4 de agosto de 2008

ATUALIZANDO A SAÚDE!

Tenho redescoberto novamente o prazer da atividade física. Descobri como é simples ficar uns dias no estaleiro, fora do cotidiano do trabalho e a aceitação das pessoas para o fato. Simples assim: você adoece, comunica, manda atestado e todo mundo acha normal você ausente do trabalho. Se contar 5 dias, serão quarenta horas. Melhor seria liberar uma hora por dia pro sujeito se cuidar. Sou atleta sazonal, creio que por natureza. Como a natureza humana é social, cultural, penso que a vida me ensinou assim e estou tentando desaprender para mudar o jeito de fazer essas coisas. Três meses de atividade, um mês parado. Umas semana normal, três a quatro dias de inatividade plena (de exercícios físicos) por pura falta de decisão, de radicalidade. Falo em radicalidade porque estou mais que convencido que é melhor dedicar uma horinha por dia, ou quase, quiçá, às atividades físicas. Falo de coisa prazerosa, de atividade que malhe um pouco o corpo como um todo, mas que não seja maçante, estressante, monótona. Aí ninguém aguenta. Talvez uma porção de gente que tem fixação por um corpo perfeito (que nunca vai ter) daqueles de revista (arrumado no photoshop). Já me habituei com meus pneus (ainda de motocicleta, eu diria), com a leve protuberância abdominal (ainda consigo ver tudo), com as entradas na cabeleira (calvície, mesmo) que o tempo me presenteou, com os sempre numericamente crescentes cabelos brancos (prefiro grisalhos, pois é uma expressão mais charmosa) que dão um certo tom de maturidade à minha constante recusa em ser sisudo, à coluna vertebral com pequenos danos num local conhecido como L5/S1, com os pequenos lapsos de memória, para os quais é preciso sempre desenvolver um truque novo... enfim, o tempo! Há outras coisas mais que poderia destacar de muito positivo e também de negativo (ou nem tanto) que os sinais do tempo vão operando neste aprendiz de compositor, de poeta, de sonhador, mas fico apor aqui. De todos os testes que fiz recentemente, os únicos onde não tirei nota 10 ou "tirei um fino" foram o de colesterol e os tais triglicerídeos. No mais vou melhor que a encomenda. Não tenho do que me queixar, a não ser as poucas horas pra ler poesia, romance, ouvir música, tocar violão, visitar amigos, jogar conversa fora. Falei em barriga um pouco antes e recordei o amigo Chico Passeata, poeta, comunista desde os tempos iniciais da ditadura, torturado junto com a companheira Helena Serra Azul (nome poético, não?), grávida, ambos ainda estudantes de medicina. Chico é um bon vivant na acepção mais pura da palavra. Trabalha feito doido, militante sindical e no CFM, é poeta dos bons e escreve feito doido. Não perde uma chance de tirar uma onda. Em meio a uma noitada de sexta-feira na ADUFC, copo de uísque invariavelmente na mão, chapéu panamá, suspensórios pra garantir a elegância de sua honrosa protuberância abdominal Chico foi provocado por uma amiga que foi chegando e falando alto: - Chico, rapaz, perca essa barriga que senão você vai ter problemas no futuro! Ora, o grande Chico Passeata respondeu numa gargalhada: - Eu passei trinta anos, no mínimo cultivando esta barriga pra atingir esse estágio e você vem, sem mais nem menos, em dizer pr'eu perdê-la? Quem é você? Sabe lá quantas noites de sono eu perdi? Quantos copos de uísque? Quantos petiscos e tira-gostos? E eu vou jogar tudo isso fora? Ah! Vou não, senhora! É isso!

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