13 de junho de 2017

Glosas sobre o tempo

Eu sou traça que come seus papéis 
Apagando seus traços de memória 
Sou alzheimer que apaga sua história 
Sua perda dos dedos e anéis 
Seus poetas, cantores, menestréis 
Ou mentira que fez virar verdade 
Eu resisto ao vigor da tempestade
Ou ao teste da força do dinheiro 
Sou o tempo feroz e traiçoeiro 
Dizimando o vigor da mocidade 

Sou a vista, que cansada pede lente
Sou as juntas doloridas, reumatismo 
Horizonte desenhado como abismo 
Os teus dias a menos pela frente 
Sou a corda do sino renitente
Que te põe cara a cara com a verdade 
A calvície que indica a tua idade 
A coluna que dói o tempo inteiro 
Sou o tempo feroz e traiçoeiro 
Dizimando o vigor da mocidade 

Rangel Junior 
Mote: Zé Bezerra

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