Palavras e imagens. Impressões e olhares sobre o mundo e as relações. Um pouco de cada coisa: educação, universidade, cultura, arte, política, gente...até poesia e outras formas de escrita.
2 de dezembro de 2006
QUANDO TUDO ESTÁ DENTRO
Abraço mais intenso
Somente o do ar ou água.
A geografia invisível
Do teu corpo me delimitam os braços
E posso tatear no escuro
Ou na rua em pleno ar te abraçando.
E eu ainda abraço-te na rua.
Invisível. Como abraço meu pai
Pois não é saudade que sinto
Quando tudo está dentro.
Se há melancolia
É de não ser pleno, mas tudo está aqui.
Tudo que me presenteaste
E carrego comigo agora e adiante.
Tudo que fui ainda sou… maturado.
Doravante posso desenhar-te
À minha maneira tosca e inábil de criança
Como garatuja apenas
E ninguém te verá nestes traços
Mas sei que és tu sem medidas.
Do livro "Os Sapatos Apaixonados"
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4 comentários:
Ontem a noite eu assitia o Psicanalista Dupret discorrer com muita propriedade sobre a obra de Viktor Frankl e o sentido da vida, no Programa Tribuna da Rede Vida. Foi uma verdadeira aula(ou poderia dizer viagem).
Ao ler "Quando Tudo Está Dentro" resgatei algo do que ontem escutei: Dupret falava sobre a essência da Dor e do Prazer. Dizia da importância de sentir 'Dor e Sofrimento', enquanto sentimentos 'progressivos', e trazia o 'Prazer' como algo 'regressivo' e até 'infantil'.
Não sei exatamente o que ao ler o que vc. escreveu remeteu ao discurso do psicanalista. Belo texto. De certo só posso afirmar que plantou mais perguntas na minha cabeça, afinal, não é esse o desejo de quem escreve? Não é 'causar'?
Viver sob o 'principio do prazer', ou sob o 'principio da realidade?
Buscar o sentido da vida lá fora...buscar o sentido da vida cá dentro?
E Dupret concluiu: :"É na exata medida que o homem se perde... que ele se encontra..." foi mais ou menos isso.
Parece que só assim encontraremos o sentido da vida...assim, como abraçar o pai, mesmo invisivel!
"Pois não é saudade que sinto
Quando tudo está dentro.(...)"
Feliz por ter interlocução no blog.
O que disse é a tentativa metaforizada de compreender o mecanismo que os seres humanos utilizamos pra 'guardar' aquilo de que gostamos (ou que nos dá prazer) e 'isolar' aquilo que nos incomoda (ou que nos causa dor).
O texto é fresco como o peixe que vem no primeiro arrastão da manhã, beira-mar.
Sinto saudades de coisas que não vivi. As que vivi estão dentro. Não sei se explico ou confundo.
Prazer grande poder dialogar sobre meus 'escritos'.
Grato!
Voltou em grande estilo. Bjo pra tu.
E apôis?
Um dia eu publico o tal livro.
Se criar coragem sai em 2007.
Tá valendo!
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