Se buscarmos as razões na grafia que nos acostumamos a usar, eu diria que estou mais para educador que para professor.
Aprendi há tempos que ensinar era uma arte. Aprendi que ensinando era possível aprender algo de que não sabia ainda ao certo o que e como era. Depois aprendi que ensinar também era ciência. Aprendi algum tempo depois, inclusive, que exemplos ensinam mais que palavras. Aprendi depois de deveria ensinar aos outros a aprender. Mais adiante um pouco aprendi que ensinando eu poderia educar. Depois aprendi que educar é obra coletiva. Mais um pouco pra frente aprendi que ninguém educa ninguém, pois os humanos se educam em comunhão.
De tudo isso ficou que tudo que aprendi sobre ensinar e aprender, sobre educar e ser educado tinha tudo a ver com uma coisa chamada experiência. Aprendi portanto, com a minha experiência, que não sabia de muita coisa e que precisaria sempre aprender mais.
Tempos depois aprendi que era preciso, que era salutar, que era saudável reconhecer que não sabia e assim abriria as portar do meu aprender.
Comecei a ser professor por obra conjunta do acaso e da necessidade. Perguntado hoje se eu mudaria o rumo de minha vida, tendo a opção improvável de poder fazê-lo, eu diria que não. Deixa a vida me levar... vida leva eu...
O que começou por obra conjunta do acaso e da necessidade transformou-se em instrumento de edificação de um ser, de caminho para algo próximo da felicidade. É isso mesmo: sou muito feliz com as escolhas que fiz e com a profissão que exerço, para além da remuneração que recebo e que considero, se não ideal, ao menos digna.
Consigo dedicar meia hora, uma hora do meu tempo a pensar uma aula e passar 5, 10 ou mais minutos do tempo de aula esquecido do tempo até que o próximo professor bata à porta, ou que algum (a) aluno (a) diga como um terapeuta: seu tempo acabou! Que coisa!
Descobri depois de tanto tempo que continuo aprendendo com meus alunos e que muitos podem saber bem mais que eu de umas tantas coisas. Reconhecer isso é mais que prazeroso. Ser professor, como disse Rubem Alves, é ser eternizado nos olhos dos outros. Saber que os profissionais todos somente o são porque estiveram alguns tantos anos de suas vidas com gente como eu, aprendendo...
Quer saber de uma coisa? Gosto disso! E pronto!
3 comentários:
Olá Rangel
Que beleza de texto, de desabafo profissional.
Parabéns, e nesses periodos de leitura virtual, descobri que tens muito para nos ensinar-mos e temos muito que aprendermos.
E aos meus olhos, podes crer, já és eternizado.
Um abraço fraterno e carinhoso
desse ser que tanto lhe admira.
Débhora Melo.
POIS NÃO É QUE EU TBEM GOSTEI.
MEU AMIGO RANGEL, QUISERA EUUU... SER TUA ALUNA,MAS A DÉBHORA FALOU CERTO, AQUI TBÉM APRENDEMOS COM VC.
PARABÉNS, PROFESSOR ARRETADO.
BESOS, BESOS...
Um dos melhores textos lidos por mim na web bem merecido para comemorar nosso dia.
Seu domínio com as palavras me encanta e impressiona.
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