5 de março de 2020

MEUS EUS - SONETO INCOMPLETO

Quisera essa luz que têm os vates
Lumiasse uma triste noite escura
E fizesse brotar da mente impura
Dois quartetos, quiçá, mesmo escarlates.

Coração que se preza não conjura
Se a paixão é loucura? Não empates!
Deixa ao cérebro a química dos debates
E os vieses sutis da conjuntura.

E então, o do contra vem contente:
– Faltará além deste outro terceto?
“Se faltar eu arrisco novamente!

Em fincar no juízo um grande espeto
E depois nunca mais, nem morto eu tente
Inventar de compor mais um soneto.”

Campina Grande, Agosto de 2012.

3 de março de 2020

A CAIXA PRETA DA VIDA (Mote e glosas)

Brincando com palavras, métricas e rimas no Clube do Repente. 

Há um mistério que ronda
Tudo entre terra e céu
Ninguém desvela esse véu
Qual riso da Gioconda
O vai-e-vem duma onda
A loucura abstraída 
Ou a verve enlouquecida 
Do menestrel ou aedo
Ninguém descobre o segredo 
Da caixa preta da vida.

Existe o quente e o frio
O sabido, o abestado
Existe cabra safado
E homem feito de brio
Não foge de desafio
Quem morde cobra parida
Há quem ri na despedida
O taciturno e o ledo
Ninguém descobre o segredo 
Da caixa preta da vida.

Já vi mais de uma vez
Lacaio passar por lorde
Quem assopra e depois morde
Gente de todo jaez
Quem desfaz o que já fez
Gente unida e desunida
Vi muita coisa escondida
Por detrás do arvoredo
Ninguém descobre o segredo 
Da caixa preta da vida.

Rangel Jr.
Mote de Normando Cordeiro