27 de maio de 2010

O BRILHO DO SOL COMO UM PRESENTE


Uma canção que marcou o final de minha adolescência, lá pelos idos de 81, me veio à memória hoje, por ser uma data especial.
Segue em minha tradução tosca, com o auxílio luxuoso do google, Sunshine on my shoulders, do John Denver.

"O brilho do sol sobre meus ombros me faz feliz
O brilho do sol nos meus olhos pode me fazer chorar
O brilho do sol na água parece tão adorável
O brilho do sol quase sempre me deixa melhor.

Se eu tivesse um dia que eu pudesse lhe dar
Eu lhe daria um dia exatamente como hoje
Se tivesse uma canção que eu pudesse cantar para você
Eu cantaria uma canção para fazer você se sentir melhor.

Se eu tivesse um conto que eu poderia dizer-lhe
Eu diria um conto com a certeza de fazer você sorrir
Se eu tivesse um desejo que eu pudesse pedir para você
Eu desejaria a luz do sol durante todo o tempo
."

24 de maio de 2010

AMOR, PRUDÊNCIA E FORTALEZA

"Há quem busque o saber para edificar, e isto é amor.
E há quem busque o saber para se edificar, e isto é prudência".
Bernardo de Claraval


Quem dera juntar os dois...
Quem dera encontrar sempre a mansidão,
Quem dera a paciência imensa,
Quem dera a humildade necessária,
Quem dera a sabedoria mínima,
Quem dera a fortaleza que a vida exige,
Quem dera a fragilidade dos mais singelos,
Quem dera a balança ao meio,
Entre a temeridade e a temperança,
Mesmo que em certos dias seja um só lado.


Pra continuar chorando vez em quando,
Ante a desgraceira do mundo e, por que não (?)
Perante minhas belas flores de Mandacaru.


Quem dera a sensibilidade e o riso frouxo,
Ante a vida pulsante e voraz,
Que pede pra ser vivida em plenitude,
Sorvida, minuto a minuto, segundo a segundo...
Como suaves e pequenos goles de uma boa cachaça.

23 de maio de 2010

CECÍLIA MEIRELES

De que são feitos os dias?
- De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.

Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inatuais esperanças.

De loucuras, de crimes,
de pecados, de glórias
- do medo que encadeia
todas essas mudanças.

Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlaces
e em sinistras alianças...

14 de maio de 2010

NÃO SOU EU, MAS ESTOU LÁ

Por estes dias que se aproximam do São João as emissoras de rádio resolvem tocar mais o forró que não precisa de adjetivo, de complemento. Apenas isso: forró!

Quando vocês ouvirem pelas ondas do rádio (é o novo!) uma canção nova do Capilé, um xote falando de amor, de separação e de amor novo, mesmo eu não cantando, serei eu que estarei por lá também de alguma forma, pois a canção é de minha autoria.



SE VOCÊ PENSA QUE EU VOU FICAR
MARCANDO PASSO PELA VIDA, AMOR,
TÁ ENGANADA, A VIDA
AGORA É COMO EU SEMPRE QUIS.

SE VOCÊ PENSA QUE EU VOU FICAR
CHORANDO O LEITE DERRAMADO, AMOR
ERROU DE NOVO, AMOR,
AGORA EU CANTO E SOU FELIZ

QUEM VACILOU FUI EU
QUE ACREDITEI EM SEU CARINHO
FUI ENGANADO, SEI,
MAS RESOLVI FICAR SOZINHO.

O MUNDO É GRANDE E DEUS
ESCREVE CERTO EM LINHA TORTA
QUEM SABE ANDANDO POR AÍ
A QUALQUER HORA VEM BATER
UM AMOR NOVO EM MINHA PORTA.

Por falar em forró, no dia 03 de junho estaremos um grupo de 11 artistas campinenses realizando um show de lançamento do Projeto Autoral, mas de forró apenas Capilé e eu. A produção é de Abdon Napy e Alquimides Daera. O evento acontecerá à noite, na praça sob o viaduto Elpídio de Almeida.

