10 de janeiro de 2007

EU, MARIA E O POSTE!

A pedido, conto aqui uma pequena historinha. Indicado pelo cangaceiro Dimas Xavier (teixeiroso de nascença e coração), fui convidado para falar sobre poesia popular, cordel, cultura e globalização, na cidade de Teixeira. Era o ano de 2001, se não me falha a memória. Na mesa, falando antes de mim, a poeta Julita Nunes discorrendo sobre os poetas e histórias das cantorias e escritores de Teixeira. No meio de sua fala ela contou a história de um cidadão que não era cantador, repentista, mas um grande apologista e fazedor de motes pros cantadores. Contou que este cidadão (de quem não lembro o nome, infelizmente) vez por outra oferecia o mesmo mote para duplas de cantadores de viola ou glosadores tentarem "matar", que é uma das expressões usadas quando o poeta consegue glosar bem com o mote oferecido. O mote era "EU ESPERO QUE UM DIA AQUELE POSTE / 'INDA CAIA NA CABEÇA DE MARIA". Todos riram no auditório e eu também, lógico! É, de fato, um mote, vamos dizer assim, exótico. Calado, peguei a pensar no assunto e antes da poeta Julita Nunes terminar sua palestra, lhe entreguei um pedaço de papel com a seguinte glosa: MARIA APARECEU EM MINHA VIDA DESPERTANDO EM MIM LOUCA PAIXÃO MAS DEPOIS ME LARGOU, VIROU PERDIDA PELAS BRENHAS ARDENTES DO SERTÃO. NÃO LHE QUERO MAL PELO QUE FEZ MAS CONFESSO SEM PENA PRA VOCÊS NESSAS LINHAS EM FORMA DE POESIA: MESMO QUE DA DANADA EU 'INDA GOSTE EU ESPERO QUE UM DIA AQUELE POSTE 'INDA CAIA NA CABEÇA DE MARIA. Foi uma boa 'glosada' e o público gostou. Comecei a declamar nas apresentações ao vivo e depois até gravei no CD Nordestino Cantador. É isso!

5 comentários:

Anônimo disse...

Coitada dessa Maria
sem ter sido satisfeita
correu pros braços do mundo
lhe fazendo essa desfeita
ou você não foi bem macho
me adisculpe, eu também acho
essa vingança suspeita.

RANGEL JUNIOR disse...

Tem gente até que aceita
O diadema de vaca
Se acostuma com o enfeite
E o povo só na matraca
Essa "sorte" não foi minha
Quando a moral é fraquinha
A carne também é fraca.

Anônimo disse...

Continuando o rém-rém
meu amigo vou falar
que num gosto desse assunto
eu vou logo arripunar
eu num quero um diadema
vino lá desse póbrema
por isso num vou casar.

Dizem que mulé assim
é porque o hôme é fraco
mas se o cabra for ferroso
passa ser um outro trato
ela tem cruza com o diabo
e a coceira é no rabo
num tem hôme pr´esse prato.

Anônimo disse...

So um detalhe, sem licensa poetica, um amigo meu, o Aurelio, disse que o termo "a poetisa" ficaria mais interessante, gramaticalmente falando.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Bjos na bunda e tapas nas costas.

RANGEL JUNIOR disse...

Rapaz! Como vc sabe que eu me defendo atacando, preste atenção que LICENÇA se escreve de outro jeito.
Alguns links com uma pitada de polêmica pra vc.
Não foi uma escolha machista de minha parte. Juro! Às vezes uso uma forma, noutras uso esta outra forma. Tenho alguns argumentos em meu favor, outros contra.

Como vc sabe que gosto de polemizar, estou enviando um breve resultado de pesquisa internética. Você tem razão ao se refereir à forma gramaticalmente correta. Eu fiz uma escolha baseada em outra lógica. Posso ter cometido um erro, mas nada grave. Como a língua é algo vivo e em movimento...

Agradeço d+ pela visita e o comentario no post.
Pra vc ter uma ideias de como as coisas andam (nos sentidos conotativo e denotativo!) veja o que dizem sobre a questão:
http://www.sualingua.com.br/01/01_poetisa.htm

http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.phtml?cod=1360&cat=Ensaios&vinda=S

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332006000200013&lng=en&nrm=iso&tlng=en

Pro seu endereço eletronico enviei os textos.
Beijo. Te amo!