Palavras e imagens. Impressões e olhares sobre o mundo e as relações. Um pouco de cada coisa: educação, universidade, cultura, arte, política, gente...até poesia e outras formas de escrita.
2 de maio de 2007
DAS ANTIGAS II
Noutro dia comentei que deveria ter nascido com atraso de uns 20 anos. Em 2007 fecharei os '45' e me pego, vez por outra, recordando coisas que, parece, ainda são usadas no universo da matutice caririzeira.
Sou de um tempo em que os dois ossos largos que ficam nas costas se chamavam de pá, ou pás. O sujeito ainda dizia assim: "tou com uma dor nas apá".
Nesse mesmo tempo, ouvi o velho Ramirão - goleiro tão maravilhoso e famoso em Juazeirinho quanto Tafarel foi no Brasil - dizer que ainda segurava umas bolas jogando de "quipa", mesmo tendo quebrado o osso mucumbu.
Vez por outra, quando sofríamos alguma queda frontal, saíamos com a bolacha do joelho arranhada, quando não avariada mesmo. Nesse mesmo tempo eu ouvia dizer que uma mulher não deveria pegar outro bucho antes de enxugar a mãe-do-corpo.
Muitas vezes fui chamado pra cear ainda na boquinha da noite, muitas vezes coincidindo com a hora da ave-maria.
Ainda ouvi muita beata gasguita tirar bendito em novenas de maio. Falar nisso, sou do tempo em que um defunto católico não seria enterrado sem passar diante da igreja, sem o padre encomendar sua alma, nem sem tirar um belo retrato exposto nalgum lugar com a família rodeando o caixão.
Lembro como se fosse agora de quantas vezes senti dor na espinha, talvez até por conta de exercícios mal feitos que me renderam uma hérnia de disco bem depois.
Nunca esqueci de quantas vezes levei croque de irmãos e amigos logo depois de raspar o cabelo ao estilo militar.
Quantas e quantas vezes joguei gamão com parceiros que tinham cinco vezes a minha idade ou mesmo colegas do mesmo top que eu.
Não poderia deixar de lembrar das vezes em que fiquei com a cabeça do dedão inchada ou a unha levantada por conta de um tropicão numa pedra ou beira de calçada.
Realmente, quando em vez me pego puxando pela memória e vêm coisas até engraçadas e, por que não dizer, saudosas? Por exemplo, continuo achando que tem bem mais poesia em fazer enxerimento que em transar. Afinal, transa também pode ser negócio, enquanto que a outra expressão, ah, essa não deixa dúvidas, só cabe ali.
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2 comentários:
Pois é Junior, você se reportou a muita coisa do interior que lembra sua infância, mas, ainda, esqueceu das "peiticas", quando as pessoas insistem em confrontar sem argumentos sólidos, só por implicância!!!!!!!!!
Adorei e dei boas risadas
Abração
Angela
E apôis?
Já ouviu essa expressão? Da próxima vez faço uma coleção de ditos, bem ditos e outros mais ou menos mal ditos.
Valeu pela visita!
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