1 de abril de 2011

PRIMEIRO DE ABRIL

Fossem 364 dias "da verdade" e 1, umzinho, apenas um, "da mentira", eu acharia mais bacana.

Problema grande tem quem quiser se aventurar a refletir sobre verdades e mentiras em nosso meio social. Estará fadado ao fracasso quem tentar definir critérios para validação de verdades.

Na verdade (ôps!), como dizem, cada um tem sua verdade! Ah, é? Mentira! Pura mentira!

Se a verdade está na vida real, nos fatos, nos fenômenos per si, como poderia estar nos indivíduos? Ou seja, a verdade é o que é ou o que eu quero que ela seja? O que eu quero que ela pareça ser? O que eu acredito que ela seja?

Imagine o que se passa na cabeça do sujeito que afirma: "a verdade é que..." Ora, qual verdade, cara pálida? A sua verdade, claro.

Creio que a questão essencial é não confundir verdade com certeza. Minhas verdades são tal conjunto de coisas, ideias, conceitos... que "valorizo", ou aquilo em que acredito. Minhas certezas são aquilo que me dão a ilusão de que essas certezas são verdades universais. Complicado? Bem, penso que é o que eu acredito ser verdade que se torna verdade.

Discutir verdade e mentira no campo moral é um problema. Problemão. Afinal, quem nunca mentiu que atire a primeira pedra... ou quem nunca acreditou numa mentira, idem! A coisa não é tão simples assim. Fico matutando sobre a forma com que algumas pessoas mentem e acreditam de tal modo em suas mentiras, criam tal imagem mentirosa das coisas, dos fatos e de si que fica difícil (o outro, eu) acreditar que aquela mentira que o indivíduo diz de si, e que tanto acredita ser verdade, não seja de fato uma verdade. Ou seja, corresponde ao que de fato aconteceu, existe, é.

Há uma linha tênue e difícil de ser identificada entre a verdade e a mentira. Vivemos na sociedade da mentira e não da verdade. Uma mercadoria não basta ser boa, mas precisa parecer ser boa para que convença o consumidor potencial de que merece ser adquirida. A uma pessoa, da mesma forma, não basta ser virtuosa, precisa parecer virtuosa, ou, podemos dizer, verdadeira. Lembra da história da mulher de César? Pois bem! Na nossa sociedade não basta que algo seja verdadeiro, mas tem que parecer verdadeiro. Aliás, tem se transformado em regra que mais importante que ser é parecer ser. Desculpe os trocadilhos e cacofonias. Ou seriam "cacofo-nóias"?

Agora estamos diante de um novo problema. Lembro de uma anedota (que palavra mais antiquada!) preconceituosa, como sempre, que falava que ainda no medievo os ingleses criaram um 11º mandamento. "Não sê descoberto!". Dito de outro modo: "deves tu cumprir os 10 mandamentos, porém, caso isto não ocorra há um 11º pra te salvar". O pior de tudo vem agora. Conheço gente que só se preocupa com este suposto 11º mandamento.

Entre tantos conflitos, continuo acreditando que minhas verdades estão postas à prova sempre e a todo momento. Minha certezas? Ah, estas não resistem ao minuto seguinte, pois desenvolvi uma capacidade enorme de mudar de opinião, desde que alguém (ou a vida) me convença disto. Aprendi que quem tem ideia fixa, gostando ou não, termina muito bem enquadrado/a no CID-10.

Olhos abertos, portanto, e ouvidos atentos ao que acontece à sua volta. Nem tudo que você vê é o que é. Acredite mais no que você sente. Aí, de fato, residem muitas verdades.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá espectacular assunto , apreciei mesmo muito, penso que poderiamos tornar-nos amigos de blog :) lol!
Tirando as piadas chamo-me André, e assim como tu escrevo blogs embora o fofo domeu blogue é muito diferente deste....
Eu desenvolvo blogs de poker que falam de bónus sem depósito sem arriscares o teu dinheiro......
Adorei bastante o que vi escrito!

Fabiana disse...

Oi Rangel! Muito interessante seu texto sobre verdades e mentiras...de fato, devemos acreditar naquilo que sentimos, pois nosso coração é como diz a velha frase: "O coração tem razões que a própria razão desconhece". A verdade verdadeira é aquela que encontra-se nas profundezas dos nossos ventrículos (direito e esquerdo) e que muitas vezes nos assustam e não queremos aceitar, porque tem certas verdades que envolvem riscos e perda do controle emocional...só os corajosos enfrentam a verdade!!