“Poeta é aquele que tira de onde não tem e põe onde não cabe”
Pinto do Monteiro.
José Laurentino da Silva é Paraninfo Geral das turmas concluintes do período letivo 2009.2.
Uma lenda na Universidade, estampou em manchete um dos jornais da cidade. Não inventou nem aumentou, pois estamos de fato diante de uma verdadeira lenda viva da poesia.
Recebida a tarefa de homenageá-lo, em nome da UEPB, busquei inspiração nos poetas. Nada mais justo!
Antes de iniciar esta pequena reflexão saí por aí perguntando e depois fiz a mesma pergunta a mim mesmo:
De que matéria são feitos os poetas?
Pensei em uma resposta rápida: Da mesma matéria que são feitos os pedreiros. Os poetas são gente de carne, osso e sentimento.
Os poetas são seres de luz, disse alguém!
Outro respondeu que os poetas são seres de outro mundo. Talvez o mundo da lua!
Pra me ajudar a entender o problema que levantei fui pedir ajuda ao poeta João Paraibano e ele me disse:
"Faço da minha esperança
Arma pra sobreviver,
Até desengano eu planto
Pensando que vai nascer
E rego com as próprias lágrimas
Pra ilusão não morrer.
Há três coisas nesta vida
Que Deus me deu e eu aceito:
A Terra para os meus pés,
A viola junto ao peito
E um castelo de sonhos
Pra ruir depois de feito."
Pensei que os poetas são como os dias, são como a essência da vida... e então Cecília Meireles me confidenciou que os dias são feitos de matéria fátua.
De que são feitos os dias?
- De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.
Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inatuais esperanças.
De loucuras, de crimes,
de pecados, de glórias
- do medo que encadeia
todas essas mudanças.
Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlaces
e em sinistras alianças...
Os poetas são gente comum, que comem feijão com arroz, tomam uma cachaça, mas não cospem no pé do balcão. Os poetas são catalisadores de sentimentos. Por isso carregam consigo todas as dores do mundo, todo o sentimento do mundo.
Disse Carlos Drummond de Andrade:
“Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo...”
“Poetas e tontos são feitos com palavras”, disse Manoel de Barros, pois “Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas - é de poesia que estão falando”.
E quando os poetas falam com os sonhos, conversam com os desejos, buscam o inimaginável, o imponderável, o inusitado a palavra nova, a cara nova da palavra, o cheiro novo da palavra... é de vida que estão falando.
A poetisa portuguesa Florbela Espanca disse como num desabafo:
“Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor.”
A mais famosa das tentativas de entender os poetas foi uma empreitada de Fernando Pessoa:
“O poeta é um fingidor / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente.”
A Universidade Estadual da Paraíba, que prima e persegue a objetividade da ciência, hoje rende-se ao lirismo e à crueza do cotidiano, ao matuto de Puxinanã que virou homem do mundo.
O nome Zé Laurentino tem 208 mil entradas no Google. No site Usina de Letras, Maria do Socorro Cardoso Xavier afirma:
“De inteligência privilegiada o poeta Zé Laurentino coloca-a serviço do seu povo, fazendo rir e tirando lições do acontecer cotidiano caipira. Zé Laurentino é a encarnação do interior nordestino, este sentir rústico, forte, telúrico e pândego ao mesmo tempo”.
Eu, a Cama e Nobelina, Matuto no Futebol, O Mal se Paga com o Bem, Carona de Candidato, Esmola pra São José e tantos outros.
O homem que tem poemas e glosas gravados por dezenas de artistas brasileiros, muito de grande destaque no meio artístico e cultural.
Assim ele se definiu em discurso de posse na Academia de Letras:
Autoridades presentes,
Minhas senhoras e senhores,
Sou poeta sertanejo
Meus maiores professores
A minha maior escola
Foi o toque da viola
E os versos dos cantadores.
Meu verso cantou amores,
Saudade, mágoa, paixão
Já cantou as alegrias
De uma noite de São João
Cantou fartura na mesa,
Também cantou a tristeza
De uma mesa sem pão.
