Palavras e imagens. Impressões e olhares sobre o mundo e as relações. Um pouco de cada coisa: educação, universidade, cultura, arte, política, gente...até poesia e outras formas de escrita.
14 de dezembro de 2016
ANDORINHA
26 de novembro de 2016
SOBRE o amor
3 de novembro de 2016
Glosa
Aí...
"Todo carro tem três retrovisores/
Mas olhando para trás não se conduz/
No futuro é onde está a luz/
Que buscamos guiados por valores/
Desenganos, tristezas, desamores/
São percalços de toda a caminhada/
Bem melhor é fazer a própria estrada/
E mirar o horizonte à sua frente/
Amanhã será hoje novamente/
E o que foi, já se foi, não vale nada/
Rangel Junior
Mote: Heliodoro Morais
2 de novembro de 2016
O Dia dos Mortos e os meus mortos
16 de outubro de 2016
A VIDA É MUITO MAIS
Porém, a vida nos apresenta situações (e circunstâncias muito especiais) que nos fazem, necessariamente, refletir e perceber que a vida verdadeira, a vida em sua abundância é muito maior do que qualquer pequeno conflito existencial.
Entre a última sexta-feira e hoje estive duas vezes no MAPP - Museu de Arte Popular da Paraíba.
Uma roda de veteranos do choro...uma apresentação especial de um jovem instrumentista, uma canja especial de um jovem trombonista...(mais duas canções...)... boas conversas e sorrisos... Um público pra lá de bacana entre 05 e 80 e poucos anos... Um grupo de turistas visitando...
Uma turma de formandos fotografando pro seu álbum de recordações.... Um casal de namorados trocando juras alumiados pela lua e pelo reflexo das luzes no espelho d'água do Açude Velho... Um grupo de rap (ou seria hip hop?) dançando (sob os pandeiros)... Um diálogo fantástico com um dos maiores arquitetos deste país... Cydno Ribeiro da Silveira...
As garças pousando, passeando e cagando nas rampas e nos vidros, com sua imponência graciosa e descomprometida...
Oscar Niemeyer ficaria feliz em ver a integração do MAPP à paisagem de Campina Grande e ao imaginário grandiloquente de sua gente.
A vida é mais importante que a arte...
As vezes vemos algo de um ângulo novo e isto muda nossa percepção e muda, portanto, a forma como nos relacionamos com o mundo em redor.
Vamos em frente.
15 de setembro de 2016
ZÉ LAURENTINO: SOBRE POETAS E POESIA
A palavra está para o poeta,
assim como a chuva está para o arco-íris.
A palavra na cabeça do poeta,
A palavra na caneta do poeta,
A palavra tinta no pincel do poeta,
A palavra vida no coração do poeta,
A palavra punhal, palavra-dor,
palavra comida, palavra vinho no bucho do poeta.
A palavra nomeia.
O poeta passeia com a palavra.
O poeta namora a palavra.
O poeta come a palavra,
transa com ela, goza e... morre.
Morre o poeta com a palavra.
O poeta da palavra não morre.
A palavra do poeta não morre.
O poeta não morre,
... vira pura palavra!
“Poeta é aquele que tira de onde não tem e põe onde não cabe”
Pinto do Monteiro.
José Laurentino da Silva é Paraninfo Geral das turmas concluintes do período letivo 2009.2.
Uma lenda na Universidade, estampou em manchete um dos jornais da cidade. Não inventou nem aumentou, pois estamos de fato diante de uma verdadeira lenda viva da poesia.
Recebida a tarefa de homenageá-lo, em nome da UEPB, busquei inspiração nos poetas. Nada mais justo!
Antes de iniciar esta pequena reflexão saí por aí perguntando e depois fiz a mesma pergunta a mim mesmo:
De que matéria são feitos os poetas?
Pensei em uma resposta rápida: Da mesma matéria que são feitos os pedreiros. Os poetas são gente de carne, osso e sentimento.
Os poetas são seres de luz, disse alguém!
Outro respondeu que os poetas são seres de outro mundo. Talvez o mundo da lua!
Pra me ajudar a entender o problema que levantei fui pedir ajuda ao poeta João Paraibano e ele me disse:
"Faço da minha esperança
Arma pra sobreviver,
Até desengano eu planto
Pensando que vai nascer
E rego com as próprias lágrimas
Pra ilusão não morrer.
Há três coisas nesta vida
Que Deus me deu e eu aceito:
A Terra para os meus pés,
A viola junto ao peito
E um castelo de sonhos
Pra ruir depois de feito."
Pensei que os poetas são como os dias, são como a essência da vida... e então Cecília Meireles me confidenciou que os dias são feitos de matéria fátua.
De que são feitos os dias?
- De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.
Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inatuais esperanças.
De loucuras, de crimes,
de pecados, de glórias
- do medo que encadeia
todas essas mudanças.
Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlaces
e em sinistras alianças...
Os poetas são gente comum, que comem feijão com arroz, tomam uma cachaça, mas não cospem no pé do balcão. Os poetas são catalisadores de sentimentos. Por isso carregam consigo todas as dores do mundo, todo o sentimento do mundo.
Disse Carlos Drummond de Andrade:
“Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo...”
“Poetas e tontos são feitos com palavras”, disse Manoel de Barros, pois “Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas - é de poesia que estão falando”.
E quando os poetas falam com os sonhos, conversam com os desejos, buscam o inimaginável, o imponderável, o inusitado a palavra nova, a cara nova da palavra, o cheiro novo da palavra... é de vida que estão falando.
A poetisa portuguesa Florbela Espanca disse como num desabafo:
“Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor.”