Capilé, Fidélia Cassandra, Pepysho Neto, Mano Marquez, Júnior Meneses, Gabriel Caminha, Tina Dias, Júnior Cordeiro, Roberto Araújo, Alquimides Daera e eu. O projeto gráfico é de Shaolin. Vai ser muito legal, pois é a primeira vez que se junta tanta gente em Campina pra gravar um trabalho valorizando os compositores. Todas as canções são de autoria dos intérpretes.

O convite está feito.

11 de maio de 2010

COMPONDO PRA NÃO DECOMPOR

Certa feita, uma jovem jornalista chegou pr'uma entrevista com Dorival Caymmi, já passado  dos 80, e entre tantas perguntas soltou esta:

- Seu Dorival, o que o senhor está compondo agora?
Ele respondeu, na bucha:
- Minha filha! A esta altura da vida eu estou mesmo é decompondo!

É meio trágico, mas é poético! Por que não?

Lembrei desta passagem por conta de uma anotação que fiz noutro dia numa das páginas finais de minha agenda, mania antiga. Não sei se por acaso...

"Um dia desses desaparecerei. E essa é uma das razões por que vivo aparecendo por aí, aqui e alhures.

Às vezes desafio a física e, dentro de mim, quase sempre, estou pelo menos em dois lugares ao mesmo tempo. Ao menos quero.

Sou uma espécie de malassombro de mim."

10 de maio de 2010

SE ACASO VOCÊ CHEGASSE

Este blogueiro desleixado e inconsequente anda sem inspiração e há 20 dias não publica nada, não comenta, não escreve, não isso, não aquilo. Escolhi não dizer nada quando sentir que não tenho nada que valha a pena ser dito.

Devo satisfação porque tenho certeza que algumas pessoas me visitaram e, ao perceberem a repetição insossa da mesma postagem, certamente pararam de visitar esta página. É assim que ocorre no universo da internet. Vivemos da novidade! Num blog mais ainda.

Falei do 21 de abril em meu último escrito e agora resolvo falar do 9 de maio. Ontem, isso mesmo, foi o Dia das Mães. Coincidentemente, o dia do aniversário de 72 anos da minha mãe. Vez por outra as comemorações se bifurcavam. Infelizmente, o primeiro ano em que, pra mim, a data foi mais vazia de sentido.

Festas e mais festas, almoços de confraternização, brindes e eu com minha melancólica lembrança e meu jeito próprio de me agarrar às minhas lembranças como forma de aprisionar o tempo, de trazer pra perto de mim certas imagens que, carregadas de saudades, terminam por me remeter também a um tempo em que as coisas eram bem menos complicadas.

Não tem como explicar nem quero transformar este blog em público diário íntimo. De qualquer modo, sempre que tenho um mínimo de clareza do que estou a dizer, registro impressões sobre a vida, as pessoas, o mundo.

Desta feita é sobre a noção de família e como uma mãe consegue traduzir isso melhor que ninguém. A imagem da galinha de asas arqueadas a proteger seus pintinhos é recorrente, pois foi esta visão que sempre tive de Dona Neide. Como acontece com os pintos, vão crescendo e depois que viram galos (não tem jeito. Pulei a etapa do 'frango', pelas conotações preconceituosas que recebe por aqui), até parece que o instinto fala mais alto e já que não há mais asas onde se abrigar o melhor é ir por aí trocando bicadas.

Como dizia Paulo Diniz em uma de suas canções, "é cada um por si e deus por todos nós..." Confesso um relativo tédio para certas convenções familiares. Desenvolvi tais sentimentos depois de experiências não muito agradáveis neste âmbito. Essa coisa de experiência vale por quinhentos milhões de tratados. Nos olhos dos outros é refresco... Nada será como antes! É a lei da vida, regida pelo deus mudança.

O mais importante nisso tudo é que ainda dorme aqui dentro um coração de criança, o mesmo daquele menino de Juazeirinho que continua conjugando o verbo amar preferencialmente no presente. Agora o outro lado: nem sempre ele (o coração de menino) pode guiar as ações do adulto, invólucro que o protege.

É isso!

P.S. O título da postagem, sem conexão com o conteúdo, é proposital. Trata-se de uma canção antiga de Felisberto Martins e Lupicínio Rodrigues, uma das preferidas de minha mãe e que eu tive a alegria de acompanhar muitas dezenas de vezes ao violão.