25 de junho de 2017

O maior São João do Mundo - Tradição e transformações

Quem estiver interessado em realizar uma reflexão séria (não estou dizendo que quem não o faça nao é sério/a) acerca do São João de Campina tem duas boas oportunidades. Claro que é um trabalho científico, portanto, longe de pretender estabelecer "verdades". Porém, uma reflexão para além do achismo que norteia o debate.

Vejam um trecho do trabalho, que já tem mais de meia década.
(...)
"A proposta comercial da festa, no âmbito do turismo, corresponde ao ideário de produção da economia mundializada, em que o lucro resultante das prestações de serviços de viagens para lazer e entretenimento ocorre numa expressiva concentração de capital e renda nas mãos de corporações transnacionais, com poucas empresas de grupos empresariais de pequeno porte. Para os governos federais, estaduais e municipais o desenvolvimento turístico como gerador de empregos também é uma meta comum em todos os projetos de crescimento. O turismo, portanto, em inúmeros municípios brasileiros é reconhecido como uma “tábua de salvação”. Num estágio em que as comunidades receptoras, mediante sua carência de melhor qualidade de vida e necessidade de colocação no mercado de trabalho, reféns das ações empresariais e estatais, acabam cooptadas para depositar sua fé no crescimento do setor, como panaceia para seus males e melhores dias.

Ao investir no seu megaevento junino Campina Grande segue a mesma cartilha. Na crença de que o desenvolvimento turístico privilegia os lugares e seus habitantes, sobretudo com a finalidade de valorizar as pessoas, as microeconomias, na função de estratégia de combate à pobreza. Uma forma de inclusão, com implantação de empresas locais com uma visão própria de exploração consciente e sustentável voltada aos interesses da escala humana e do local, pensando em indicadores de avanço coletivo.

Entretanto, ao não perceber na realidade tal paraíso terreno, o olhar crítico pensa justamente no fato de o turismo ser excludente, por provocar a degradação ambiental e cultural, um modelo perverso de crescimento econômico de poucos, mas não de desenvolvimento da coletividade. A plataforma crítica do turismo, derivada de intervenções acadêmicas, contrária ao entusiasmo geral, aponta para o lado contraproducente da atividade e seus impactos na cultura, meio ambiente, sociedade e economia.

À margem das observações críticas sobre os diferentes segmentos do turismo, inclusive no modelo em que se efetiva no Maior São João do Mundo, há muitos destinos receptores que alcançam alta lucratividade, mesmo que numa posição de indiferença às questões sociais, ambientais e culturais."
(...)

A Professora, pesquisadora Zulmira Silva Nóbrega é Doutora em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia, Brasil. 
É Professora da Universidade Federal da Paraíba, Brasil

A FESTA DO MAIOR SÃO JOÃO DO MUNDO: ANIMAÇÃO PARA TURISTAS E RESIDENTES
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http://www.seer.ufal.br/index.php/ritur/article/viewFile/576/327

A FESTA DO MAIOR SÃO JOÃO DO MUNDO 
DIMENSÕES CULTURAIS DA FESTA JUNINA NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE 

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https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/8976/1/Zulmira%20N%C3%B3brega.pdf

Estudar é trabalhoso, mas sempre vale a pena.

13 de junho de 2017

Glosas sobre o tempo

Eu sou traça que come seus papéis 
Apagando seus traços de memória 
Sou alzheimer que apaga sua história 
Sua perda dos dedos e anéis 
Seus poetas, cantores, menestréis 
Ou mentira que fez virar verdade 
Eu resisto ao vigor da tempestade
Ou ao teste da força do dinheiro 
Sou o tempo feroz e traiçoeiro 
Dizimando o vigor da mocidade 

Sou a vista, que cansada pede lente
Sou as juntas doloridas, reumatismo 
Horizonte desenhado como abismo 
Os teus dias a menos pela frente 
Sou a corda do sino renitente
Que te põe cara a cara com a verdade 
A calvície que indica a tua idade 
A coluna que dói o tempo inteiro 
Sou o tempo feroz e traiçoeiro 
Dizimando o vigor da mocidade 

Rangel Junior 
Mote: Zé Bezerra