. O homem já esteve lá outras vezes, mas, incrivelmente, ainda não conseguiu estragá-la nem quebrar o seu encanto, como diria o compositor popular, e ela continua a todos encantando sem ser de ninguém. Será? Os bandeirantes fincavam uma bandeira em solo quando queriam demarcar seu território, seu novo espaço conquistado.
A lua, lá de longe, continua encantando e sendo mote para os poetas, alento para os sonhadores, inspiração para os namorados, moldura para noites de fantasia e, para muitos, ajudando os pintos a saírem dos ovos.
Cá comigo e meus poucos botões (confidentes de priscas eras), continuo acreditando que tudo aquilo é verdade, apesar de ainda ter gente (pode parecer incrível) que crê no contrário. Tudo aquilo seria pura montagem tecnológica pra enganar incautos. Mas quem seriam os incautos?
A lua continua, lá de longe, sendo em minha fantasia o lugar onde mora São Jorge e seu cavalo, com sua lança e valentia combatendo o dragão da maldade. Você já reparou na lua quando ela é nova? Você já caminhou pelo mato, em uma estradinha qualquer sem faróis nem nada numa noite de lua cheia? Existem coisas que já se perderam pra nós ou ainda estão por desafiarmos antes que se tornem proibidas. Uma delas é uma caminhada pelo mato em noite de lua cheia. Ainda é tempo! Não deixe pra depois...
Você já curtiu um luau onde apenas uma fogueira rivalizava com a lua num duelo de luzes e sombras e sinistras siluetas descortinando o horizonte bem ali, pertinho dos seus olhos? Se não, ainda é tempo de experimentar. Ainda não é proibido!
"Noite alta, céu risonho / A quietude é quase um sonho /O luar cai sobre a mata / qual uma chuva de prata / De raríssimo esplendor..." (Catulo). Alguém há-de dizer que isso é brega, antiquado, cafona, careta, demodé. Alguém provavelmente pense que é delírio. Apenas acho que a lua é lá e que tem tudo a ver conosco, seus ciclos, nossos ciclos, suas fases, nossas fases...
Somos Crescente enquanto Nova e, sinceramente, acho muitíssimo Minguante a vida que não é Cheia de lua.
Um comentário:
Valeu, velho Poeta!
Eu só tomara que o homem nunca mais pise na lua. Ela só permanece como está porque o homem só pisou nela uma vez. Há um velho ditado que diz que "onde o homem pisa não nasce nem erva daninha". Decerto que mesmo sem a presença humana não haveria de nascer muita coisa por lá, mas alguns sentem brotar da nossa amiga solitária muitas poesias. Eu, pelo menos, já dediquei muitos momentos "aluado" a fitá-la, colhendo o que porventura sobrara dos grandes poetas.
Não me envergonho de dizer que ainda faço isto, o que não consigo entender é como e porquê um engraçadinho daqui (daqui mesmo de Campina Grande) um dia sismou de lotea-la. Isso mesmo, você entendeu bem! Só não sei como o cara conseguiu fazer as medições, mas na terra aonde se fabrica relógio cartier, debaixo da água do açude velho, com luvas de boxe, tudo é possível.
Um abração, meu irmão, não tenho como avaliar seu texto. Naveguei nele!
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