Os dois times disputando palmo a palmo. Muitos lances de bela plasticidade, muitas jogadas desleais, aqui e acolá uma lambança, uma trombada ou furada de bola... Ôps! Carrinho por trás não vale... Árbitros atentos (são vários e as câmeras registram tudo para posterior julgamento, se necessário for) e o "juiz" marcando o jogo com muita rigidez, apesar de mandar seguir alguns lances duvidosos, de ambos os lados, por entenderem que fazem parte do jogo.
Assim diz a regra! Está tudo lá, estabelecido desde tempos imemoriais. O "juiz" toma decisões e ele é soberano ali. Mesmo sabendo que pode voltar atrás em uma ou outra decisão, isso é coisa muito rara.
Num determinado momento do jogo a supremacia de um dos times é visível e tudo indica que pode vencer de goleada. Domina, mas não faz os gols necessários. Como repete o bordão, "no futebol é assim, quem não faz leva".
O outro time começa a crescer, vai crescendo e ameaça vencer o jogo com muitas jogadas de efeito, uma torcida apaixonada, inflamada, sem uma vitória há tento tempo, aquela se mostra como a grande oportunidade.
Já se aproximando o final do jogo e o empate se desenha como o resultado mais provável. Como é final e o empate não será possível, nem havia decisões por pênaltis neste certame, alguém teria que fazer gol para que o jogo terminasse é um dos contendores se sagrasse campeão.
As torcidas dão um show à parte e até as diretorias ameaçam entrar em campo num determinado momento. Realmente, a sede de vitória do time azul-amarelo era quase sede de vingança. Mas os colorados não estavam pra brincadeira e queriam manter a taça sob seus domínios.
O time vermelho finalmente, após alguns ajustes táticos, mostra sua supremacia e nos minutos finais se afirma e faz belo gol, empurrado pela sua vibrante e ruidosa torcida. Um gol daqueles coletivos, em que quase todo o time participou da jogada, construída desde a sua pequena área ao sair jogando investindo no toque de bola.
Grande festa nas arquibancadas e dentro de campo. Alegria e vibração de um lado. Tristeza e frustração do outro. Pensavam os derrotados: "quase chegamos lá! A vitória esteve quase em nossas mãos!"
Fim de jogo! Adversários se cumprimentam e vão curtir uma a sua conquista e outros a fossa e roedeira. Tivesse sido goleada, ninguém diria nada no dia seguinte. Entretanto, com esse placar de 1 X 0 os derrotados não se conformam e já no dia seguinte mobilizam diretoria, jogadores, torcida, jornais e comentaristas simpáticos às suas cores e fazem um escarcéu.
A culpa foi do juiz que não apitou aquele lance. Tinha sido falta! E aquele outro em que ele deu bola na mão e havia sido mão na bola? E o cartão amarelo que ele não mostrou para o zagueiro naquele lance? E aquela falta que ele inverteu? E o tempo suplementar que ele deu? Com tanta bola parada ele deveria ter dado uns 45 minutos de prorrogação... Ah, não! Sem contar que aquela bola também estava meio murcha. Aliás, o gramado estava mal cuidado e aqueles refletores também desregulados estavam atrapalhando e aquele barulho ensurdecedor da torcida deles tirou nossa concentração e aquele repórter no intervalo que veio fazer aquele tipo de pergunta?
Vamos pedir pra anular o jogo e nada de uma nova partida. A taça é nossa! As regras deveriam ter sido outras. Aquele apito que o juiz usou não tinha um som muito audível. Vamos aos tribunais. Põe nossa torcida organizada nas ruas. Vamos pedir para banir esse vermelhos da face da terra. Muitos comentaristas, a maioria das mais importantes emissoras está conosco, vamos pra cima. A taça é nossa! Nós perdemos, mas fomos nós que vencemos. Eles ganharam, mas não mereceram. Vamos derrubá-los. Nada de esperar novo campeonato. Queremos esse. Aliás, um campeonato desses de quatro em quatro anos demora muito. Vamos ver...vamos ver...