10 de julho de 2006

Zidane é o melhor!

A poderosa FIFA decidiu o que todo mundo já vinha pensando, dizendo e já havia decidido: o jogador francês Zinedine Zidane foi o melhor jogador da copa do mundo de 2006. Em meio a um festival de besteiras, a grande mídia brasileira ficou o tempo todo com dor de cotovelo, apesar de haver incensado o francês durante toda a copa, principalmente depois do verdadeiro espetáculo diante da equipe brasileira. O sujeito jogou todas as partidas, liderou sua equipe, foi substituído algumas vezes sem ficar amuado e quando não deu pra fazer espetáculo fez o essencial, o feijãozinho com arroz necessário pra sua equipe vencer. A grande pergunta é: o que levou um fino cidadão francês, um craque tão destacado, um atleta exemplar, um “homem gentil”, no dizer dos colegas, um pacato sujeito pronto a ser modelo de boa índole e de artista da bola a perder a cabeça e atacar (com ela mesma, literalmente!) um adversário feito um bode caririzeiro? Depois de ter dado todo esse espetáculo nos gramados europeus, ganhar o título de melhor jogador do mundo, anunciado sua aposentadoria tão logo a França saísse da copa (sem a soberba de alguns que tinham a certeza de que seriam campeões, pois “eram e continuam sendo os melhores do mundo”!), o craque francês fez o que ninguém esperaria de um homem com tantos atributos: não resistiu a certas provocações de um adversário italiano e deu-lhe uma cabeçada, uma verdadeira bordoada. Acho até que ele teve o cuidado de não descer muito, pois teria atingido, como eu escutava lá em Juazeirinho “a boca do estambo” e fatalmente o atleta teria sido nocauteado, saído de ambulância e outros teatros do gênero. Neste caso, a comoção seria maior e as cobranças idem. Concordo com o coro dos globais e acho que Zidane mereceu ser expulso naquele jogo pela agressão física ao jogador italiano. Entretanto, condená-lo como se aquele ato tivesse enterrado toda sua história e o brilhantismo de sua participação na copa de 2006 é como se fosse uma vingança pelo que os nossos craques não jogaram. Pior: nossos super-famosos craques não jogaram, não deram espetáculo, não se zangaram, não xingaram, não brigaram, não choraram na derrota, não nada. Passearam na Alemanha e voltaram reafirmando o que diziam deles na ida: “são os melhores do mundo, de fato”. O problema foi a bola. Ela, a maltratada gorduchinha, não deu muita atenção aos nossos astros e preferiu ficar com os mortais franceses e italianos. Zidane com seu ato imprevisível provou que é mortal, tem sentimentos, se descontrola, não leva desaforo pra casa, chora, sorri, se emociona… é gente. Mereceu o título de melhor da copa. Acho até que mereceria ter ganhado a própria copa. Ao mesmo tempo seria um consolo pra nós não ter um selecionado tetra-campeão, coladinho no Brasil, não? Zidane provou que tem tutano, brios, sangue correndo nas veias. Ao contrário dos nossos super-astros, ou como alguns gostam de dizer “galácticos”, que foram frios, broxados, covardes, caíram em desgraça quando acreditaram de forma arrogante que eram, junto com o insosso Parreira e o caquético Zagalo, os melhores do mundo. Faltou combinar com os adversários para que eles também acreditassem. Ninguém acreditou. Nem Croácia, nem Austrália, nem Japão, nem Gana, muito menos França. Fomos um fiasco e alvo da chacota mundial. Todas as seleções voltaram aplaudidas pra casa, mesmo algumas eliminadas na primeira fase. A nossa saiu daqui derrotada pela petulância. Como dizíamos lá em Juazeirinho, comendo frango de granja e arrotando faisão. Comendo ova de curimatã e arrotando caviar. Foram vítimas da própria arrogância. Bem feito!

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