16 de novembro de 2011

SOU OBRA EM PARCERIA DO ACASO COM A PERSISTÊNCIA

I - Esperança é aquilo que faz você olhar pro horizonte, não visualizar o final da estrada e, ainda assim, cabeça erguida, dá seguidos passos em sua direção.

II - Há exatos 47 anos eu estava no colo de minha mãe no interior de um ônibus, juntamente com dois irmãos mais velhos e um tio, com destino ao Rio de Janeiro, onde encontraria meu pai, Seu Tonito, pela primeira vez. Havíamos saído de Juazeirinho no dia 15 de novembro de 1964 e fiz meu aniversário de 2 anos na estrada.

III - Quando completei oito meses de vida arrumei uma infecção intestinal. Desidratado, minha mãe queria trazer-me para Campina Grande e meu avô, José de Fontes, disse pra ela: Você vai perder seu tempo. Vai levar esse menino pra Campina e vai trazer um anjinho nos braços. Olha a nata nos olhos dele...já é um anjinho! Ela respondeu: eu trago o anjinho numa caixa de sapatos pra enterrar aqui, mas não vou deixar ele morrer sem socorro. Trouxe-me a Campina e o farmacêutico Mamede Moisés Raia me salvou com soro e antibióticos, lá na fronteira entre Monte Cstelo e Nova Brasília. Dpois virou nome de rua,a mas me salvou antes. Ainda bem!

IV - Eu não era nem sou um anjinho. Cá estou, aos 49 anos, 80 kg e ainda sem precisar de óculos. E o que isso tem a ver? Sei não, mas só sei que foi assim e eu lembrei de contar antes que a memória me traia em definitivo. Devo a minha mãe, Dona Neide, a minha vida em dobro.

V - Por essas e outras razões que eu afirmo ser obra em parceria do acaso com a persistência. Aliás, se não estiver errado, a maioria das criações humanas são uma mistura de acaso, rompante, iluminação, insight, inspiração, estalo...como você prefira chamar e da persistência, que é o que dá mesmo o resultado final, a obra laboraria com produto final e tudo o mais.

VI - Tenho aprendido nesses anos que ainda tenho muito a aprender, que não sei de quase nada, mas tenho aperfeiçoado a tolerância, a paciência e a arte de esperar...como quem tocaia passarinhos. Quem sabe, essa parte eu também não tenha aprendido lá, em Juazeirinho? O tempo dirá!

Um comentário:

Lucia Couto disse...

Pois então...é isso!Esse casamento de acaso com persistência tem acompanhado (ou melhor diria GUIADO?) os passos de todo esse povo de meu deus. Ou do deus dos outros...quem sabe? Como você "Só sei que é assim..".Cada rastro um caminho. Cada caminho um lugar. Queira deus ou não, lá cada um há de chegar. E "LÀ" é pura abstração. E sendo assim, cada um em sua história faz prosa, poesia e baião.