Os meus versos se juntaram
Ao violão do boêmio
Foram comigo à choupana
Teatro, colégio e grêmio
Cantei no sertão, na praia,
Ganhei beijos, sofri vaia,
Fui expulso, ganhei prêmio.
Estes versos caipiras
De andar estão cansados
Foram bater em Brasília
Disseram aos deputados
Bem como aos senadores
Que nossos trabalhadores
São todos injustiçados.
O homem que é um verdadeiro clássico da poesia popular contemporânea, um dos maiores poetas vivos deste país, por incrível que possa parecer, não passa de um Zé, mas não é um Zé qualquer. É do tamanho de um Zé Praxedes. Da estatuta de um Zé da Luz, em que se inspirou e a quem tanto cultua. É Zé Laurentino, o menino do sítio Antas.
Este homem de palavra
Este homem de talento
Produziu da sua lavra
De poemas, mais de um cento
É alegre e sorridente
Chora quando está contente
E é feliz como um menino.
Quem o conhece, o aclama
Que viva sempre essa chama!
Chamada Zé Laurentino.
Parabéns, poetinha! Boa Noite a todos!
Muito obrigado!
Pinto do Monteiro.
José Laurentino da Silva é Paraninfo Geral das turmas concluintes do período letivo 2009.2.
Uma lenda na Universidade, estampou em manchete um dos jornais da cidade. Não inventou nem aumentou, pois estamos de fato diante de uma verdadeira lenda viva da poesia.
Recebida a tarefa de homenageá-lo, em nome da UEPB, busquei inspiração nos poetas. Nada mais justo!
Antes de iniciar esta pequena reflexão saí por aí perguntando e depois fiz a mesma pergunta a mim mesmo:
De que matéria são feitos os poetas?
Pensei em uma resposta rápida: Da mesma matéria que são feitos os pedreiros. Os poetas são gente de carne, osso e sentimento.
Os poetas são seres de luz, disse alguém!
Outro respondeu que os poetas são seres de outro mundo. Talvez o mundo da lua!
Pra me ajudar a entender o problema que levantei fui pedir ajuda ao poeta João Paraibano e ele me disse:
"Faço da minha esperança
Arma pra sobreviver,
Até desengano eu planto
Pensando que vai nascer
E rego com as próprias lágrimas
Pra ilusão não morrer.
Há três coisas nesta vida
Que Deus me deu e eu aceito:
A Terra para os meus pés,
A viola junto ao peito
E um castelo de sonhos
Pra ruir depois de feito."
Pensei que os poetas são como os dias, são como a essência da vida... e então Cecília Meireles me confidenciou que os dias são feitos de matéria fátua.
De que são feitos os dias?
- De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.
Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inatuais esperanças.
De loucuras, de crimes,
de pecados, de glórias
- do medo que encadeia
todas essas mudanças.
Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlaces
e em sinistras alianças...
Os poetas são gente comum, que comem feijão com arroz, tomam uma cachaça, mas não cospem no pé do balcão. Os poetas são catalisadores de sentimentos. Por isso carregam consigo todas as dores do mundo, todo o sentimento do mundo.
Disse Carlos Drummond de Andrade:
“Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo...”
“Poetas e tontos são feitos com palavras”, disse Manoel de Barros, pois “Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas - é de poesia que estão falando”.
E quando os poetas falam com os sonhos, conversam com os desejos, buscam o inimaginável, o imponderável, o inusitado a palavra nova, a cara nova da palavra, o cheiro novo da palavra... é de vida que estão falando.
A poetisa portuguesa Florbela Espanca disse como num desabafo:
“Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor.”
A mais famosa das tentativas de entender os poetas foi uma empreitada de Fernando Pessoa:
“O poeta é um fingidor / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente.”
A Universidade Estadual da Paraíba, que prima e persegue a objetividade da ciência, hoje rende-se ao lirismo e à crueza do cotidiano, ao matuto de Puxinanã que virou homem do mundo.
