Ando trocando penas ultimamente. A coluna vertebral se queixa. O joelho esquerdo reclama. Os olhos lastimam e choram, mesmo sendo a tela de pouca luz. Encurujado, feito passarinho que virou brinquedo de menino, sonho com colo e colchão aquecido em vez de ter que botar a cara todas as horas num papel digital em branco e ter que debulhar ideias, desentortar reminiscências e olhar para manifestações juvenis com olhos de curioso, de estrangeiro, de alienígena. Ando feito água parada, mais para açude sem chuva nova que riacho em movimento, mais para remanso que mar revolto, praia deserta. Há dias que não me faço noite por inteiro e noites que se vão aos meus olhos como orvalho escorrendo por entre os dedos. Poeira no deserto, sol de dezembro no sertão paraibano, secura do ar em Brasília. Não ando fazendo falta a não ser a mim que não consigo saber ao certo onde estou, mesmo tendo a certeza de pra onde quero ir, onde quero chegar e com quem. A vida e seus labirintos, sem minotauros. Estou rodeado de uma multidão mesmo quando estou só. E não são fantasmas sorumbáticos em altas horas. Já passei desta fase. É dia claro! Luz! Luz! Por favor... fechem as cortinas!
6 comentários:
Ô Rangel, seja como for, esse texto é sensacional!
Abraço!
OW meu amigo... entendo bem o que está sntindo!!! mas confio na sua capacidade de mudar as penas e ressurgir muito mais belo e vigoroso que antes!!!Continua escrevendo textos encantadores!!! Bjo
Que lindo... lindo !!!
Palavras me faltam, sentimentos também... nesse momento só uma exclamação: Que lindo!
Um abraço.
Rangel, bom saber que outros têm seus instantes de açude!
forte abraço!
Bom saber que essas pequenas (in)confidências encontram algum eco nessas paragens imensas, da serra da Borborema à beira-mar de tambaú... às montanhas das 'Geraes".
Não estamos sozinhos! Tá valendo!
Grande Rangel Junior...a proposito destas tuas divagações poéticas muito sensiveis fiquei sabendo somente agora de tua operação no joelho...espero que tenha sido boa a recuperação. Um grande abraço para tu.
Pedro
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