20 de maio de 2009

FAZ 21 ANOS, MAS PARECE QUE FOI ONTEM

Era uma tarde, 18 de maio de 1988, mais fria àquela época em Campina. Taiguara nasce às 14:20h, na antiga Clínica Mater Dei, na Av. Floriano Peixoto. Por volta das 16h saio já com documentos em direção ao cartório e também porque havia um ato público na Praça da Bandeira e eu havia me comprometido em passar por lá pra cantar algumas canções. Por uma dessas coincidências fantásticas da vida, encontro o amigo Zé Martins (o grande Zé de Cazuza) na calçada da Clínica. E o que isso tem a ver com o nascimento do meu primeiro filho? Estive contando outro dia pra ele como havia apostado com Zé Martins sobre quem nasceria primeiro, se a filha dele (Yasminne, que completa amanhã seus 21) ou o meu, e a natural dívida de cervejas que o outro teria caso perdesse. Mas não deu outra. Mostrei ao perdedor o documento do hospital e depois dos abraços, aquele sorrisão do tamanho do mundo, nos dirigimos à bodega mais próxima, há uns 20 metros descendo a avenida, na esquina onde hoje funciona um mercadinho. Depois de muita resenha e algumas cervejas, creio que umas quatro ou cinco, subimos à pé para o centro da cidade e já o registro do cartório ficaria pro dia seguinte, pois na Praça da Bandeira o Ato Político já avançava e fui prontamente convocado pra subir à tribuna. Soy Loco Por Ti América, com os devidos comentários de homenagem ao rebento que acabava de chegar ao mundo e o destaque do seu um nome, que queria dizer em Tupi "homem livre; forro; aquele que não se deixa escravizar". Na sequência Cuitelinho e Viola Enluarada. Estava inspirado e ainda, por felicidade dessas coincidências da vida também, o sujeito do som, comovido com aquela declaração de amor, presentou-me com uma fita cassete contendo a gravação da minha apresentação. Ainda a tenho e tentarei digitalizá-la pra mostrar aqui um dia qualquer. Faz 21 anos, mas parece que foi ontem. Já ouviu essa frase antes? Pois é, quando a memória está acesa e o tempo vai passando a gente se habitua a essas expressões. Mas é pura verdade. Lembro de cada cena daquele dia, detalhe a detalhe, apesar de não ter uma memória tão boa pr'essas coisas. O velho tema do tempo me aparece quando vem uma comemoração do tipo. Nem pude estar junto dele, mas tenho consciência que é uma das minhas produções mais visíveis e melhores, bem mais que todos os CDs gravados, os textos e poemas escritos ou canções compostas, pois é vida. Talvez seja, juntamente com Vinícius (minha obra mais recente), as únicas que gosto de apreciar, de ver de perto ou à distância, em regozijo e das quais me orgulho. O tempo e a vida têm sido generosos comigo e sou-lhes grato por isto. Ainda esperando viver muito pra acompanhar os desdobramentos destas obras inacabadas, mas como toda obra humana, em busca da inatingível perfeição, a única coisa que pode fazer de cada um alguém sempre melhor. Se conseguir ensinar-lhe isso, certamente os ajudarei a continuar a obra... ad infinitum!

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