9 de março de 2011

MÃES, MARIAS, MULHERES


Ao longo da minha vida conheci muitas mulheres legais. Muitas!
Algumas passaram de passagem, outras se demoraram mais, seja na presença ou na lembrança.
Outras deixaram apenas marcas na passagem. Algumas, muito especiais, deixaram marcas profundas em forma de ensinamento, lições de vida ou pura e simplesmente em forma de sentimento.
Seria uma brutal sacanagem tentar fazer uma lista de mulheres importantes na minha vida, como sugeria o compositor sobre os grandes amigos. Não que a canção seja isto, uma sacanagem, mas da forma como ela propõe, uma lista seria fatalmente o cometimento de injustiças. Gosto de correr riscos!
Três mulheres, todas professoras, marcam minha trajetória de educador pelo exemplo e humanidade que carregam por dentro. Coincidentemente, três Marias: uma delas, muito tempo atrás, uma há mais de uma década e outra na atualidade. Uma me orientou entre a 5ª e 8ª séries, outra no mestrado e outra me orienta no doutorado. Maria José, Maria Susana e Maria Luiza. Separadas pelo tempo, em muito se parecem pela dedicação à causa da educação e jeito de lidar com o desconhecido, o novo e a nossa ignorância geral.
No mais, outras mulheres que eu acompanhei/acompanho e que merecem destaque por sua capacidade de luta, coragem e pela presença marcante em minha vida não caberiam numa lauda. Porém, vou arriscar destacar três.
A companheira Marlene Alves, reitora da UEPB, que acompanho há quase 20 anos e aprendi a admirar pela sua tenacidade, vontade de mudar o mundo e capacidade de luta, mesmo em meio ao quase caos que é gerir parte tão importante da máquina estatal neste país.
Uma jovem senhora que tem marcado profundamente meus dias nos últimos 7 anos e que carrega em seu ventre, para além da possibilidade de minha continuação genética, a oportunidade de dividir comigo a educação de um ser humano para o bem, na tentativa de melhorar a humanidade. Atende pelo nome, porque escolheu, de Camilla Rangel.
Por fim, deixei para o final por ser a mais importante delas, uma senhora chamada de Dona Neide. Mais uma Maria. Esta a mais nobre das mulheres com quem pude conviver. Viúva aos 39 anos, bancou a educação de 7 filhos com idades de 02 aos 16 anos. À custa de sacrifícios, dentre eles o principal, a própria saúde, deu conta de criar e encaminhar para o mundo os filhos que nele havia posto. Assumiu com honra e galhardia sua missão e pôs, como ela mesma dizia, a sua cruz nos ombros e a carregou até o último dia de vida sem se curvar ou vociferar contra a humanidade ou a própria sorte.
Dona Neide sonhava com a felicidade dos filhos, sua realização, e uma morte sem sofrimento. Dizia que seria o seu presente, “morrer como um passarinho”. A vida não lhe deu o presente desejado, mas a poupou de maiores sofrimentos quando chegada sua hora. Descansa seu corpo inerte, ou o que dele restou, à sombra de uma ingazeira, na entrada do Cemitério de Juazeirinho.
Hei de viver muito ainda pra lembrar quase diariamente de ao menos uma de suas tiradas inspiradas e suas máximas proverbiais. Velhinha cheirosa e cheia de sabedoria, que não deixava de se emocionar pelo simples fato de voltar pra casa após alguns dias de estaleiro no hospital.
É pra ela que rendo minhas homenagens no Dia Internacional da Mulher. Está mais que viva dentro de mim!
É em seu nome que homenageio a todas as bravas mulheres do mundo.



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