10 de julho de 2009

CAMINHOS DO CORAÇÃO

Tá valendo... Bons ventos sopram em meu coração, Tempo ficando quente, Brisa de copacabana e um quase adeus... ou até logo, com direito ao primeiro banho de mar - após quatro meses completados exatamente ontem, dia 9 - e dois 'caldos' das raivosas ondas, capazes de açoitar navios. Volto deixando rastros, lembranças, amigos e amigas, uma gostosa sensação de que valeu a pena. A experiência destes quatro meses de imersão, um quse exílio voluntário, uma temporada de tatear chão, palavras e idéias, uma aventura pelos terrritórios do conhecimento essencialmente construído nas trocas com os outros. Os outros de mim agora são bem mais. Que o digam as professoras Maria Luiza Oswald, Rita Ribes, Mailsa Passos e Beto (C. R. Carvalho), sorrisos sempre prontos para dispararem aliados a uma enorme seriedade e compromisso acadêmico com o conhecimento e a liberdade na construção de um mundo melhor. Que o digam tantas novas amigas e amigos que aprendi a gostar e respeitar neste pequeno lapso temporal. A aventura do conhecimento como edificação coletiva, a perda da vergonha do não-saber, o novo, o quase desconhecido, o por vir... A recepção carioca (amorosa) de Cydno Silveira e Lia, Luiz Marçal e Terezinha, as imagens do Rio de Janeiro, o calor das pessoas e mesmo o frio da cidade em certos momentos. A temporada acompanhado por Camilla e Vinícius, a reta final ao lado de Taiguara e Zé Martins, os dois últimos dias só, o quase buraco deixado pelas ausências todas e eu sozinho com minhas lembranças e meus fantasminhas camaradas. A saudade agora é emoldurada pelo almoço com os amigos Cydno e Marçal e a despedida no encontro com Oscar Niemeyer, entrega de Medalha do Mérito Universitário da UEPB, com direito a 'ponta' ocasional em documentário Belga (ou seria francês?) sobre o maior "arquiteto do universo". Ao menos pra mim ele é 'o cara'. Tão miúdo, tão singelo, agigantado pela sua simplicidade ante a beleza e a eterna memória da sua obra fenomenal espalhada pelo mundo. Até mesmo os momentos de solidão preenchidos nas sextas à noite no boteco da Rodolfo Dantas... saudades do Bar do Brito. "Pode ir armando o coreto e preparando aquele arrumadinho... que eu tô voltando..." As terças pós-bakhtinianas no chope do Maracanã... O problema dessas passagens em nossa vida é que elas passam somente pra ficar eternizadas dentro da gente. Volto mais pobre do que quando vim, pois agora não tenho mais uma mãe de carne e osso. Todavia, ganhei uma mãe enorme, agigantada em meu peito pela saudade e a lembrança de sua alegria que, daqui em diante, será o alento pras horas em que a ausência física for por demais dolorosa. Ao mesmo tempo retorno sentindo que nada me diminuiu, muito pelo contrário, salvo a conta bancária. Volto seguro porque na volta ninguém se perde, como diria José Américo de Almeida. Vou em paz porque sei que aqui deixei muita coisa que, em vez de me empobrecerem me enriqueceram, como diria Gonzaguinha, que agora fala por mim em 'Caminhos do Coração'. "Há muito tempo que eu saí de casa Há muito tempo que eu caí na estrada Há muito tempo que eu estou na vida Foi assim que eu quis, e assim eu sou feliz Principalmente por poder voltar A todos os lugares onde já cheguei Pois lá deixei um prato de comida Um abraço amigo, um canto prá dormir e sonhar E aprendi que se depende sempre De tanta, muita, diferente gente Toda pessoa sempre é as marcas Das lições diárias de outras tantas pessoas E é tão bonito quando a gente entende Que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá E é tão bonito quando a gente sente Que nunca está sozinho por mais que pense estar É tão bonito quando a gente pisa firme Nessas linhas que estão nas palmas de nossas mãos É tão bonito quando a gente vai à vida Nos caminhos onde bate, bem mais forte o coração". É isso!

Um comentário:

Aninha Santos disse...

Eta, é mais uma fase da vida que vai passando... Fico lendo tuas postagens e associando àquelas teorias da física... o Junior que eu conheci não está mais aí, ele é outro e outro a cada momento. Olho para esse blog diferente e vejo que algo mudou também no meu amigo querido. Será o sol do Rio de Janeiro, os novos amigos, o saber mais que não se sabe muito?

Podia existir cibazol pra saudade...

Um beijo enorme.