(...) Mas não sou mais
Tão criança a ponto de saber tudo.
R.Russo
É mais fácil e cômodo buscar nos
outros ou alhures a responsabilidade por nossos insucessos. Sabe aquela
história do jogador que falhou numa bola e o time adversário fez o gol da
vitória? Ao final do jogo, responsabilizado pela derrota, ele arguiu o
repórter: e por que nem um dos nossos atacantes fez um gol no adversário?
É assim no mais das vezes. Se bem
que é verdadeira a tese de que raramente alguém erra sozinho ou deve arcar com
o peso de toda responsabilidade quando a obra em questão é coletiva. Portanto,
responsabilidades divididas solidariamente.
Acompanho dia-a-dia situações
limite em que nossas tentativas de acerto nem sempre são bem sucedidas. Muitas
vezes, conseguimos aquele gol salvador na prorrogação, assim como nem sempre o
autor do gol é o responsável maior pela vitória. O conjunto da obra, o conjunto
de atores (ou jogadores) é que construiu o resultado final.
Numa situação de concurso
público, por exemplo, é muito comum o sujeito lutar por uma vaga e no final se
dar conta de que se tivesse estudado mais um pouco aquele tema, poderia ter
saído vitorioso no final. Uma questão de prova, um ponto de diferença...
Vejo pessoas se preparando para
disputar certames públicos que viraram verdadeiras maratonas. Criou-se no país
uma categoria nova chamada “concurseiro”, o sujeito que vive a vida estudando,
treinando, se preparando para passar num concurso público. Passa em um,
continua estudando para galgar outro emprego melhor até conseguir aquele que
considera ser seu emprego público de fim de linha.
Por outro lado, num concurso como
o de docentes na UEPB para o preenchimento de mais de duas centenas de vagas,
outro tipo de reação sempre aparece. A pessoa concorre, disputa vaga com mais
algumas, mas não consegue passar numa das etapas. Culpa a banca examinadora,
culpa a instituição, alega tratamento diferenciado, perseguição, incompreensão,
incompetência para julgar, sorteio de tema ruim... Porém, falta olhar para si
mesmo e se auto-avaliar.
Independente da carga de
subjetividade relativa existente em uma situação como essa, a pessoa precisa
olhar para os próprios erros e buscar corrigi-los, sob risco de continuar
negando a si mesma ou se enganando, como na fábula da raposa e as uvas. A banca
foi ruim! Esta instituição não me merece! Eu sou mais importante e conseguirei
algo melhor! Na psicologia, esta é uma das lições elementares sobre os
mecanismos de defesa do ego. Há que se respeitar também a capacidade dos concorrentes que lograram êxito.
Aproveitando o momento de final
de ano, passado o Natal e as famosas trocas de presentes, que tanto inundam
nossa cultura, nada melhor que por a cabeça no travesseiro ou, como dizia minha
mãe, pôr a mão na consciência, avaliar e aprender com os próprios erros.
O mais importante é parar um
pouco e buscar racionalmente uma tomada de consciência sobre as próprias
capacidades, potencialidades e oportunidades em um mundo de disputas cada dia
mais acirradas e nem sempre tão equânimes.
Como terei pouco mais de 30 dias
pra resolver uma pendência que mereceria bem mais tempo para tal, minha
concentração é sobre este debruçar, este refletir e encarar o desafio como se
fosse o último, porém, com uma certeza: neste caso, luto agora apenas contra
mim mesmo...ah, e contra o relógio!
Um comentário:
Força aí para concluir essa tarefa. Ano Novo pleno de desafios, mais desafios. Isso faz saudável a vida em geral. Beijos
Lucia
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