Este blogueiro desleixado e inconsequente anda sem inspiração e há 20 dias não publica nada, não comenta, não escreve, não isso, não aquilo. Escolhi não dizer nada quando sentir que não tenho nada que valha a pena ser dito.
Devo satisfação porque tenho certeza que algumas pessoas me visitaram e, ao perceberem a repetição insossa da mesma postagem, certamente pararam de visitar esta página. É assim que ocorre no universo da internet. Vivemos da novidade! Num blog mais ainda.
Falei do 21 de abril em meu último escrito e agora resolvo falar do 9 de maio. Ontem, isso mesmo, foi o Dia das Mães. Coincidentemente, o dia do aniversário de 72 anos da minha mãe. Vez por outra as comemorações se bifurcavam. Infelizmente, o primeiro ano em que, pra mim, a data foi mais vazia de sentido.
Festas e mais festas, almoços de confraternização, brindes e eu com minha melancólica lembrança e meu jeito próprio de me agarrar às minhas lembranças como forma de aprisionar o tempo, de trazer pra perto de mim certas imagens que, carregadas de saudades, terminam por me remeter também a um tempo em que as coisas eram bem menos complicadas.
Não tem como explicar nem quero transformar este blog em público diário íntimo. De qualquer modo, sempre que tenho um mínimo de clareza do que estou a dizer, registro impressões sobre a vida, as pessoas, o mundo.
Desta feita é sobre a noção de família e como uma mãe consegue traduzir isso melhor que ninguém. A imagem da galinha de asas arqueadas a proteger seus pintinhos é recorrente, pois foi esta visão que sempre tive de Dona Neide. Como acontece com os pintos, vão crescendo e depois que viram galos (não tem jeito. Pulei a etapa do 'frango', pelas conotações preconceituosas que recebe por aqui), até parece que o instinto fala mais alto e já que não há mais asas onde se abrigar o melhor é ir por aí trocando bicadas.
Como dizia Paulo Diniz em uma de suas canções, "é cada um por si e deus por todos nós..." Confesso um relativo tédio para certas convenções familiares. Desenvolvi tais sentimentos depois de experiências não muito agradáveis neste âmbito. Essa coisa de experiência vale por quinhentos milhões de tratados. Nos olhos dos outros é refresco... Nada será como antes! É a lei da vida, regida pelo deus mudança.
O mais importante nisso tudo é que ainda dorme aqui dentro um coração de criança, o mesmo daquele menino de Juazeirinho que continua conjugando o verbo amar preferencialmente no presente. Agora o outro lado: nem sempre ele (o coração de menino) pode guiar as ações do adulto, invólucro que o protege.
É isso!
P.S. O título da postagem, sem conexão com o conteúdo, é proposital. Trata-se de uma canção antiga de Felisberto Martins e Lupicínio Rodrigues, uma das preferidas de minha mãe e que eu tive a alegria de acompanhar muitas dezenas de vezes ao violão.