Palavras e imagens. Impressões e olhares sobre o mundo e as relações. Um pouco de cada coisa: educação, universidade, cultura, arte, política, gente...até poesia e outras formas de escrita.
27 de julho de 2009
ENDIVIDADO
22 de julho de 2009
FAZ TEMPOS QUE NÃO SEI O QUE É ISSO
21 de julho de 2009
AINDA PELOS (E PARA OS) AMIGOS
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A LUA
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O TEMPO PASSA... O MUNDO GIRA...
12 de julho de 2009
ALIMENTANDO OS CACHORROS
Tomo a liberdade de ocupar o espaço do Domingo, à noite, prestes a desligar meus motores pro merecido repouso e recarga de baterias, com o intuito de bater o cartão de ponto amanhã, às 8h na UEPB. Li há pouco um artigo que me inquietou e resolvi dividi-lo com vocês, inclusive sem a permissão prévia da autora, mas como já foi publicado, creio que ela não se oporá.
Oziella Inocêncio é de uma nova geração de jornalistas campinenses, formada há uns 3 ou 4 anos pela UEPB. Intelectual de grande capacidade, produziu este texto instigante, publicado em forma de editorial no jornal Diário da Borborema, de Campina Grande.
Além de meter o dedo na ferida, vai muito além da mera crítica genérica como muitos fazem, pondo a culpa no governo ou na falta de segurança, ou então incitando o endurecimento do aparelho repressivo do Estado. Ô motezinho surrado! Aqui não é o caso!
VEJAM O QUE ELA ESCREVE! VALE A PENA!
“Dentro de mim há dois cachorros. Um deles é cruel e mau. O outro é muito bom. Os dois estão sempre brigando. O que ganha a briga é aquele que eu alimento mais freqüentemente." O antigo provérbio dos índios norte americanos reflete bem a natureza do ser humano e poderia servir como ilustração para a chacina ocorrida no bairro do Rangel em João Pessoa. Lá, uma briga de crianças resultou num assassinato brutal, que terminou com a execução de Moisés Soares Filho (36), Raissa Soares dos Santos (02), Raquel Soares dos Santos (10), Rair Soares dos Santos (04), Evanize Soares dos Santos (37) e dois bebês que ela guardava no ventre.
Havia uma mão de criança em cima do guarda roupa. Havia crianças degoladas por um facão. E ficamos, cá, nos perguntando se há limites para a maldade de um indivíduo. Para a nossa própria maldade. Também somos maus. Também, nós, alimentamos nossos cachorros ao sabor do que nos convém. Somos maus quando destratamos alguém por esta pessoa estar abaixo de nós na dita ‘esfera econômica’. Somos maus quando negamos ajuda a quem nos solicita. Somos maus quando olhamos para alguém procurando as cifras que queremos mendigar. Somos maus quando puxamos o tapete do outro, para crescer profissionalmente. Somos maus quando julgamos pelas aparências. Somos maus quando negamos um sorriso, uma gentileza, um bom dia, o perdão. Somos, sobretudo, maus, quando valores como o altruísmo, a generosidade, a compaixão, deixaram de existir para nós - tão contaminados por um mundo que prega a competição, o desamor, o desrespeito. E somos, além de tudo, maus, quando deixamos de enxergar no outro, o que nós mesmos somos.
Porque o outro também sou eu. O outro também teme a morte (e nela pensa todos os dias), teme o frio, a solidão, a pobreza, o desamparo, a velhice, o esquecimento. O outro não gosta de ser destratado, violentado e subjugado naquilo que acredita. É, em suma, meu semelhante nessa estrada de caminhos díspares e tortuosos que é a existência - aquela que tudo ensina aos que estão aptos ao aprendizado. Não é porque o outro é feio eu sou bonito, o outro anda roto e eu possuo grifes nas calças, eu tenho pernas e o outro não, o outro é negro e eu sou branco, o outro aprecia o mesmo sexo e eu prefiro o oposto, que somos diferentes. Somos humanos, em suma, espelhos entre si, oposição e igualdade ao mesmo tempo e sobremodo, símiles quando se trata das nossas necessidades, sonhos, ideais e desejo de bem estar.
A carnificina está aí. A crueldade anda à solta e caminha de mãos dadas com a violência, a mentira e o desejo de estar e se mostrar acima do próximo - que deveria ser visto como irmão, senão religiosamente, ao menos humanamente falando. Carlos José e sua esposa, Edileuza Oliveira, optaram por dar ração aos respectivos cachorros errados. É bom sabermos qual cachorro estamos alimentando. É bom observarmo-nos, diariamente, sobre qual deles queremos alimentar.
DEPOIS DISSO, MELHOR RELFETIRMOS MAIS SOBRE OS BICHOS QUE HABITAM EM NÓS.