A mais famosa das tentativas de entender os poetas foi uma empreitada de Fernando Pessoa:
“O poeta é um fingidor / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente.”
A Universidade Estadual da Paraíba, que prima e persegue a objetividade da ciência, hoje rende-se ao lirismo e à crueza do cotidiano, ao matuto de Puxinanã que virou homem do mundo.
O nome Zé Laurentino tem 208 mil entradas no Google. No site Usina de Letras, Maria do Socorro Cardoso Xavier afirma:
“De inteligência privilegiada o poeta Zé Laurentino coloca-a serviço do seu povo, fazendo rir e tirando lições do acontecer cotidiano caipira. Zé Laurentino é a encarnação do interior nordestino, este sentir rústico, forte, telúrico e pândego ao mesmo tempo”.
Eu, a Cama e Nobelina, Matuto no Futebol, O Mal se Paga com o Bem, Carona de Candidato, Esmola pra São José e tantos outros.
O homem que tem poemas e glosas gravados por dezenas de artistas brasileiros, muito de grande destaque no meio artístico e cultural.
Assim ele se definiu em discurso de posse na Academia de Letras:
Autoridades presentes,
Minhas senhoras e senhores,
Sou poeta sertanejo
Meus maiores professores
A minha maior escola
Foi o toque da viola
E os versos dos cantadores.
Meu verso cantou amores,
Saudade, mágoa, paixão
Já cantou as alegrias
De uma noite de São João
Cantou fartura na mesa,
Também cantou a tristeza
De uma mesa sem pão.
Os meus versos se juntaram
Ao violão do boêmio
Foram comigo à choupana
Teatro, colégio e grêmio
Cantei no sertão, na praia,
Ganhei beijos, sofri vaia,
Fui expulso, ganhei prêmio.
Estes versos caipiras
De andar estão cansados
Foram bater em Brasília
Disseram aos deputados
Bem como aos senadores
Que nossos trabalhadores
São todos injustiçados.
O homem que é um verdadeiro clássico da poesia popular contemporânea, um dos maiores poetas vivos deste país, por incrível que possa parecer, não passa de um Zé, mas não é um Zé qualquer. É do tamanho de um Zé Praxedes. Da estatura de um Zé da Luz, em quem se inspirou e a quem tanto cultua. É Zé Laurentino, o menino do sítio Antas.
Este homem de palavra
Este homem de talento
Produziu da sua lavra
De poemas, mais de um cento
É alegre e sorridente
Chora quando está contente
E é feliz como um menino.
Quem o conhece, o aclama
Que viva sempre essa chama!
Chamada Zé Laurentino.
Parabéns, poetinha! Boa Noite a todos!
Muito obrigado!
12 de julho de 2016
DO INFERNO AO PARAÍSO EM 3 TEMPOS
2 de julho de 2016
Somos seres auditivos
Levou tempo para descobrir que os humanos somos também culturalmente preparados, treinados como "seres auditivos", num sentido mais subjetivo.
Aquilo que você sente e pratica, o sentimento que você devota a outra pessoa precisa também, para além de sentido e expresso em gestos, ser dito, falado, pro-nun-ci-a-do! Entende o que digo?
Pois bem! Sabe aquela pessoa a quem você ama e está perto? Seu filho ou filha, mãe ou pai, companheiro ou companheira, amante, namorado ou namorada... Você já disse pra ela "eu te amo" HOJE?
Não? Então diga! A vida é agora. Amanhã pode não ser mais possível. Amanhã pode não estarmos mais vivos.
1 de julho de 2016
Bênção, Mãe!
Eu diria a ela na chegada da visita e na saída, como era nosso costume.
Há exatos 7 anos eu estava descendo as escadarias da UERJ, onde cursava o doutorado, quando um telefonema do meu irmão Bosco Rangel anunciou a verdade fatal e derradeira: Dona Neide havia partido.
Eu já havia perdido mesmo o São João...
Já na madrugada conseguiram um voo que me levaria a João Pessoa, depois de carro pra Campina Grande e ainda depois pra Juazeirinho para definitivamente deixá-la inerte sob a sombra da Timbaúba. Isso mesmo. Coincidentemente, à sombra da árvore que deu nome à sua cidade natal, no Pernambuco.
Mesmo não podendo passar em sua casa pra dizer, eu digo daqui mesmo:
BENÇA, MÃE!
19 de março de 2016
VAMOS LAVAR A CALÇADA?
Lero de rua
O playboy parou no carango, todo fora do contexto, o outro boyzinho chiou, num gesto com as mãos e começou o bafafá.
- Deixe de ser boko-moko, meu irmão!
O outro tentou levar um plá
- Quê-qué-isso, véi! Num seja cri-cri. Foi só um vacilo de nada. Foi mal aí. Foi mal...
Viu-se logo que era um sujeito, assim... digamos, mais prafrentex, pois foi soltando logo, na bucha:
- Tá tudo nos trinques! Chuchu beleza!
Fez um gesto de tudo xis, abriu um sorrisão, quase uma gaitada.
Não deu outra. Matou a pau!
O sujeito fez um ar de riso, virou a chave do carango de novo e picou a mula.
Tem dia que é assim...
15 de março de 2016
UEPB 50 ANOS
Hoje, somos todos Universidade Estadual da Paraíba.
Uma instituição que é única, singular e plural.
A UEPB que faz 50 anos é a mesma fundada nos idos anos 60 do século XX, início da era sombria de ditadura no Brasil.
Nós todos que a edificamos no presente, imbuídos dos mesmos propósitos pioneiros e alimentados pela mesma utopia visionária, acreditamos que o plantio e a rega de hoje serão bem aproveitados e compreendidos no futuro.
Meu abraço!
Rangel Jr.