16 de setembro de 2006

... NÃO TÊM PREÇO!

Acho que andei plagiando alguém que não sei de onde nem quem. Parcialmente a mim mesmo. Já descobri. No texto "das antigas". Creio que aquele é que se baseou neste. Deixa pra lá! Este aqui foi "requentado", pois originalmente publicado no portal IPARAIBA. Mas está aqui na íntegra. "De fato, prezado (a) internauta, como diz aquela propaganda do cartão de crédito, certas coisas, pequenas lembranças, coisinhas singelas de tempos remotos, reminiscências do baú da memória... não têm preço. Aquelas ondinhas sopradas por fraco vento, formando uma espuminha junto ao cascalho da barragem do açude de Juazeirinho. Os barquinhos de papel que fazíamos quando chovia e seguíamos pela correnteza do meio-fio torcendo para que pudessem atingir a maior distância possível. O cineminha improvisado com os monóculos de casa numa caixinha de madeira, nosso "projetor" movido à pilha e lampadinha de lanterna. As apostas em carros que passavam na BR, pra ver quem acertava com o carrão mais luxuoso e caro. Sonhos à beira da rodagem, sombras que se agigantavam e desapareciam no paredão do posto de saúde quando faltava energia e os carros se aproximavam e sumiam no breu da noite. As partidas de futebol barra-a-barra, jogadas com bola-de-meia no leito da rua descalça. O canto melancólico do carro-de-boi avisando desde longe sua aproximação. Um jogo de finca, de pião, bila ou barra-bandeira. A confecção cuidadosa de uma boa coruja (pipa) com palitos de coqueiro, papel seda colorido, um carretel de linha Círculo e uma colinha de goma arábica para uma boa disputa nos céus caririzeiros. Um bom banho na ponte do açude. A conseqüente surra de Dona Neide na chegada em casa. Uma calça boca-de-sino, um sapato cavalo-de-aço, um cinturão com uma fivela de quase meio quilo e uma camisa de volta ao mundo. Uma cantoria de cego na porta do mercado, batendo o ganzá no ombro. O orgulho no peito num Sete de Setembro de bombo reluzente, elásticos nos punhos, esparadrapo nos dedos, peripécias e evoluções. Um passarinho preso no visgo. Um banho de chuva com direito a disputa numa biqueira especial da Prefeitura. Mela-mela durante o dia e um frevo de carnaval no clube. Fantasias estimulando 'fantasias' e lembranças. Um toca brincado em cima dum "pé-de-figo". Uma unha de dedão arrancada num tropicão e uma pereba curada com terra quente e lambida de cachorro. Uma boca toda pintada de violeta genciana pra curar sapinho. Uma aguinha fria e doce de barreiro colhida com as mãos em concha e bebida calmamente com direito a BG de passarinhos. Uma pescaria de piaba com anzol de vara de marmeleiro e uma enfieira de arame. Uma balinheira (ou baladeira para alguns) fabricada em casa com esmero, tiras de câmara de ar de caminhão, retalho de couro do lixo da sapataria de seu Raimundo e forquilha de marmeleiro, escolhida a dedo depois de longa pesquisa. Um alçapão pra pegar golado, pintassilgo, bigode e papa-capim na beira do açude. Um nambu, uma codorniz ou uma galinha-d'água, derrubados em pleno vôo, nos bons tempos de caçador adolescente. Uma poção de pipoca quentinha, fabricada na panela de barro com areia de rio lavada. Um pão francês com sardinha coqueiro e uma "crush" laranja. Um pacotinho de hóstias, comido às escondidas na sacristia da igreja e "aquele grude" no céu da boca impedindo a voz. Um pirulito de puxa-puxa vendido numa tábua cheia de furos, e um papel que impreterivelmente teria que ser parcialmente chupado junto. As primeiras batidas descompassadas de um coração e a denúncia anatômica do nascimento de uma paixão. Uma quadrilha junina desorganizada em pleno fim de festa num mercado público transformado em clube e a sanfona de Lourenço tocando dezenas de vezes "pagode russo" e "ôxente, camaleão!". Um grande rolamento de aço, cheio de rolemãs e empurrado por um arame dobrado ou um patinete de rolemã descendo a ladeira. Um repique de sino, tocado lá do alto da torre da igreja em enterro de gente importante, com uns bons trocados de gorjeta. Uma difusora de parque com um locutor de voz empostada enviando recadinhos e "páginas musicais" de "um alguém para outro alguém" numa festa de padroeiro. Um passeio circulando a praça numa pegadinha de mão suada, nervosismo de primeiras descobertas com o coração querendo saltar pela garganta. Quer saber mais? Elas não têm preço porque são atemporais, são eternas, são experiências imensuráveis e que nos compuseram, como notas de uma trilha sonora de nossas vidas". Então? Tente lembrar de quantas coisas boas não têm preço pra você!

Um comentário:

Anônimo disse...

o que não tem preço, è vc lembrar nas semanas santas uma turma de amigos sairem pra roubar galinhas e comer depois da meia noite,o que não tem preço,era o açude da rua sangrando e agente pular de salto solto de cima do balde,o que nâo tem preço, era os coraçôes da praça da matriz, que agente andava de bicicleta de aluguel,um abraço Zè de Cazuza