6 de fevereiro de 2009

MORRER, VIVER, NASCER...

Se a famosa historiazinha da ordem dos fatores não alterasse o produto, seria interessante, de fato, que a vida fosse como na fábula moderna contada n'O Curioso Caso de Benjamin Button'. Quem quiser se aventurar por mais de duas horas e meia no cinema, vale a pena 'se envolver' com o drama do sujeito. Dirigido por David Fincher, baseado num conto de F. Scott Fitzgerald escrito nos anos de 1920, que "conta a história de Benjamin Button, um homem que nasce um bebê velho - na New Orleans de 1918, quando a Primeira Guerra está chegando ao fim - e misteriosamente começa a rejuvenescer, passando a sofrer as bizarras consequências do fenômeno". É interessante viajar pelas possibilidades fantásticas que nos seriam oferecidas e o verdadeiro drama vivenciado pelas marcas deixadas nas pessoas - e em si mesmo, claro - por conta da inversão da ação do tempo sobre o indivíduo. Parece a princípio um filme nos moldes de algumas novidades da área da 'auto-ajuda'. Aquelas mensagens meio bobas, meio lugares-comuns, que lhe dão a sensação de já ter escutado de alguém em algum momento de dificuldade ou lido num livro de Paulo Coelho ou Norman Vicent Peale, ou quem sabe Rajneesh - o chamado 15º Dalai Lama, que li avidamente nos anos 80 - ou ainda Krishnamurti. Posso afirmar, como opinião pessoal, que tem isto lá sim. Entretanto, pra quem quer se eixar levar por uma história bem contada, sensações interessantes de estar se vendo na tela, de ter vivenciado situações parecidas, de querer estar lá pra ajudar o sujeito, de aconselhá-lo, de pensar baixinho assim: eu bem que poderia ter feito assim. Pra mim foi inevitável uma viagem pela minha própria história e se o objetivo dos roteiristas e diretor foi provocar na platéia um sentimento de fragilidade, de pequenez diante das coisas do mundo, ao menos em mim o objetivo foi atingido no sentido de fazer refletir sobre o que se quer, onde se quer chegar, quais os caminhos e por que vale a pena lutar de verdade. Se você for, deixe-se levar. Sorria, pois o filme tem coisas engracadíssimas. Chore, se sentir vontade. Viva a sensação real de ser envolvido (a) pro algo que está dentro de você e você nem sabia ainda. Vale a pena!

4 comentários:

Anônimo disse...

A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.

Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?

(Charles Chaplin)


Obrigada pela dica, irei assistir.

Um abraço,


Débhora Melo.

VaneideDelmiro disse...

É mesmo um filme interessante.
A sensação, por vezes, era a de estranheza, a estranheza de observar os ponteiros do relógio em sentido contrário... A estranheza de ir se dando conta, com alivio e urgência, de que a finitude nos espera sempre, em algum lugar.
Lembrei muito de um poema atribuído a Victor Hugo (assim vi na internet), chamado "Desejo". Esse poema foi musicado pelo Barão Vermelho, resultando na bela canção "Amor pra Recomeçar".

"Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós".

(Victor Hugo)

RANGEL JUNIOR disse...

Que maravilha!
Bom saber! Tenho aprendido coisas bacanas com as boas companhias por aqui!
Um abraço grande!

Anônimo disse...

Já começo botando catinga: tenho sentido falta de novas postagens!

Quanto ao filme ainda não vi. Sem meu anjo da guarda o tempo de maternidade tornou-se integral e os únicos filmes que tenho visto são do tipo: Barry e a Banda das Minhocas (uma droga diga-se de passagem) Bolt Super Cão, Era uma vez de verdade... Enfim, nenhum desses altamente recomendável embora distraia e divirta a criançada. Além do Button acho que o linha de passe também é uma excelente pedida; veja se tiver tempo.

E só para lembrar, o senhor tem uma tarefa revolucionária de criar músicas vermelhinhas para o próximo programa vermelhinho de rede nacional. Tem avançado as conversas com o produtor? Ele anda numa correria tão grande quanto a sua. Se quiser posso ajudar, só diga-me como.

(Parece aquelas coisas do herbalife rsrsrs )

Beijos enormes e cheios de saudade.

Aninha