O nome Zé Laurentino tem 208 mil entradas no Google. No site Usina de Letras, Maria do Socorro Cardoso Xavier afirma:
“De inteligência privilegiada o poeta Zé Laurentino coloca-a serviço do seu povo, fazendo rir e tirando lições do acontecer cotidiano caipira. Zé Laurentino é a encarnação do interior nordestino, este sentir rústico, forte, telúrico e pândego ao mesmo tempo”.
Eu, a Cama e Nobelina, Matuto no Futebol, O Mal se Paga com o Bem, Carona de Candidato, Esmola pra São José e tantos outros.
O homem que tem poemas e glosas gravados por dezenas de artistas brasileiros, muito de grande destaque no meio artístico e cultural.
Assim ele se definiu em discurso de posse na Academia de Letras:
Autoridades presentes,
Minhas senhoras e senhores,
Sou poeta sertanejo
Meus maiores professores
A minha maior escola
Foi o toque da viola
E os versos dos cantadores.
Meu verso cantou amores,
Saudade, mágoa, paixão
Já cantou as alegrias
De uma noite de São João
Cantou fartura na mesa,
Também cantou a tristeza
De uma mesa sem pão.
Os meus versos se juntaram
Ao violão do boêmio
Foram comigo à choupana
Teatro, colégio e grêmio
Cantei no sertão, na praia,
Ganhei beijos, sofri vaia,
Fui expulso, ganhei prêmio.
Estes versos caipiras
De andar estão cansados
Foram bater em Brasília
Disseram aos deputados
Bem como aos senadores
Que nossos trabalhadores
São todos injustiçados.
O homem que é um verdadeiro clássico da poesia popular contemporânea, um dos maiores poetas vivos deste país, por incrível que possa parecer, não passa de um Zé, mas não é um Zé qualquer. É do tamanho de um Zé Praxedes. Da estatuta de um Zé da Luz, em que se inspirou e a quem tanto cultua. É Zé Laurentino, o menino do sítio Antas.
Este homem de palavra
Este homem de talento
Produziu da sua lavra
De poemas, mais de um cento
É alegre e sorridente
Chora quando está contente
E é feliz como um menino.
Quem o conhece, o aclama
Que viva sempre essa chama!
Chamada Zé Laurentino.
Parabéns, poetinha! Boa Noite a todos!
Muito obrigado!
7 comentários:
Pois é, velho poeta Rangel, escrever sobre Zé Laurentino é uma responsabilidade e tanto! Tem que ter poesia nas veias e ousadia na alma. Você o fez com destreza e por isto o parabenizamos.
Valeu, cantador do mundo! (como o próprio zezinho o diz).
Abraço.
Alfrânio
Maravilhoso! Eu, adorei as palavras escolhidas, o ritmo, a mensagem inteira!
Bjoo
sou paraibana apaixonada pelos versos de jose laurentino,estou bem distante daí,e gostaria muito de receber o poema:esmola pra são josé,pra fazer uma surpreza pro meu amor,será que e´possivel/ um abraço.
elenice.
egoncalves03@gmail.com
sou paraibana apaixonada pelos versos de jose laurentino,estou bem distante daí,e gostaria muito de receber o poema:esmola pra são josé,pra fazer uma surpreza pro meu amor,será que e´possivel/ um abraço.
elenice.
egoncalves03@gmail.com
caros amigos,
estou a procura da poesia "EXISTE FELICIDADE" de jose laurentino. Quem souber onde encontro favor enviar pra meu email: jeancbarreto@hotmail.com.
grato,
jean
Caros amigos,
sou fã deste tipo de literatura, procuro a muito tempo a poesia Eu, a cama e Nobelina, quem possuí-la por gentileza envie para adair.rezende@yahoo.com.br
Grato.
sou Marilza e tenho apenas 13 anos, não conhecia essas outras obras, somente o mal se paga com o bem que através dela ganhei um troféu em meu colégio em primeiro lugar em qual o seu talento, conheci atraves de meu pai que desde pequeno conhecia e foi me dizendo e decorei.. Estou fazendo meu segundo livro, o primeiro foi em literatura de cordel,foi um prazer conhecer essas maravilhosas obras.
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