3 de setembro de 2006

DAS ANTIGAS

Todas essas coisas já foram moderníssimas entre os rapazes! Uma calça de BRIM (TERBRIM) com bolsos laterais rasgados na diagonal, uns botões de metal e costuras à vista. Qualquer que fosse a cor. Uma camisa de poliéster ou volta-ao-mundo, fininha, coladinha ao corpo e aquela sensação de estar ligado, sintonizado com a “última moda de Paris”. Um sapato cavalo de aço com uns 5 cm de solado e um salto de uns 8 a 10 cm. Pense numa capacidade de equilíbrio grande! Uma calça “boca-de-sino”, de preferência com uma “nesga” de outra cor diferente da original, fazendo uma espécie de funil de boca pra baixo, arrastando no chão. Um cinto de couro com uma fivela metálica “desse tamanho”, pra combinar com o “cavalo-de-aço” e a calça “boca-de-sino”. Ah, e a camisa coladinha de poliéster. Um perfume Topázio ou Toque de Amor, da Avon. Pense num sucesso grande! Comprar coisas na “Hermes” pelo reembolso postal. Fotografar um filme inteirinho numa máquina fotográfica “Love”, enviá-la pelos Correios e ficar esperando uns 15 dias pra receber as fotos normais coloridas, um conjunto das mesmas fotos miniaturizadas e uma “Love” nova pra começar tudo de novo. Um sabonete Alma de Flores ou PHEBO, até então, somente do pretinho! Um pente Pantera no bolso pra garantir o cabelo, cortado “pigmaleão”, bem penteado e “nos trinques”, com a ajuda de um Gel fixador. Poderia ser Brilhantina Promesa! Mandar um recadinho pr’uma menina escrito em bilhete ou apenasmente dito verbalmente pra outra amiga que atuava como “corta-jaca” ou “segura-vela”, dizendo: “Tô a fim de você”! Ass: fulano de tal. “Tirar um sarro” com uma das meninas que gostavam de trocar de namorado em cada nova festa , ou fim de festa, ou final de semana. Seria “ficar”? Assistir ao seriado “Os Monkies” ou “Os Três Patetas”, morrer de rir e achar o máximo. Sentir pena de Olívia Palito e vibrar de emoção quando Popeye achava a latinha de espinafre e a devorava, começando a reação para finalmente derrotar Brutus. Assistir os Thunderbirds ou os Jetsons. Ficar encantado com um brinquedinho “GENIUS” da Estrela, que fazia você apertar botões em uma seqüência aleatória que a geringonça oferecia tocando uma musiquinha eletrônica. Brincar de patinete descendo ladeira e empurrar um “breque”, feito de arame, e com um rolamento bem grandão sendo “guiado” por ele. Brincar de “finca” no chão úmido, disputando a melhor pontaria enfiando uma pequena alavanca no chão e demarcando o terreno até chegar a um alvo previamente delimitado. Jogar bila (bola de gude) e pedir “trans” para melhorar a posição para uma jogada de mestre. Assistir a um “cinema” (um filme em cinemascope!) no Mercado Público levando o tamborete de casa. Comer um pão-doce-de-côco, todo melado, acompanhado de uma “Gelada” de coco. Ou quando a grana estivesse melhor, uma Crush laranja ou Grapette. Jogar “bafo” com figurinhas de álbum da seleção brasileira, campeonato brasileiro ou simplesmente uma coleção de artistas de novela. Calçar um “Kichute” preto e sair se achando o máximo. O tampa de Crush! Vestir a farda do colégio completada por um tênis de lona e borracha “Conga” azul e branco. Ver passar uma menina linda, toda “reboculosa” e comentar baixinho pros amigos: “É uma jumenta”! Dar um passeio, no Domingo à tarde, no “Vemag” ou no “Aero Willys” do pai do amigo. Alugar bicicleta para aprender a pedalar ou simplesmente pra dar umas voltas pela cidade. Um passeio de roda-gigante num parque de diversões, com a 'paquera' do lado, ouvindo “A Desconhecida” de Fernando Mendes. Participar de um “assustado” no sábado à tardinha, dançando ao som de Lady Zu, As Frenéticas, Celly Campelo & Cia, das 17h às 20h, bebendo “calcinha de nylon” ou “leite de onça”. Os mais ousados dançavam “Black Côco”! O romantismo poderia ficar por conta do som de Bonnie Tyler cantando “It’a Heartache / nothing but a heartache / Hits you when you’re too late (...)”! Assistir Vila Sésamo numa TV em Preto & Branco (Telefunken ou National) com uma tela multicolorida acoplada na frente pra dar a sensação de TV em cores. Completando a cena, duas meias-buchas de Bombril nas pontas da antena pra melhorar a sintonia. Acompanhar palhaço de perna-de-pau ou monociclo pela cidade, respondendo suas chamadas: “E Olê lê, sinhá Chica! Arremexe a canjica!”. “Binidito Bacurau! Ta no ôco, ta no pau!”... e por aí em diante... Depois receber um carimbo no braço pra entrar de graça no circo “tomara-que-num-chova”. Tem mais...

2 comentários:

Anônimo disse...

Junior,
Somente hoje pude ver seu blogg. Muito legal. Tem coisas que só que viveu entende. Certamente este é o seu caminho, de poesias, musicas e outros papos. Grande abraço.
Seu Irmão Gilberto

Rafael Pereira disse...

Pedi "trans" kkkkkkk !
O q seria de nós sem as lembranças ?!
Parabéns Rangel !